III - O vilarejo

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Era a primeira vez que fazia uma missão junto a Obito. Ele percebeu, de imediato, que havia certa semelhança entre ele e Shisui. Ambos tinham o mesmo senso de humor, ainda que o mais velho não demonstrasse toda aquela leveza que pairava ao redor do outro.

Itachi ainda não havia decidido se isso era bom ou ruim.

— Você acha que é uma boa estratégia? — Obito perguntou enquanto se dirigiam ao local onde a missão seria realizada. Caminhavam tranquilamente, faltava pouco para chegar.

Itachi refletiu por alguns instantes, sabendo que o outro falava sobre a forma que os espiões agiam.

— Tentar destruir Konoha de dentro para fora — Falou — Me parece uma maneira razoável de se atingir o objetivo, visto que a vila é grande demais para que tentem de outra forma.

Obito sorriu, um riso lhe escapando os lábios.

— O mais surpreendente foi terem nos colocado como alvos — O mais velho disse — Imagino se a ameaça de golpe tenha chegado a outras vilas.

Itachi sentiu um arrepio percorrer a espinha com a menção.

Obito estava desaparecido na época, sem memória após ter parte do corpo esmagado por uma pedra. Ele foi resgatado algum tempo depois e soube da tentativa de golpe através de outros membros do clã.

— Acredito que não — Itachi disse — Se soubessem, teriam feito algo a respeito na época. Os elos estavam frágeis, era uma boa oportunidade de atacar a vila.

O outro assentiu.

— É — Obito disse — A única razão seria, então, a fama que os Uchiha carregam de serem passionais — Ele mencionou como se fosse uma piada, como se não acreditasse nesse fato.

— Há motivos para que acreditem nisso — O mais novo falou.

— Você acha? — Obito perguntou de forma retórica — Acredita, então, que ninguém ama mais do que nós?

Itachi refletiu por alguns instantes.

— Você assumiu um relacionamento com outro homem, mesmo com o risco de ser deserdado e menosprezado pelo clã e pela vila — Ele disse, pensando que a fala fosse suficiente para provar um ponto.

Obito o encarou.

— Eu sequer cogitei essa possibilidade.

A fala surpreendeu Itachi.

— Você acha que isso é um impedimento? — O mais velho perguntou após algum tempo.

O primogênito de Fugaku o encarou, então, a expressão estóica ainda que o coração batesse forte. Esperava que sua palidez não fosse evidente, visto que tinha certeza que sua pressão havia caído.

— O que quer dizer? — A fala soou baixa, trêmula.

Obito sorriu de forma maliciosa.

— Chegamos.

Itachi desviou o olhar do outro e avistou a entrada do pequeno vilarejo a alguns metros de onde estavam. As casas eram bastante simples, construídas com materiais precários, o que era suspeito considerando a quantidade de madeira disponível na região.

Os dois Uchiha se encararam antes de fazerem uso do henge no jutsu e se transformarem em pessoas completamente diferentes.

Segundo as orientações da Hokage, os pergaminhos eram escondidos em um templo religioso. A tradição do local não era muito diferente de outras vilas e, por isso, esperavam que uma cerimônia se iniciasse ao meio-dia.

O primeiro sinal de que algo estava errado: o relógio marcou o horário indicado e ninguém se dirigiu ao templo.

Caminhando lado a lado, os dois, cujas aparências os faziam se passar por irmãos, ambos jovens, cabelos castanhos e olhos de mesma tonalidade, notaram que a atenção de todos estava sobre eles.

Quimera - ShiItaOnde histórias criam vida. Descubra agora