INDÚSTRIAS BALDWIN, 16:30 DA TARDE
A reunião com os principais acionistas e o prefeito da cidade tinha começado logo após o almoço, e se o herdeiro daquele império, Avery, pudesse resumir em uma palavra, poderia escolher, sem um resquício de dúvida, a palavra massacre. A principal acionista e colaboradora, Melissa Kirkland, liderava os outros, tecendo xingamentos ao péssimo planejamento de tudo. Sentado ao seu lado, Simon Kennedy, o atual prefeito, desviava o olhar, parecendo querer se enfiar na terra como um avestruz. Era um homem fraco, como o pai dele também tinha sido, mas Avery gostava assim, pois era a forma de obter controle sobre ele.
— Você foi bem claro, Baldwin. A reconstrução total da cidade poderia começar ao fim do verão, mas eu me pergunto todo santo dia o porquê daquele colégio ainda estar de pé. - Melissa retorceu o nariz, a voz furiosa. — Eu não gosto de ser feita de idiota, e já adianto que quem consegue essa proeza, só a alcança uma vez.
— Não apenas a escola. Como também o maldito drive-in e a lanchonete no centro da cidade, outros dois estabelecimentos que não venderam sua propriedade ao projeto. - O outro acionista, um filho de alemão de nome Alex Nagel. Seu olhar era tão frio e sem vida que os outros se arrepiavam. — Quando fui chamado a investir neste negócio, achei que obteria melhores resultados.
— Isso nos faz três. - respondeu uma loira, de roupas provocantes e coladas ao corpo. Sabine Bousier. — Está levando mais tempo do que o acordado, Avery. Não achei que fosse tão lento.
— Eu ainda me mantenho otimista. - Sebastian Pygmalion girou na cadeira, encarando o teto e dando uma risada excêntrica, mas quando parou, olhou fundo dentro das orbes castanhas do Baldwin. — Uma sorte sua. Não vai querer conhecer meu lado irritado, Baldwin.
— Eu peço paciência, meus caros sócios. O projeto Gendrix apenas cresce em toda a região. Logo, estenderemos nosso domínio por todo o país, desde Paradise Hollow, a Hell's Church, alcançando até Heaven Hill do outro lado do continente. - assegurou o Baldwin. — Foi apenas um contratempo, mas todos os projetos ambiciosos podem dizer que obtiveram impasses ao longo de seu desenvolvimento.
— Como prefeito, asseguro aos senhores que o tempo investido em nossa cidade não será desperdiçado. A autorização para a privatização dos condados ainda é nova dentro da América, mas Paradise Hollow está mais do que preparada para ser a primeira de muitas. - Simon pronunciou, como se estivesse em um palanque durante sua campanha eleitoral.
A discussão prosseguiu, e mesmo com muita dificuldade, Avery conseguiu acalmar os ânimos dos investidores por mais um tempo. Sabine queria o subúrbio para construir seus cassinos e bordéis, Sebastian queria o domínio da polícia e o total controle das divisas para seu tráfico e Alex Nagel era o cabeça de todas as gangues, principalmente a anjos da morte. Eram pessoas poderosas, e principalmente conhecidas por não deixarem negócios em aberto.
— O que fazemos agora? - Simon indagou, nervoso. Ele tremia, se servindo do whisky. — Vamos morrer, Avery, eles são os piores do piores, vão nos matar por termos arrancado o dinheiro deles.
Avery abraçou Simon por trás, o fazendo se arrepiar, mas apenas para pegar sua taça de whisky. Pessoas perigosas eram excitantes de se trabalhar, viver entre a vida e a morte era a forma que escolheu para agir, aquela com a qual se sentia vivo.
— Não se preocupe, Simon. - assegurou o Baldwin. — Sabe que eu não deixaria isso acontecer. Eu protejo a todos nós, principalmente você, não é?
Ele tocou no rosto do Kennedy, que fechou os olhos e sentiu a mão descer pelo bochecha e o pescoço. Assentiu devagar. Claro que sabia. Avery o protegeria de tudo, como ele o protegeria também. Aquela era a profundidade que a relação dos dois tinham.
— Eu já cuidei do meu problema. - O Baldwin encarou a janela. — Você pode ficar tranquilo, meu amor.
Simon se ajoelhou. Ele venerava o Baldwin, desde muito jovem. Sua atenção e sua devoção eram todas dele. Avery o estimulou a fazer o que o prefeito estava com vontade. Todos os seus lacaios eram leais pela quantia certa. Para Simon, o objeto de barganha era algo diferente, que o político amava ter dentro de sua garganta.
Avery Baldwin não tinha medo. Ele comandava aquele jogo, e se manteria comandando, por hora, precisava apenas reagrupar as peças.
— Andrew? - Sadie perguntou quando chegou em casa. — Amor, você chegou?
A ruiva se assustou ao ver um homem encapuzado dentro de sua casa. Ela não conseguiu conter o grito quando o gatilho foi disparado, e suas madeixas vermelhas se fundiam ao tom escarlate de seu sangue no chão.
Havia o jeito fácil e o difícil de se resolver as coisas em Paradise Hollow, e Sadie Tarrish tinha feito sua escolha.
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Os Quatro de Paradise Hollow
Teen FictionTodos, pelo menos uma vez na vida, já viram aquele clichê de cidade pequena dos Estados Unidos, no qual todos se conhecem, que é cheia de hábitos que só seus cidadãos possuem, e claro, tem a clássica placa colorida de bem vindo na entrada do centro...