TO THE MOON - Para a Lua

VI - A Memória.

3 meses atrás

Ao abrir os olhos, os doutores deram-se de cara com o mesmo quarto em que eles estavam, porém meses antes.

"Esta deve ser a última memória acessível." Disse Eva, ainda meio tonta por causa da viagem. "Desabilite a fala para todos, exceto o Johnny."

"Pronto. Vamos encontrá-lo." Neil disse, enquanto encaminhava-se para a saída do quarto.

Estava no período da manhã. Ainda podia-se ver a grama e algumas flores no meio do jardim. O lago estava refletindo a luz do sol, e as árvores ainda tinham algumas flores e frutos. Tudo ali tinha um clima agradável.

Eles foram caminhando até o farol. Neil estava recitando uma poesia qualquer que Eva resolveu ignorar. Quando estavam subindo os degraus, Eva notou que tinha um senhor de cabelos brancos sentado no tronco de árvore admirando o céu.

"Johnny?"

Ele levantou-se e se virou para encarar os dois jovens. Ele estava sorrindo.

"Que surpresa agradável... Não recebemos muitos visitantes por aqui."

"Meu nome é Eva Rosalene, e este é o-..."

"Dr. Von Matterhorn..." Disse Neil. "Dr. Lorenzo Von Matterhorn!"

"... Dr. Neil Watts." Corrigiu Eva, e cutucou seu companheiro. "Você conhece a Agência Sigmund de Criação de Vida?"

"Ah, vocês dois são da agência?" Disse Johnny, enquanto caminhava na direção dos jovens. "Que conveniente; estava pensando em ligar para vocês."

Ele vira-se para Lily, que estava parada ao seu lado, imóvel.

"Lily, busque chá, por favor." Ele disse, mas logo se assustou. Lily não estava se mexendo, sequer piscando. "... Lily?"

"Na verdade, você já ligou." Disse Neil, e então, fez Lily desaparecer, deixando os três a sós.

"... Estamos aqui para cumprir o nosso contrato de um futuro próximo." Explicou Eva, tentando aliviar Johnny, que estava recuando levemente para trás.

"Cuidado ai. Se cair do penhasco, vamos ter que reiniciar a memória." Disse Neil.

["Caramba Neil, que tal um pouco de respeito?"]

["Ah, é só um programa mesmo."]

["Eu sei, mas é a última memória acessível, e precisamos que ele coopere conosco."]

["Na pior das hipóteses a gente reinicia tudo."]

["Pra que perder tempo com isso?"]

"... Vocês..." Sussurra Johnny, chamando a atenção dos doutores. "Vocês estão aqui para me levar para a lua, não estão?"

"Isso, John." Disse Eva.

No mesmo momento, Johnny dá meia-volta, virando-se para o farol, e solta um longo suspiro.

"... Acho que foi uma vida boa."

"Não o bastante, ao que parece." Murmura Neil.

"Então, vocês conseguem? Conseguem me levar para a lua?"

"Nós não, mas você talvez consiga. Por que quer ir para lá?" disse Eva.

"Eu não sei."

"Relaxa. Pode contar pra gente. Sua ajuda é essencial para conseguirmos que chegue lá."

"Está atrás da fama? Do dinheiro? Deve haver algum motivo." Questiona Neil.

"Sinto muito, eu realmente não sei." Sussurra John, virando-se para os jovens novamente. "Eu simplesmente... Quero ir."

["Já vi que isso vai ser bem complicado]"

"De qualquer forma, Johnny, nós vamos fazer o seguinte..." Disse Eva, aproximando-se de seu paciente. "Precisamos ir até a sua infância, mas é muito longe para chegarmos num só pulo de memória. Então, teremos que atravessar suas memórias com pulos graduais no passado."

"E isso você já nos permitiu fazer no futuro relativo." Completou Neil.

"Assim que fixarmos uma rota de acesso direto às suas memórias de infância, voltaremos aqui. E ai, você terá que nos ajudar a influenciar a sua versão infantil a tornar-se um astronauta."

"... Ou a conseguir uma catapulta gigante." Neil disse.

"O que importa, John, é que você vai precisar dizer algo além de 'não sei'."

"Contanto que consigam me levar à lua, cooperarei do jeito que puder." Disse Johnny.

"Ótimo. Agora, para conseguirmos pular desta memória... Precisamos de um objeto que lhe seja importante. Você tem por perto alguma recordação para que possamos começar?"

Johnny vai até o tronco no qual estava sentado, pega algo que estava ali em cima, e entrega para Eva. Um origami de coelho feito com papel azul e laranja. O mesmo que ela guardou em seu jaleco.

"Isso serve." Disse ela, sorrindo para John.

["Então, vamos?"]

["Primeiro as damas."]