Finalmente podendo deitar em sua cama, Krahe apenas se jogou sentindo seu corpo dar um leve pulo ao tocar a macies da cama. Tantas coisas haviam acontecido em um único dia e seu corpo estava pedindo por descanso à algum tempo. Mas ela sabia que estava apenas fugindo da conversa com seus pais, e logo os dois viriam até sua porta. Com um longo suspiro ela pode ouvir os passos se aproximando, "Não fique assim querido, tenho certeza que ela entende o quão importante tudo isso é", sua mãe dizia com um tom de preocupação, "Eu não quero saber, precisamos colocar um claro limite, eu não quero que ela se envolva muito com aquela decepção que eles chamam de filho!", respondia seu pai antes de bater na porta.
Se levantando abrindo a porta com seu olhar desviado do de seus pais ela recuou lentamente antes de se sentar na cama. Seu pai abriu as portas de vidro da varanda enquanto sua mãe delicamente se sentou na cadeira da escrivaninha. "Eu já sei o que vocês vieram dizer," a garota começou antes mesmo dos dois "Não se envolva com o filho das corujas, não queremos tal desgraça para nossa família", ela disse num tom zombando as palavras que sabia que sairiam da boca de seu pai. "Não se envolva com o filho das corujas, não queremos...", ele começou antes de parar enquanto a garota e sua mãe começavam a rir da ridícula situação. Com um longo suspiro ele se encostou nas grades de metal da pequena varanda, "Não ouse zombar da minha cara sua pestinha", ele disse com um sorriso mais calmo em seu rosto.
Todos os três eram um tanto quanto próximos, por mais que seus laços de família fossem estranhos todos ali dentro se entendiam como a palma de suas mãos. "Eu disse querido, Krahe não é tão perdida que não saberia como agir numa situação dessas", sua mãe disse com um sorriso que iluminava toda a situação. Mas aquela não era a realidade, desviando o olhar de leve como se estivesse encarando seu pai mas olhando muito além dele para a floresta a garota se perdeu de leve em seus pensamentos. Ela realmente sabia como agir numa situação dessas? A resposta era obviamente não, e suas últimas interações com o garoto haviam deixado este fato um tanto quanto óbvio. Logo após sua menção à dona do café seus pais voltaram da sala com seus rostos erguidos em vitória, anunciando suas partidas. Com um simples "Tchau", Eule já havia saído do seu campo de visão e tudo que se passou na sala de jantar formaram nada além de memórias.
"De qualquer forma, imagino que esteja cansada, tenha uma boa noite, querida", disse seu pai lhe dando um leve beijo em sua testa. Como se a garota tivesse acabado de acordar de um sonho ela acenou com a cabeça ainda um pouco perdida enquanto os dois adultos deixavam o quarto e fechavam a porta à suas costas. Por mais que Natter não estivesse nem um pouco preocupado com a situação após a conversa, Blume podia sentir que algo estava errado. Por mais que a mulher sempre tivesse se escondido às sombras de sua mãe, ela ainda tinham uma grande intuição.
Seu pai era do clã das aranhas, e muitos o culpavam pela garota ser tão fraca e nem um pouco ao nível de Samen. Mas sua clarividência era um tanto quanto intuitiva e clara. Ela odiava ter de usar tal poder para olhar dentro das pessoas, e por isso preferia simplesmente não usá-lo, o que lhe deu o título de "fraca". Quanto à sua filha, ela conseguia ver a estranha aura que lhe cercava, na verdade, aquela mesma aura cercava a casa toda, mas ela não conseguia completamente entender o que era aquilo, ninguém nunca havia lhe ensinado à usar sua divinação a este ponto em parte alguma de sua vida, e a mesma nunca havia sido boa em ser autodidata. O que apenas piorava a preocupação em seu coração.
Ela não achava seu marido uma pessoa gelada e calculista, na verdade, o completo contrário. A mulher compreendia que aquela máscara sempre saia de seu rosto logo que ninguém estivesse por perto. "Você não acha que tem algo de estranho acontecendo?", ela disse numa voz um tanto quanto mansa enquanto os dois andavam pelo longo corredor até seu quarto. Um pouco pego de surpresa pela pergunta, Natter encarou os olhos preocupados de sua esposa e respondeu primeiramente com um suspiro, "Eu não sei. Muitas das coisas que encontrei até agora são confusas, os registros são tão confusos quanto... não consigo dizer o que aconteceu nessa cidade, mas é um tanto óbvio que Krahe muito provavelmente encontrou a mesma parede que eu", ele respondeu enquanto se sentava ao pé da cama. Por mais que não fosse uma pessoa fria, ele sempre havia sido muito lógico, e depois de muitas horas lendo e relendo vários dos registros encontrados dentro da grande mansão várias questões haviam se formado em sua mente.
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Fantasmas do Passado [HIATUS]
ParanormalKrahe, uma jovem bruxa, se muda para uma cidade infestada de lobisomens e apenas algumas poucas família de bruxas. Mas entre os estranhos acontecimentos em sua nova casa e os dois estranhos garotos que começam a fazer parte de sua vida ela se vê div...