All the things she said

9

"Te abraçar é como tocar as estrelas. Você é para mim o meu infinito particular"

Kylian

Apesar da confusão e do constrangimento, havia uma sensação de alívio por finalmente termos conseguido superar esse momento estranho. E, por mais que a situação ainda fosse complexa, parecia que estávamos começando a encontrar um equilíbrio, um passo de cada vez.

Enquanto Ryan e Thomas digitavam no notebook, organizando provas da violência contra Sara para me ajudar a ser absorvida da culpa, eu me encontrava sentada no sofá, inconscientemente fixando o olhar nos braços tatuados de Thomas. A visão dos seus músculos definidos e das tatuagens intricadas fazia com que minha mente vagasse para o que havia acontecido entre nós. A tensão ainda pairava no ar, e eu tentava processar tudo o que tinha ocorrido.

Ryan, que estava mais atento ao que acontecia ao nosso redor do que eu havia imaginado, percebeu onde meu olhar estava fixado. Ele lançou um olhar rápido para mim, uma mistura de frustração e compreensão no rosto, antes de dirigir sua atenção novamente para o notebook.

— Sabe, você poderia parar de encarar o Thomas assim — Ryan comentou, tentando manter um tom neutro, mas sua exasperação era clara.

Senti minhas bochechas esquentarem, mas não consegui evitar um sorriso involuntário ao me lembrar do que havia acontecido entre nós.

— Eu não estou encarando — protestei, mas a verdade é que cada vez que olhava para Thomas, uma mistura de confusão e desejo surgia em mim.

Ryan revirou os olhos, claramente exasperado.

— Ah, vai. É impossível não perceber. — Ele gesticulou para mim. — Você está claramente distraída, e ele... bem, ele é o próprio charme em pessoa, não é?

Thomas, ao fundo, apenas sorriu de forma confiante, como se estivesse completamente à vontade com a situação.

— E se eu for só um cara que trouxe um pouco de emoção à vida da Kylian? — ele disse, levantando uma sobrancelha, como se se divertisse com o drama.

A raiva de Ryan parecia ferver.

— Você não pode tratar isso como um jogo! — ele rebateu, sua voz elevando-se.

Thomas, sempre tão seguro de si, lançou um sorriso provocador na minha direção, como se tivesse percebido a tensão e estivesse se divertindo com isso.

— Ryan, você sabe que não dá pra controlar o que os olhos fazem — eu disse, tentando mudar de assunto enquanto me forçava a olhar para o notebook também.

— Isso não é só sobre os olhos, Ky — Ryan respondeu, seu tom agora mais sério. — Eu só não quero que você se deixe levar por essa confusão.

— Eu sei — murmurei, tentando soar mais convencida do que realmente estava. — É só que... às vezes é difícil ignorar o que aconteceu.

Ele suspirou, voltando a se concentrar nas provas que estavam organizando.

— Só tenha cuidado. Isso tudo pode se complicar, e não quero que você se machuque no meio disso.

A preocupação dele era palpável, e eu agradecia por isso. Mas, ao mesmo tempo, a intensidade da situação com Thomas só parecia aumentar.

— É, parece que todos nós temos que lidar com o que aconteceu — Thomas comentou, tentando suavizar o ambiente. — Por enquanto, vamos focar em resolver isso e depois podemos conversar sobre as coisas que ainda estão em aberto.