As estrelas eram fascinantes, Hitoshi sentia seus olhos brilharem quando as fitava, enlouquecido por sua beleza escultural e abstrata. Pontos de luz sobre a atmosfera, o denso céu escuro que cobria o universo, transformendo-se em constelações, milhões delas em galáxias inteiras.
Desde pequeno sonhava em alcançá-las; o sonho de virar astronauta se transformou em se aprofundar nas pesquisas, descobertas, observar tudo de longe. Não gostava mesmo de fazer trabalhos físicos, era o melhor para si. Se transformou em um astrônomo em ascensão, somente observando as estrelas o quanto podia, ajudando e trabalhando em centros de pesquisas do país.
Não poderia dizer que já tinha visto de tudo no universo, mas com certeza viu o que mais nenhum ser humano viu ou sentiu na face da terra. A sensação única de olhar e tocar em uma estrela.
×××
Estava meio distraído naquela noite, sua cabeça muito abaixada e desanimada para fazer o que tanto amava, deixando as estrelas um pouco menos brilhantes àquela noite. Estava num lugar deserto, um pasto para vacas de um sítio abandonado, nos meados dos arredores de sua cidade. A discussão com seus pais repercutia sua mente como uma bala disparada em um looping temporal; não queria ter brigado com eles, e sabia que era mútuo, mas acabou acontecendo e se sentia cabisbaixo por conta disto.
Sua atenção foi de novo até as estrelas, a determinação para poder esquecer o sentimento aquecendo em seu interior e Hitoshi se vidrou em seu telescópio, buscando achar algo que contesse seu foco. Contudo, algo realmente chamou sua atenção, e seu cenho franziu ao ver uma luz brilhante. Brilhante até demais. Olhou a olho nu, e agora no telescópio novamente. Aquilo estava perto demais. Não era natural, definitivamente. Não estava nem ao menos no mesmo hemisfério que a Centauri, então não poderia ter a confundido.
Se levantou do pequeno banco onde estava antes lentamente, o cenho franzido olhando admirado para o céu acima dele, o rosto começando a brilhar assim como as pastagens longas a medida que algo se aproximava, logo se tornando uma grande bola de fogo cortando as nuvens, deixando rastros de fumaça de onde vinha. Se assustou, pulando para trás, pensando ser um meteoro. O objeto caía como um, e parecia prestes a explodir sobre seus pés. Estes correram o tanto que puderam, até sentir uma carga de energia atingir suas costas e o jogando contra a cerca do pasto abandonado, acertando sua testa e o fazendo desmaiar por um momento e o sangue se derramar por sua tez.
Somente depois de alguns segundos, sua mente acordou e engoliu em seco, seu corpo atordoado enquanto tentava se levantar se apoiando na cerca. Sua face assustada e confusa se virou para a enorme luz sobre o meio do campo, que derrubou seu telescópio e o jogou para longe. Estava quente, ainda mais ao redor da cratera que tinha se formado, a grama queimando na beira da meia esfera, soltando leves faixas de fumaça.
Seus olhos se apertaram, e o que o deveria assustar mais somente o deixou com euforia, uma estranha sensação emocionante no âmago. Sua respiração apertou em ansiedade, e foi com ela que correu devagar até alcançar a cratera, mesmo que sua testa ainda doesse incondicionalmente. A luz ainda estava lá, brilhando contra seus olhos como se estivesse em um auditório de futebol e todos os refletores estivessem virados para sua pessoa. Chegou mais perto, sentindo um formigamento estranho em sua pele, como se aquilo emitisse uma grande camada de radiação, porém, não parou até quase entrar ali dentro, arregalando os olhos ao ver o que residia dentro do buraco na terra.
— Que porra...
Seu sussurro morreu na língua, tamanha perplexidade diante do que via. Ou aquilo era real, ou estava alucinando perfeitamente. A luz diminui, deixando com que o corpo no centro ficasse ainda mais visível, nu e encolhido, como um filhote de gato abandonado na chuva em meio ao inverno. O que diabos uma pessoa fazia ali? Por que brilhava de tal forma? E principalmente, de onde ela veio e caiu? O brilho que o ser emitia abaixou ainda mais, até se extinguir enfim, mostrando a criatura uma pele bronzeada, costas nuas e sardentas, cabelos loiros e brilhantes; tão brilhantes que pareciam reluzir em neon. Ainda estava quente, quente como um inferno. Shinsou conseguia ver as ondas de calor ao redor do corpo, engolindo em seco quando se aventurou e se permitiu arriscar ao começar a entrar na cratera, o suor instantaneamente acumulando em sua testa e pescoço, deixando um desconforto em sua camisa também.
Chegou perto cautelosamente do corpo, quase como quando você tenta capturar algum animal selvagem, com medo que ele lhe ataque. Parecia um corpo de um homem. Não se esqueceu em nenhum momento do calor que aquilo exalava, por isso nem mesmo ousou tocar naquilo, sua pele queimaria severamente se o fizesse. Todavia, rodeou o corpo até estar agora no lado em que mostrava sua frente. Não conseguia ver o rosto muito bem, estava todo coberto pelos cabelos ondulados como as ondas do oceano matinal. Tinha aparência bronzeada, parecida com uma latina ou indiana. O corpo era esguio, não parecia alto, sardento como a parte de trás.
Então, sua mente viajou como uma aeronave atravessando a atmosfera.
Aquilo seria então, o seu maior sonho adolescente acontecendo?
Um encontro com um alienígena.
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estrela cadente (ShinKami)
FanfictionHitoshi era um astrônomo normal, que somente olhava as estrelas por que gostava; mas nunca pensou que um dia iria literalmente, ver uma estrela aos seus pés. História original de @_rayhxx Personagens de autoria de Kohei Horikoshi