𝑀𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 𝐼𝑑𝑒𝑎𝑙 ☞𝐸𝑛𝑑𝑖☜

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Pov: Andi

Penteei seu cabelo do único jeito que eu sabia, nunca cuido de ninguém mas dei meu melhor, o motivo? Também não faço ideia.

Emilia saiu do banheiro cantarolando, com uma blusa do AC|DC que mais parece um vestido pra ela, o cabelo ainda molhado mas estendido pelos ombros.

Mais uma vez fico hipnotizada por ela, meus lábios se entreabem e se moldam em um sorriso pequeno, me assusto ao perceber que ela me observa em silêncio.

Eu com certeza vou lembrar disso pelo resto da vida, Emília está claramente bêbada, sua voz arrastada, gargalha alto e toda a timidez que mostrou ter desapareceu.

"Boa Noite Andi..."

Ela diz apagando a luz, de repente todo o quarto se escurece, consigo ver a silhueta dela vindo em direção a cama.

Até sentir algo tocando meu braço, quando me dou conta, Emília agarrada ao meu braço se acomodando na cama, me assusto ao sentir seu rosto na curva do meu pescoço.

"Boa Noite, Lia.."

Acordo com uma luz forte, abro de leve os olhos e vejo o quarto iluminado e ao meu lado, a garota mais linda que poderia existir
........
Não, digo, ela é bonita, é padrão, por que eu pensei isso?!

Me levanto com o maior cuidado e fazendo o maior silêncio que consigo. Geralmente acordo primeiro sempre que durmo com alguém e não ligo pra fazer barulho ou não, mas da forma que ela dorme, me doeria a interromper.

Mas por quê eu me importo tanto?

"Meu....Deus"

Jana parada a porta com uma camisa roxa, os olhos arregalados e provavelmente segurando um berro ou risada.

A puxo pra fora do quarto até a cozinha.

"Eu estou surpresa com o fato de ela estar na sua cama e mais surpresa ainda de vocês estarem com roupa."

"Aí pelo amor de Deus, Jana!!"

Assim que termino de tomar café com Jana umas 09:30, volto pro quarto acordar Emília que por incrível que pareça ainda esta dormindo.

"Lia, acorda..."

Com alguns toques e mexendo um pouco no seu cabelo, ela acorda com alguns gemidos/grunhidos/barulhos roucos e baixos.

Depois de acordar, tomar café e colocar uma roupa minha um pouco menos larga, Emília decide voltar, com a pressa dela mal tivemos tempo pra conversar, enquanto ela tomava café arrumando suas coisas em uma bolsa, eu a observava, a volta dos seus lábios, os olhos e a concentração e meticulosidade que ela arruma as coisas.

"Tenho que ir Andi, até mais tarde,  vou passar lá na agência umas 12:00" Ela se aproxima "Eu não me lembro muita coisa de ontem, mas obrigada..." Ela puxa de leve meu rosto com uma das mãos e deixa um beijo na minha bochecha me fazendo abrir um sorriso.

Assim que ela sai, começo a me arrumar pra ir ao trabalho, já me atrasei o suficiente com ela.

Me pego pensando em Emília, ela me faz bem até demais, até agora me sinto derretida por dentro, um beijo na bochecha nunca me deixou assim, o que essa mulher faz comigo...

Passo pela poeta da agência sendo recebida pelo porteiro simpático, a sala de espera quase cheia, Jana parece já ter chegado.

Entro na minha sala e começo organizando alguns projetos que Jana me passou outro dia, faltam poucos dias para o projeto de Emília.

Agora pela manhã tenho pelo menos sete clientes pra atender e ainda ainda atrasei.

O primeiro deles foi um homem loiro que precisava de um terno cor de verde oliva para seu casamento, ele praticamente me contou sua história de vida até o casamento com seu marido.

A segunda foi uma senhora simpática mas com uma voz irritante que pediu por exclusividade em um vestido que precisava para um evento beneficente, não estava com ideias pra exclusividade então a mandei pra Jana.

A terceira foi uma adolescente escrota, metida e antipática, tenho certeza que foi o pai dela que pagou todos os projetos que ela passou.

Logo mais vieram três representantes de empresas diferentes com as seguintes propostas:

-Modelagem abstrata - Eu aceitaria, mas o tema era uns quadros horríveis e sem sentido

-Modelagem da nova linha CK - essa obviamente aceitei, sou apaixonada por todas as linhas e confesso que adorei -

-Modelagem da Fila - também aceitei, não uso muito maio, mas as roupas para academia e ginástica me chamaram a atenção -

Essa manhã foi cansativa, minha lingua parece dormente de tanto negociar e conversar, fora mais quatro clientes que não conseguir atender por agora.

Quando arrumo algumas das minhas coisas pra ir almoçar, um homem com praticamente toda a empresa de gel no cabelo, terno justo demais pro seu corpo entra com tudo pela porta me assustando.

"O que significa isso?"

"Sem tempo para secretárias, quero falar com o dono!"

"Está falando com ela."
Digo enfasiando o "ela" me ajeito na cadeira olhando bem nos olhos dele.

"Senhorita, eu disse que quero falar com o seu superior, Marcelo Agosti!"

"Marcelo não trabalha mais aqui."

"Então me deixe falar com o homem que comanda esta empresa!"

Junto toda e qualquer resquício de paciência e autocontrole que me restou dessa manhã.

"Senhor, pode se dirigir a mim como chefe, eu comando essa empresa!"

"Mas Marcelo não passaria a chefia da empresa para uma mulher qualquer!! Estou sem tempo Senhorita, me deixe falar com seu superior!"

"Não sou uma mulher qualquer, sou filha do Marcelo. Aliás, Andrea Agosti"
Estendo a mão em sua direção da forma mais cordial e respeitosa que meu pai me ensinou a ser.

Ele me olha como se tivesse acabado de ver um fantasma, mantenho me expressão neutra porém fechada.

"Não diga calúnias garota, me deixe falar com seu superior imediatamente!"

"Certo. Vá a sala do lado e espere alguns minutos, ele chega já já"

Já devo dizer que ninguém vai chegar, espero deixar esse homem esperando pelo "Superior" até que não tenha mais forças para ficar em pé.

Estou totalmente sem energia pra isso, as duas pílulas de metanfetamina e o remédio pra dor de cabeça já fizeram o efeito que tinham que fazer.

Odeio quando tenho que tomar metanfetamina, me traz lembranças horríveis...

Olho para o relógio, 11:48, Emilia chega em doze minutos. Seria errado esperá-la?...