A meta era parar os terroristas. O plano era... indefinido.
Cartman disse que, de alguma forma desconhecida, os suprimentos da cidade estavam esgotando em uma velocidade assustadora. Falou que os outros abrigados estavam começando a reclamar, que estavam começando a conspirar contra ele, igual os rebeldes fizeram há uns tempos atrás. Falou que deveria ser uma armação contra ele, que os terroristas planejavam começar um motim movido por onde dói mais, na fome. Ele esta correto, tire uma das bases de hierarquia de necessidades de Maslow, que você tem um motim, uma necessidade de sobrevivência ativada no subconsciente das pessoas e, na maioria das vezes, não acaba nada bem pra quem ficar no caminho.
Havia desconfiança na escola, Kyle disse que Erick suspeitava de um infiltrado entre eles, mas também disse que aquilo não seria possível por vários motivos. Já Stan, desconfiava que eles tinham táticas de espionagem, como por exemplo: seguir os grupos de busca e roubar o que eles tivessem deixado pra buscar outro dia. De qualquer modo, eu teria que investigar, sorte minha que sempre fui fã de séries policiais, me considero tal qual Patrick Jane. Bonito, inteligente e traumatizado.
De presente de boas-vindas e despedida, ganhei um mapa com um círculo bem grande de onde poderia encontrá-los. Isso me fez refletir, se eles já sabem onde os terroristas estão, por que não acabam com isso de uma vez? Cartman tem armas, ele arma os grupos de busca e os vigias. Isso me levava a acreditar que os outros estavam em maior quantidade ou seran tão perigosos quanto falavam. Aquele trio estava escondendo algo de mim, eu podia sentir. Eles estavam desconfiados e nervosos, falavam curto e grosso, para não deixar nenhuma informação extra passar, acho que eles estavam com medo de me descobrirem e arrancarem algo de mim. Para a sorte do trio de ouro, eu não sabia nem mesmo voltar pra escola sem o mapa.
O caminho era mais longo do que esperava, era cansativo e eu não queria admitir, mas estava me preocupando. Eu teria que passar pelo centro da cidade, ontem estava bem perigoso pra um pedestre atravessar sozinho.
"Ain Craig, por que você não foi de carro?"
Sem. Carro. Aquele carro era tudo o que tinhamos. Tinha tudo que precisavamos. Se Cartman sequer sonhasse que nós tinhamos um carro cheio de suprimentos, ele confiscaria em minutos.
"Poxa Craig, isso é meio egoísta."
Não, você não entende. Não pode-se confiar em bobões em um apocalipse, esses caras pegam o que você tem e te jogam fora quando deixar de ser útil, é o que esta acontecendo comigo agora, se eu falhar, pelo menos Trícia e Thomas teriam uma rota de fuga. Essa é a única coisa que eu não posso estragar.
"Mas eles parecem bonzinhos, não fariam nada de mal pro seu pai e pra sua irmã."
Não existe "bonzinhos" em um lugar como esse, apenas o filho da puta e o filho da puta menos pior.
Eu estava prestes a entrar no centro da cidade -com o cu na mão- até ouvir um tiro seco cortando o silêncio. O barulho do tiro ecoou do começo ao fim da rua, em seguida grunhidos e passos arrastados, muitos passos. Há um tempo que percebi que os mortos de South Park são mais lentos do que os que estou acostumado, mas não seria eu que iria ficar pra ver quantos zumbis estavam se aproximando do centro da cidade, muito menos tentar provar a minha tese sobre velocidade deles. Corri até uma caminhonete de granja que estava no meio fio, por sorte uma parte da capa dela estava salva, me joguei dentro da área de bagagem e me posicionei na parte coberta. Meu ateísmo saiu do meu corpo em milissegundos, nunca rezei um "avé maria" tão rápido, eu senti o cheiro de morte passando no meu lado e pude jurar que um deles tentou puxar a capa do carro. Graças ao meu mano JC, deu tudo certo. Após alguns minutos, o silêncio reinou de novo. Olhei pra rua, alguns mortos tinha ficado pra trás, mas ainda sim estavam alguns metros na minha frente.
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Os vivos matam e os mortos trazem de volta
FanficQuando os mortos voltarem a andar, a superfície ficará sem chão. E os jovens amantes terão que amar mais a si mesmos se quiserem sobreviver. Mas por algum motivo, Craig Tucker, mesmo sem chão ainda ama. Viveria e mataria pela sua irmã, pelo seus ami...