Capítulo 25 - Último Capítulo

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 POV Toni Topaz

 6 meses depois.

 -Amor, cheguei. – Entro na sala do apartamento que agora eu dividia com Cheryl.

 -Oi, meu amor. – Ela aparece coberta de tinta no rosto e em minha camiseta que ela gostava de usar para pintar.

 -Trabalhando?

 -Sim, encomendaram uma arte nova. – Ela diz sorrindo de orelha a orelha.

 -E o rosto sujo? – Pergunto rindo e colocando minhas mãos em volta de seu pescoço e ela segura em minha cintura.

 -Acho que deve ter sido da minha mão.

 -A que você está tocando no meu blazer agora?

 Ela tira rapidamente a mão e vê a tinta amarela manchando um pedaço.

 -Desculpa, amor, prometo que eu vou limpar e...

 A calo com um beijo, eu não me importava com aquilo agora.

 -Sem problemas.

 Cheryl e eu havíamos conseguido sair da casa de Sam e Deena há apenas dois meses, mas nos adaptamos bem ao nosso novo local e ganhávamos o suficiente para manter uma vida estável. Eu estava trabalhando como assistente social e Cheryl como recepcionista de um escritório de advocacia, as vezes vendia quadros, que era a sua maior paixão, e juntava um dinheirinho extra.

 -Como foi o seu dia? – Ela pergunta, me puxando para sentar no sofá.

 -Foi bom, um pouco corrido, mas bom. E o seu?

 -Estive trabalhando na encomenda o dia todo, sabe que eu gosto de aproveitar minhas folgas para isso. – Acaricio o rosto manchado e ela sorri, me dando um rápido selinho. – Na verdade, já terminei a encomenda e fiz mais um quadro...

 -Admito que admiro sua velocidade e talento. – Respondo em um sorriso e ela cora. – Me mostra seus novos trabalhos?

 Cheryl me puxa até o quartinho em que ela trabalhava. O primeiro quadro era uma mulher que eu desconhecia, mas pela foto que ela me mostrou, havia ficado igual.

 -Esse é um presente, para nós. – Ela diz apontando para o outro lado do quarto, onde uma pintura com tinta fresca ainda descansava.

 Éramos nós, no topo do mundo, acenando para uma imagem de anjo de cabelos negros e traços latinos.

 Meus olhos enchem de lágrimas, não havia um dia nesses últimos seis meses que eu não sentia falta de minha melhor amiga. Ela resistiu por nós, e nós continuávamos nossa resistência, fazendo o que ela queria, sendo felizes e livres para amar.

 Veronica permitiu que hoje nós pudéssemos viver como sempre sonhávamos, ela tornou o impossível, possível, se sacrificou para isso, e não há um dia sequer que eu não me lembre do som da sua risada e do sorriso, do abraço aconchegante e da sensação de ter sua cabeça repousando em meu ombro, enquanto ela tomava o suco de caixinha disponível na cantina de Riverdale High. Veronica Lodge é o meu anjo da guarda, sempre foi minha melhor amiga e confidente, ela levou o tiro por mim pois sabia que eu faria o mesmo por ela, sem hesitar.

 -Ficou lindo, meu amor. – Digo sorrindo no meio das lágrimas e beijo Cheryl.

 -Vamos sair? Estou com vontade de sair para dançar. – Ela diz pegando minha mão e me girando, começando a nos embalar em um ritmo lento, mesmo sem música.

 -Vamos.

 Cheryl vai para o banho primeiro, eu sabia que ela demoraria devido a tinta em sua pele, então me sento no sofá e pego meu caderno de dentro da bolsa. Era um pequeno diário, onde eu conversava com minha melhor amiga e dividia com ela meus pensamentos.

 "Cheryl está animada, como você viu, eu amo ver esse sorriso radiante no rosto de minha namorada. As vezes eu não acredito que tudo isso é real, as vezes parece que irei acordar de um sonho e estarei em Riverdale, escondendo mais uma vez quem eu sou. Deus, como eu suportei tanto isso? Como fiquei tanto tempo sem poder ser eu? É tão bom poder ser livre, Ronnie, tão bom não ser julgada por quem eu amo (claro que tem alguns idiotas que julgam, mas a gente só não liga para eles), é libertador. Você iria gostar da cidade, você combina com o caos de Nova York, seria um ótimo lar. Eu te amo, minha latina, continua cuidando da gente aí de cima."

 -Cher? Vai demorar muito? – Pergunto entrando no banheiro quente devido a água do chuveiro.

 -Estou quase, Toni.

 -Quer ajuda? – Pergunto contendo o sorriso e ela abre o box, colocando apenas o rosto para fora e me mostrando a língua. – Vou levar isso como um não.

 Dou risada e ela também.

 -Pode ir vindo, se quiser, já estou saindo.

 Retiro rapidamente minha roupa e entro no box, olhando o corpo da minha ruiva de cima a baixo e sorrindo de canto, eu amava aquela mulher.

 Sinto água ser jogada em meu rosto e Cheryl ria.

 -Para de olhar.

 -Por quê? Nada que eu nunca tenha visto... e muitas vezes...

 -Toni. – Ela joga mais água em mim, estava corada.

 Dou risada e me aproximo, me molhando e grudando nossos corpos. Cheryl ofega com o contato e eu sorrio, dando um beijo lento na ruiva, que correspondeu da mesma forma.

 -Tome o seu banho, te espero para irmos no bar de sempre.

 Ela diz saindo de meus braços e deixando o chuveiro, indo se secar em nosso quarto.

 Termino rapidamente meu banho e logo já estava vestindo uma camiseta de botão e um sobretudo. O tempo havia virado e começava a fazer um pouco de frio essa semana. Cheryl estava com um vestido preto e colocou o sobretudo vermelho, deixamos a casa assim que estávamos prontas.

 O bar ficava há três quadras, então fomos caminhando para aproveitar a noite e o vento frio batendo no rosto, mas havia o calor de nossas mãos unidas.

 -Não vejo a hora de chegar o inverno, quero patinar. – Ela diz me olhando com um sorriso. – Reggie disse que viria para cá no feriado de Natal, estou ansiosa.

 Chegamos no bar e deixamos os casacos com o atendente do bar, nos sentamos e pedimos duas águas.

 -Ele trocou de curso. – Cheryl diz e eu franzo o cenho. – Reggie. Não está mais fazendo administração, mudou para direito.

 -Acho que combina com ele.

 -Sim... – Cheryl olha para o lado e então volta a atenção para mim. – Estou pensando em começar uma faculdade.

 Sorrio para minha namorada e ela devolve o sorriso.

 -O que quer fazer?

 -Artes. Vou tentar uma bolsa.

 -Acho que você vai ser incrível, meu amor.

 Me inclino na direção de Cheryl e a beijo no bar lotado.

 -Vem, vamos dançar. – Ela diz me puxando para a pista.

 Após algumas danças, nos sentamos nos banquinhos do bar. Eu ainda me embalava minha cabeça no ritmo da música.

 -Tem mais uma coisa. Eu sei que ainda somos muito novas, mas... – Escuto a voz da ruiva e viro na sua direção, mas ela não estava mais sentada no banquinho, estava ajoelhada na minha frente, arregalo os olhos vendo ela abrir uma caixinha de veludo preta com um par de alianças douradas dentro. – Você quer casar comigo, Tee-Tee? 

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