ATO SEGUNDO

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A mesma sala do primeiro ato

CENA I

Carlos, ainda vestido de mulher, está sentado e Juca à janela.

CARLOS — Juca, toma sentido; assim que avistares teu padrasto lá no fim da rua, avisa-me.

JUCA — Sim, primo.

CARLOS — No que dará tudo isto? Qual será a sorte de minha tia? Que lição!

Desanda tudo em muita pancadaria. E a outra, que foi para o convento?... Ah, ah, ah, agora é que me lembro dessa! Que confusão entre os frades quando ela se der a conhecer! (Levantando-se:) Ah, ah, ah, parece-me que estou vendo o D. Abade horrorizado, o mestre de noviços limpando os óculos de boca aberta, Frei Maurício, o folgazão, a rir-se às gargalhadas, Frei Sinfrônio, o austero, levantando os olhos para o céu abismado, e os noviços todos fazendo roda, coçando o cachaço. Ah, que festa perco eu! Enquanto eu lá estive ninguém lembrou-se de dar-me semelhante divertimento. Estúpidos! Mas, o fim de tudo isto? O fim?...

JUCA, da janela — Aí vem ele!

CARLOS — Já? (Chega à janela.) É verdade. E com que pressa! (Para Juca:) Vai tu para dentro. ( Juca sai.) E eu ainda deste modo, com este vestido... Se eu sei o que hei-de fazer?... Sobe a escada...Dê no que der... (Entra no quarto onde esteve Rosa)

CENA II

Entra Ambrósio; mostra no semblante alguma agitação.

AMBRÓSIO — Lá as deixei no Carmo. Entretidas com o ofício, não darão falta de mim. É preciso, e quanto antes, que eu fale com esta mulher! É ela, não


há dúvida... Mas como soube que eu aqui estava? Quem lhe disse? Quem a trouxe? Foi o diabo, para a minha perdição. Em um momento pode tudo mudar; não se perca tempo. (Chega à porta do quarto) Senhora, queira ter a bondade de sair cá para fora.

CENA III

Entra Carlos cobrindo o rosto com um lenço. Ambrósio encaminha-se para o meio da sala, sem olhar para ele, e assim lhe fala.

O Noviço - Martins PenaOnde histórias criam vida. Descubra agora