o encontro

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Olhando aquela casa de longe, me pergunto por que eles deixaram Jungkook no orfanato.

A estrutura da casa parecia de gente rica, o carro estacionado era uma BMW branca, dava para ver pela grade de ferro cercada por um fio que com certeza era elétrico. Boa segurança, boa casa, bom carro.

Por que diabos Jungkook não estava tendo uma boa vida então?

Eu fechei a cara e Namjoon me olhou, parecendo entender meus pensamentos. Ele estacionou o carro e eu olhei para trás, vendo o menino Jungkook observar pela janela.

Eu tenho um mal pressentimento.

- Vamos? -Namjoon me perguntou, tocando na minha mão. Eu engoli em seco e respirei fundo.

- Vamos.

Saímos do carro e eu fiquei ao lado de Jungkook, na frente do portão, segurando a sua mão que estava levemente suada e ansiosa. Ele não parava de olhar para todos os lados, a procura de uma alma viva.

Namjoon tocou o interfone, que logo foi atendido.

- Sim? -uma voz masculina falou.

- Com licença, a senhora Jeon está? -Namjoon perguntou, respirando fundo.

- Quem deseja falar com ela? Tem hora marcada?

- Não... é meio importante... é sobre um certo garoto. -Namjoon falou cuidadosamente e depois de um momentâneo silêncio na ligação, o homem falou novamente.

- A senhora está saindo, aguardem por favor.

Namjoon se juntou a nós dois na frente da grade, olhando ansioso para a porta da casa. Em pouco tempo ela se abriu, revelando uma mulher meio jovem.

Ela fechou a porta rápido e veio andando pela pequena trilha que dava ao portão, suas passadas rápidas e firmes em um salto baixo me deixava mais desconfiado.

- S-senhora Jeon? -perguntei, apertando a mão de Jungkook.

Os olhos dela foram direto em Jungkook, que se escondeu atrás de mim com certa vergonha, ficou quietinho ali, retribuindo o olhar dela. Quando notei, ela não tinha aberto o portão.

- S-senhora..? -fui interrompido.

- Por que me trouxe ele? Vocês são do orfanato? Eu mandei nunca o trazer para cá. -ela cruzou os braços cobertos pela manga do vestido branco. Eu suspirei e continuei segurando a mão de Jungkook fortemente.

- Não somos do orfanato senhora. -Namjoon quem respondeu na minha frente, dando um passo a mais para ficar um pouco mais perto da grade. - Nós... bom... estamos ajudando esse garoto a encontrar a família dele. A senhora é a mãe dele?

Jungkook agarrou minha blusa e eu pude notar como estava com vergonha. A mulher olhou para mim e para ele, descruzou os braços e respirou fundo para responder.

- Não. Ele não é meu filho. -ela disse, hesitando.

Antes que eu pudesse retrucar, a porta da casa foi aberta novamente, dessa vez por um homem um pouco mais velho que todos nós ali. Ele veio até a senhora Jeon e a segurou pelo braço fortemente.

- Eu mandei parar de enviar cartas para o orfanato. Eu disse que não o quero aqui! -ele falou primeiro com ela e depois para mim. Eu mordi os lábios, começando a ficar tenso.

Trazer Jungkook aqui foi um erro.

- Senhor, não somos do orfanato, nós apenas.... -eu comecei a dizer mas ele me cortou.

- Desapareça e leve esse pecado com vocês! -ele puxou a mulher pelo braço e deu meia volta, andando em direção a porta.

A senhora Jeon olhou para trás com um olhar meio triste. Os dois entraram na casa, nos deixando ali sozinhos de novo.

Eu olhei para Namjoon, que fechou o semblante, depois olhei para Jungkook. Ele estava de cabeça baixa, já tinha soltado minha blusa e seus ombros tremiam. Me agachei na sua frente para ver seu rosto e notar as lágrimas silenciosas que escorriam pelo rosto dele.

- Por que então ela mantinha contato se não queria saber? -Namjoon resmungou e eu rolei os olhos enquanto limpava a bochecha molhada de Jungkook com a mão.

- Namjoon, agora não é uma boa hora.

- Viemos aqui para nada. -ele continuou e eu notei que a expressão no rosto de Jungkook apenas piorava.

- Namjoon! -chamei a sua atenção mas ele não ouviu.

- Atravessamos o país para NADA! -Namjoon chutou uma lata de lixo da rua e eu me levantei estressado, fui até ele.

- Você quer parar? -eu briguei e o empurrei de leve, ele me olhou. Seus olhos estavam marejados mas seu rosto transmitia raiva. Estava claramente puto.

O olhar dele parou atrás de mim, em Jungkook que tinha começado a chorar mais, gemendo e soluçando, agachado no chão. O semblante de Namjoon suavizou.

Dei meia volta e notei Jungkook correndo rua abaixo, arregalei os olhos.

- JUNGKOOK! -chamei e fui atrás dele. Desci a rua até uma pequena praça.

O vi entrar na praça e parar na frente de um banco, se sentando e tapando o rosto com as mãos. Diminui a velocidade da corrida para andar e me aproximar dele devagar.

- Jungkook... -chamei de novo mas ele não respondeu. - Ei...

Me sentei ao lado dele no banco e apoiei minha mão no ombrinho dele gentilmente. Ele não relutou, então comecei a fazer um carinho nas costas dele. Fiquei em silêncio enquanto ele ainda chorava um pouco. Quando terminou de chorar, ele me olhou e eu sorri triste para o rostinho inchado e olhos vermelhos.

Passei a mão pelo rosto dele, secando as lágrimas e fazendo um carinho. O puxei para um abraço bem apertado e senti ele agarrar minhas roupas novamente.

- J-jin H-hyung? -ele chamou baixinho, ainda com o rosto escondido no meu peito.

- Sim?

- Por que a minha mãe não me quer? O que eu fiz de errado Hyung? -a voz de choro junto com essas perguntas eram como flechas atravessando meu coração. - Por que Namu Hyung estava bravo comigo?

Eu suspirei e o afastei de mim para olhar nos pequenos olhos marejados.

- Você não fez nada de errado, entendeu? Não é culpa sua. Você é o garoto mais gentil e legal que eu ja conheci. -eu disse, segurando seu rostinho. - Sua "mãe" não é mais sua mãe. E Namjoon está bravo com ela, não com você. Ele acha terrivelmente feio aquelas pessoas tratarem você assim e eu acho também.

Ele fungou e eu sequei mais uma lágrima dele.

- Eu sinto muito por isso Jungkookie, mas você não tem nenhuma mãe mais. -eu engoli em seco, enquanto via os olhinhos curiosos e brilhantes dele olharem para baixo, decepcionados. - Mas fique sabendo... -ele me olhou. - Que eu nunca, nunca mesmo... nunca vou te abandonar. Você tem a mim agora.

O rosto dele se iluminou e o meu coração bateu mais forte.

Eu simplesmente não posso, depois dos momentos que tive com ele, o devolver para aquele orfanato ou dar para aquele casal arrogante. Eu não posso, eu não quero.

Eu não vou me separar de Jungkook, porque agora, ele seria minha família.

- O q-que quer dizer com i-isso Hyung? -Jungkook me perguntou.

Eu soltei o seu rosto e olhei ao redor, notei que Namjoon caminhava na nossa direção. Respirei fundo e passei a mão no rosto.

- Hyung! O que isso significa? -Jungkook me perguntou novamente e eu mordi os lábios, observando Namjoon chegar. Ele nos olhou, tentando entender o que acontecia. Então olhei para o garoto.

- Eu vou adotar você.





...

Um órfão em apuros {Namjin + JJk}Onde histórias criam vida. Descubra agora