estrela cadente (ShinKami)

a noite

Hitoshi somente voltou a enxergar Denki e sua silhueta estreita quando já era tarde da noite daquele dia. Estava na cozinha, calculando a localidade das estrelas para a próxima estação, quando ele apareceu ali e lhe pediu um copo de água. Tinha a expressão baixa, mas não parecia triste ou algo do tipo, só cansado. A bochecha esquerda estava suja de graxa. Era compreensível, passar o dia inteiro fazendo aquilo não deveria ser fácil, principalmente quando você já está longe de sua terra natal a algum tempo e tudo o que deseja é voltar para ela.

Lhe entregou um copo cheio, e quase suspirou quando o viu beber quase completamente em um único gole. Em nenhum momento até agora, ele tinha pedido algo para comer, e ficou preocupado pois só lembrou de tal fato naquele instante.

— Ei, hum... — Kaminari lhe encarou, indagando sobre sua pergunta com os olhos — Você não está com fome?

— Não. — disse o loiro, quase no mesmo instante que acabou de proferir as últimas palavras, e lhe devolveu o copo — Nós sobrevivemos alguns dias sem comer nem passar fome; eu e a minha espécie. — acrescentou

— Entendi...

— Até cinco ou seis dias, pra ser exato.

— Sei...

O menor suspirou enquanto ainda o fitava, como se não soubesse o que dizer adiante. Ele sempre sabia o que dizer adiante. E Shinsou também sabia que ele estava mal.

— Então — falou o peftastéri, lhe tirando de pensamentos —, boa noite.

Logo em seguida, Denki se retirou, e o arroxeado ficou lá parado como um tolo, apertando o copo de interior molhado enquanto tentava tomar algum tipo de decisão. Revirou os olhos quando não viu outra saída melhor, e deixou o recipiente cilíndrico em cima da pia, abandonando os papéis na mesa de jantar para virar o corredor onde Kaminari entrava em seu quarto, quase fechando a porta. Andou mais rápido, o alcançando antes que bloqueasse sua passagem, e recebeu um olhar um pouco surpreso quando o empurrou para dentro do quarto e fechou a porta com a mão espalmada na madeira.

Mas logo o espanto na face do loiro se foi, varrida como a poeira de um tapete, e o maior se sentiu começar a ofegar no momento que os olhos dele pareceram brilhar, mesmo que o corpo ainda estivesse normal. Não sabia se era impressão sua, contudo, era como se fosse muito real para ser invenção de sua cabeça, assim que ele se aproximou, novamente com o rosto à centímetros do seu.

Ficaram imóveis, parados como um iceberg no meio da antártica. O humano engoliu em seco, com medo de que qualquer movimento fizesse com que os olhos a sua frente lhe cortassem ao meio, porém, eles ao mesmo tempo que pareciam ameaçadores indicavam uma bondade e beleza quase totais. Esperou ele fazer algo, para que prosseguissem, e mesmo que tenha demorado, o loiro fez algo, todavia, muito diferente do que imaginava.

O casaco que ele usava foi retirado pelo próprio de forma demorada, no entanto, que ainda assim fez a surpresa de Hitoshi se mostrar em sua face. Entretanto, mesmo enquanto o assistia se despir vagarosamente, não o impediu, não disse nada, ou sequer pensou em dizer. Quando o mais baixo tirou todas as roupas, as deixando jogadas no chão aos seus pés, ainda ficou a encarar Shinsou, como se esperasse alguma coisa. O arroxeado não sabia o que era, se ele queria que o tocasse, se queria que fosse embora. Mas ao invés destas e de outras opções, fez o mesmo que ele. Desabotoou a blusa, a retirando como o resto das vestimentas que chegaram sublimes ao solo assim como as do peftastéri. E que assim como o mais alto, ele não observou nada além de seu rosto, se aproximando ainda mais, fazendo o humano quase sentir a quentura de sua pele encostando na sua.