Haviam se passado dois dias e Jimin acordou apenas essa manhã, convencer Hyujin a sair do hospital nem que seja por algumas horas, era quase impossível, mas havia criado um vínculo com o mais novo, por mais triste que o garoto estivesse, as vezes conseguia tirar algum sorriso do mesmo, mas ele preferia que eu me aproximasse quando sua família não estivesse, e agora, eu entendia a razão.
Quando a noiva de Jimin, a senhorita Chang começou a impor regras ali, e em uma das suas imensas discussões, onde a mesma deixava claro que se o homem ficasse aleijado ou menos atraente, jamais poderia aparecer na mídia com ela, que isso nem sequer fazia parte do acordo.
Era uma terça ensolarada quando adentrei San Raphael, algumas enfermeiras vieram rapidamente até mim, avisando que Jimin havia acordado, eu havia assumido completamente aquele paciente, era um trabalho que eu estava decidida em fazer, quando cheguei no quarto o mais velho estava sentado na cama daquele quarto branco, ele havia sido transferido para um apartamento na ala norte do hospital, onde apenas os mais ricos e poderosos do estado conseguiam ficar.
-Bom dia senhor e senhora Park. -Falta assim que adentro o quarto, eles tentavam falar com o filho, que tinha um olhar vazio para um canto do quarto. -Bom dia Hyujin -Falo para o garoto mais jovem, ele parecia tão preocupado, sentia que ele iria chorar a qualquer momento.
-Bom dia? Bom dia? Isso se quer é hora de chegar? E é um bom dia para quem? Meu filho acabou de se tornar um debiloide. -a mulher gritava, apontando o dedo para mim, Jimin ergueu seu olhar para me encarar, ele parecia tão doce e ingênuo quanto quando estava dormindo. A saia de onça e a blusa verde da senhora Park estava irritando meus olhos quase tanto quanto sua bolsa roxa berrante.
-senhora Park, se me der licença, acho que ainda sou a única formada em medicina nessa sala, me permita fazer o meu trabalho. -Falo para a mulher, que parecia acabar de ouvir a maior ofensa da sua vida, seu marido segurou-a com força antes que ela partisse para a agressão física, enquanto eu escutava a voz rouca de Hyujin.
-mamãe, por favor, apenas deixe a doutora Morgenstern examinar meu irmão, isso é mais importante que seu ego. -Era a primeira vez que via o garoto falar de cabeça erguida, ele apenas fez um pequeno aceno para mim, apontando para o garoto sentado.
-Bom dia, Jimin... -Sorrio gentilmente para o garoto, mas ele parecia pensativo, a minha frase fez a Senhora Park revirar os olhos e se sentar na cadeira que havia lá atrás.
-eu virei um debiloide? -o garoto falava inocentemente, seus olhos negros estavam brilhantes, ele nem sequer parecia ter ideia do que estava acontecendo.
-não, não preste atenção nisso, sua mãe só está um pouco nervosa. -Falo para o mesmo com um sorriso amarelo enquanto pegava o estetoscópio.
-ela é minha mãe? -Ele encarava a mulher agora um pouco assustado com a situação, e eu apenas mordi os lábios, agora entendia a razão do alvoroço, não esperava aquele tipo de sequela.
-Me conte, o que lembra? - os pais do garoto se entreolharam se aproximando um pouco mais, mas ele apenas parecia mais assustado que antes.
-hum, de nada, apenas que meu nome é Jimin... -o mesmo parecia ainda mais pensativo enquanto esfregava seu queixo, era doloroso demais ver Hyujin se virar enxugando algumas lágrimas. -sei que é Jimin, por que eles estão me chamando assim desde que acordei
Ele continuou e minha mente girou, pedi para a família Park se retirar, foram necessários alguns exames, onde esperávamos os resultados no quarto, até eles saírem, a noiva de Jimin já havia chegado, deslumbrante em seu terno, boina e calça brancos, saltos e bolsas vermelhos, parecia ter acabado de sair de um desfile de moda, e a feição em seu rosto parecia bem mais feliz do que a noite anterior.
Em alguns minutos, todos estavam reunidos no apartamento, Hyujin estava esparramado em uma poltrona observando sua família, a senhora e o senhor Park sussurravam alguma coisa encostados no batente da janela, pareciam discutir, como de costume, e bom, a senhorita Chang, ela tirava selfies com o Jimin, que por sua vez nem parecia saber a razão daquilo, ele apenas erguia dois dedinhos e pousava de forma desajeitada.
Quando os exames chegaram, eu apenas peguei os resultados, vendo eles me encararem, enquanto eu analisava o raio-x do cérebro do homem.
-se alguém aqui fosse tão bem formada quanto diz, talvez já estivéssemos sabendo da notícia. -a voz da senhora Park soou arrastada pela sala, o que me tirou um sorriso de canto, eu queria jogar ela pela janela, mas ainda assim precisava ser profissional.
-o cérebro dele, hum... -Nem parecia ser possível o que eu estava vendo, talvez ele estivesse fingindo ou não, talvez ele só tivesse sofrido um trauma. -está perfeitamente normal.
-eu exijo que um profissional de verdade examine meu filho, você nem se quer tem idade e experiência para estar aqui, esse lugar decaiu muito. -a voz da senhora Park era alta, fazendo com que Kim Namjoon, o cirurgião chefe da cirurgia se aproximasse, ele era amigo da família Park, então a sonsa da Emily Park, começou a choramingar para ele, dizendo que eu estava a tratando mal e que não era boa o suficiente para aquilo.
Namjoon por sua vez me conhecia a bastante tempo, ele mesmo havia me selecionado para o intercâmbio, o mesmo encarou aquela confusão e viu Hyujin revirar os olhos, batendo os dedos contra o polegar, dizendo para o mesmo que era drama. O homem me pediu os exames, se sentou na frente do computador, analisou cada um deles, antes de levantar e analisar o próprio Jimin, enquanto perguntava se o homem o reconhecia.
-talvez ele tenha sofrido um trauma, pode não estar nos exames, pode ser psicológicos, ou talvez tenhamos necessidade de refazer os exames, mas por enquanto, talvez seja mais seguro deixa-lo aqui. -Namjoon parecia sério, Hyujin se ajeitou na cadeira encarando seus pais, seu olhar era bastante acusatório, enquanto Chang apenas mexia no celular, não parecia prestar atenção no que estávamos falando.
-então você quer nos dizer que ele não vai lembrar de mais nada? -a voz grave de Seungmin Park se fez presente pela primeira vez em certo tempo, ele parecia observar mais a situação do que se intrometer.
-não sei se vai ser algo permanente ou temporário, vamos torcer para que ele reaja bem ao tratamento, mas por hora, não há nada que podemos fazer. -Namjoon dizia seriamente enquanto tocava meu ombro. -mas sei que a doutora Morgenstern é competente, e vai se dedicar completamente a ele, te dou meu voto de confiança.
O mesmo falava, enquanto a mulher me olhava de cima a baixo antes de sair do quarto, sendo seguida de seu marido que agradecia o Namjoon, e Chang que nem se quer parecia sair do celular.
-eu não vou poder ficar hoje, tenho aula, mas prometo voltar mais tarde. -Hyujin tocava meu ombro carinhosamente, antes de me entregar seu número de telefone. -se houver qualquer tipo de situação, me avise.
O garoto caminhou até Jimin, beijando calmamente a testa do irmão, informando ao mesmo que voltaria. E então, em questão de segundos, o quarto ficou vazio, deixando apenas o garoto triste e confuso, perdido na tentativa de encontrar suas memórias, e eu faria o possível para encontra-las.
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Don't You Remember?
FanficElena é uma médica recém formada que trabalha em um dos maiores hospitais da cidade de Atlanta, onde em um dos seus plantões recebe um paciente que havia sofrido um acidente de carro que havia afetado sua memória. No decorrer da história sua famíli...