Shivers

One Thing Rigth

E assim saímos daquele bairro e fomos em direção ao centro de Tóquio. Durante o caminho, as luzes da cidade passavam rápido e eu sentia o vento bagunçar as pontas do meu cabelo, suspirei ao sentir que talvez eu estivesse sentindo algo que há muito tempo eu não sentia: liberdade. Quando chegamos ao shopping Suga estacionou a moto e me ajudou a descer

—Ok! Vamos ser objetivos, você precisa de: Pijamas, roupas íntimas, roupas para os finais de semana, e higiene pessoal.—Suga falou assim que retirou meu capacete

—Eu preciso de muito mais que isso, mas vamos lá! É uma emergência e temos que ser objetivos mesmo e quando eu arranjar um trabalho eu compro o resto do que eu preciso. Ou eu tento invadir minha própria casa para pegar minhas coisas. — Falei andando em direção às portas do shopping — Você vem?— Perguntei para Suga

—Claro!— Sugawara respondeu. —Eu só quero que você tire logo esse uniforme para não pensarem errado de mim...— Suga respondeu

—É engraçado você falar isso depois de me oferecer para morar na sua casa... Isso já é bastante estranho e muitas das minhas amigas namoram caras da sua idade.—Falei revirando os olhos na escada rolante

—E você namoraria um cara da minha idade?— Sugawara perguntou atrás de mim, eu não tinha percebido nossa distância quando falei aquilo...

—Namoraria... —Respondi Sugawara e Suga sorriu

— Bom saber...— Sugawara respondeu e levantou as mãos assim que eu dei meu olhar matador para ele. — Vamos ali naquela loja, ali deve ter coisas que você gosta...— Sugawara falou mudando de assunto e me puxando para dentro da loja, aí vocês já imaginam aquela cena clássica do make over da menina, mas não eu apenas escolhi o necessário e depois saímos da loja e fomos para outra loja, paramos para comer algo e quando vi já estava com outra roupa subindo na moto de Sugawara novamente, eu estava cansada e não percebi a distância entre as cidades. Quando chegamos na casa de Sugawara...

—Vou fazer o tour da casa com você outra hora. Agora nesse momento, eu vou te apresentar o quarto e onde você vai lavar suas roupas, ok?— Sugawara falou bem objetivo

—Sem problemas...—Falei e Sugawara sorriu gentil

—Ok! Vem comigo... —Sugawara começou a caminhar com as sacolas das compras que fizemos no shopping, passamos a cozinha estilo americana e quando Sugawara abriu a área de serviço eu abri a boca

—Você tem certeza que você não é um psicopata? —Perguntei assim que vi a área luxuosa de serviço

— Se eu fosse, você saberia! — Sugawara falou e piscou —Me dê aqui seu uniforme. Eu já vou colocar para lavar. —Sugawara falou e eu entreguei o uniforme que estava dentro de uma das sacolas. Sugawara abriu a máquina de lavar e o colocou lá dentro com toda a delicadeza que eu já presenciei, programou a máquina e assim que terminou suspirou. —Vamos conhecer seu quarto?—Sugawara perguntou se recompondo novamente

—Vamos sim!—Falei animada e assim Sugawara subiu comigo até o segundo andar da casa. Andamos até o final do corredor e assim ele abriu a porta de um quarto que estava perfeitamente arrumado, é como se ele já estivesse esperando...— Daqui a pouco eu vou acreditar que você já estava me esperando...— Falei e adentrei no quarto

—Comprei essa casa porque ela já vinha assim: atualizada. Até achei estranho o preço estar mais baixo que o normal, mas fiz um bom negócio...—Sugawara falou olhando pelo quarto —Eu mal entro aqui, desculpa por estar olhando em volta. Qualquer coisa meu quarto fica aqui na frente. Amanhã cedo nós nos falamos melhor para acertar os detalhes e sobre a parte da casa que você está proibida de entrar. — Sugawara falou e saiu do quarto, me joguei na cama e suspirei de alegria. Olhei para o teto e as memórias do dia começaram a aparecer com bastante intensidade, lágrimas começaram a descer dos meus olhos de modo incontrolável. Eu ainda não podia acreditar que minha mãe me vendeu para aquele velho nojento, eu sinto tanta saudades do meu pai, ele me protegia, eu só tenho memórias boas da minha infância e como a vida era mais fácil. Ainda com as lágrimas correndo sob meu rosto decidi tomar um banho quente e dormir, afinal minha vida estava prestes a mudar para sempre, não é?

Após o banho, comecei a ouvir um jazz vindo do quarto da frente, sorri comigo mesma. Será que isso é uma coisa de todos os caras mais velhos? Arranquei a etiqueta do pijama e o coloquei, abri minha porta delicadamente para ter certeza que Sugawara não havia me escutado. Sua porta estava entreaberta, Sugawara olhava a vista do seu quarto tomando uma taça de vinho. Eu admito, eu estou ficando cada segundo mais curiosa para conhecer esse homem, parece que ele veste uma máscara para trabalhar naquela escolinha infantil, e aqui ele esta em seu habitat natural

—Eu sei que você está ai...— Sugawara falou e me olhou com o canto de seus olhos. — Pode entrar, eu sei que você não vai conseguir dormir depois do dia de hoje.— Sugawara falou e eu adentrei no seu quarto, sem medo algum...

—Você é um vampiro? — Perguntei perto da porta de saída, caso a resposta fosse positiva

—AHAHHA não, quando você trabalha com crianças você começa adquirir habilidades que você não sabia que tinha. Eu adquiri essa de saber quando tem alguém me observando —Sugawara tinha uma risada boa de ouvir

—Você está me comparando a uma criança de maternal? — Perguntei e Sugawara riu novamente

—Seria estranho se eu te comparasse com uma mulher, certo?— Sugawara falou arqueando uma sobrancelha

—Ah! Deixa para lá, mas nossa. Seu quarto é totalmente diferente do quarto de visitas...— Falei dando voltas em mim mesma para poder olhar todo o quarto e quando eu completava mais uma volta bati em Sugawara que derramou sua taça de vinho em mim sem querer

—Ah merda...—Sugawara falou todo sujo de vinho também.— Você é assim naturalmente?— Sugawara perguntou sorrindo gentilmente

—Desastrada? Não... Eu fiquei distraída com a quantidade de coisas dentro do seu quarto...— Falei olhando a mancha de vinho no meu pijama novinho e quando fui olha Sugawara novamente ele havia tirado sua camiseta e estava apenas com calças — O QUE VOCÊ TA FAZENDO???— Falei e tapei meus olhos e Sugawara virou sua cabeça sem entender até que olhou para baixo

—Até parece que você nunca viu um homem nu...— Sugawara falou

—EU NUNCA VI...— Falei e Sugawara jogou uma camiseta dele para mim

—Entra no banheiro e troca de roupa... — Sugawara falou e eu passei correndo por ele agarrada na camiseta dele. Tirei meu pijama novinho, que aliás, era lindo e enquanto eu fazia isso com a porta trancada pude ouvir que Sugawara se encostou na porta do banheiro —Quer dizer que Srta. é virgem... Supreendente.— Sugawara falou

—Porque você achou que eu não seria? — Falei dobrando o pijama e arrumando meu cabelo

—Pelo jeito que você se veste...— Sugawara falou e eu enfurecida abri a porta, para minha surpresa Sugawara estava de costas para porta e então caiu com tudo no chão do banheiro

—SEU MACHISTA! O jeito que eu me visto não quer dizer nada sobre a minha vida sexual...— Falei e joguei o pijama na cara de Sugawara e enquanto eu marchava para saída Sugawara me alcançou me impedindo de sair

—Só para você saber: eu vi sua calcinha agora...— Sugawara falou e eu fiquei com mais ódio ainda e me virei para ele — EU ESTOU BRINCANDO...— Sugawara falou e riu, relaxei. Acho que Sugawara fica bêbado com muita facilidade

—Acho melhor a gente encerrar esse papo por aqui....— Falei e sai do quarto dele e me dirigi para o quarto de visitas. Onde eu me tranquei. Estava tudo tão silencioso que eu ainda podia ouvir o som do meu coração batendo acelerado...