Fantasmas do Passado [HIATUS]

Capítulo 5

Finalmente abrindo seus olhos novamente apenas para notar a fria luz da lua iluminando todo o seu quarto, Krahe colocou as mãos em sua cabeça, a dor parecia irradiar para todos os seus membros, como se ela tivesse caído de um lugar alto. Se levantando aos poucos ela finalmente teve a sabedoria de olhar à sua volta. Era óbvio que ela estava em seu quarto, e nada havia mudado ali dentro, as luzes estavam apagadas e apenas a luz do luar que invadia o quarto todo o iluminava. Ela ainda estava usando seu uniforme escolar, o que queria dizer que após o incidente ela havia sido colocada em seu quarto. Sua cabeça estava mais leve, e ela não conseguia sentir a estranha presença que antes lhe assombrava, mas seu corpo ainda parecia pesado, cansado, como se ela não dormisse à muito tempo.

Se levantando aos poucos ela se dirigiu até a porta de seu quarto, mas parou na metade do caminho ao ouvir a voz de seus pais. Blume ainda estava preocupada com a garota, e o que quer que estivesse escrito nos manuscritos encontrados no porão. Krahe ainda não estava entendendo muito bem o que havia se passado dentro daquela casa enquanto ela estava fora, mas era um tanto quanto claro que algo muito importante havia acontecido. A porta que antes estava trancada e completamente fora do seu alcance agora estava aberta, e aquela parecia ter sido uma péssima ideia. Ela adoraria perguntar para seus pais o que havia acontecido, seu pai parecia saber dos detalhes, enquanto sua mãe só parecia perdida em meio o caos que se instalará na mansão. Mas tanto o corpo quanto o cérebro da garota pareciam mais cansados do que o seu habitual, e todas as suas forças foram utilizadas para sair de seu uniforme e finalmente adornar roupas mais confortáveis. Ela não sabia que horas eram, mas ainda assim ela tentou se deitar novamente para dormir.

Seus sonhos desta vez foram piores do que no início. Ela podia claramente ver uma figura semi-humana desta vez. Seus detalhes ainda estavam embaçados, mas ela podia ver algo que lhe lembrava uma senhora um tanto quanto velha. Suas unhas já haviam se tornado garras com o tempo, e suas costas já haviam se tornado uma corcunda. Ela se aproximava da garota com um estranho sorriso em seu rosto, "Finalmente você chegou a nós, pequeno corvo", por mais que seu corpo fosse apenas um, sua voz ressoava como se houvessem três pessoas ali, "Você foi a escolhida para terminar nosso eterno sofrimento", ela dizia como se uma profecia perdida tivesse finalmente sido concluída. Mas a garota não lhe respondia. Continuava da mesma forma estoica de antes. "A mais poderosa das bruxas poderá entender nosso sacrifício em busca da verdade, em busca do poder infinito", ela continuava, "Nós buscamos o poder que nos foi prometido durante a criação do círculo, poder que as bruxas do melhor dos clãs deveriam possuir, o poder da imortalidade. E acima de todo, o poder de controlar as criaturas inferiores", finalmente arregalando seus olhos, Krahe finalmente compreendeu o que elas queriam, o que haviam feito.

O arcano não era algo a ser explorado por nenhuma bruxa, nunca. Mas não importava o poder que elas tivessem, elas ainda queriam mais. E não importava quantos serviçais elas tivessem, elas queriam controlar os lobisomens. Elas queriam que os puro-sangues lhe servissem, que fossem nada mais do que animais de estimação, cães de guarda. Krahe podia sentir o ódio em suas palavras, e ela podia entender seu ódio mas ao mesmo tempo, após ter conhecido o meio sangue, visto a forma com que ele vivia sua vida, ela não conseguia mais concordar com a visão de que eles eram apenas animais. Talvez não por completo. Poder nunca havia sido um problema para ela, ter mais do que já possuía nunca havia sido um pensamento em sua mente. Controlar outras criaturas parecia algo ridículo, algo que nunca deveria ter sido explorado, e menos ainda tocado. "Você criança, deveria mais do que ninguém compreender nosso ódio pelas criaturas", elas continuaram, colocando suas mãos decrépitas no rosto da garota. "Você, mais do que ninguém, deveria compreender o peso da expectativa do poder. Você deve saber como nos sentimos quando o conselho nos abandonou. Eles não te veem como nada além de uma comodidade, a preciosa criança dos corvos, aquela que carrega o poder de Samen. Eles nunca iram te ver por nada mais além disso".