Adeus ?

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"Porque nada dura para sempre. Nem mesmo a fria chuva de novembro."

-Guns N' Roses


Já havia se passado três semanas depois que descobri a mentira de Lorenzo.

Como todos vocês viram finalmente nos declaramos um ao outro, mas nada foi do jeito como planejado.

Sabe aquela historia do "Planejou não tem como errar"? Pois bem comigo foi ao contrario.

Não planejei sentir nada por Lorenzo, tão pior apaixonar.

Passei a noite com ele, não! Nos não nos tocamos tão menos fizemos sexo.

***

Giuliana se virou pela última vez para olhar o apartamento. Já sentia o cheiro da saudade entrando pelos pulmões e o dilúvio que ela causaria em instantes.

Não houve traição, ainda que existisse a desconfiança, não houve uma falha absurda, ainda que outras (bem) menores tivessem corroído a relação que ela nem sabia ao certo se existia.

Não existiu uma briga, ainda que as picuinhas tenham se estendido ao ponto de um acordar e o outro já emburrar a cara e falar alguma coisa.

Não tinha acontecido aquela famosa "gota d'água", mas ela não ficaria ali para ver nada transbordar.

Bateu a porta e se foi.

Lorenzo que se virasse para se achar na imensidão daquele apartamento sozinho. Desceu no elevador orando em silencio para não encontrar com ele ou tão menos com Felippe.

Quem a visse daquele jeito certamente perguntaria se ela estava bem e Giuliana, muito educada, diria que sim e logo estaria melhor.

Ou, então, só responderia "Sim", para cortar o papo. Não cruzou com ninguém. Entrou no carro e se foi pela garagem.

Ao chegar na portaria de seu prédio, acionou o controle que logo fez com que o barulho do alumínio se mexendo inundasse tudo em volta.

Não entendia o porquê de pagar tanta cota extra nas despesas do condomínio e ainda ter um portão que fazia tanto barulho.

Tentava espantar os pensamentos de Lorenzo sozinho no quarto a chorar por sua causa (ou ele então feliz por não tê-la mais por perto).

A procurar nas gavetas as roupas que ela levava consigo. A olhar as fotos que tinha deixado pra trás.

E num desses devaneios loucos que ocorrem em frações de segundos, pensou que o pior poderia acontecer.

Não, nada tem a ver com Lorenzo se jogando da sacada do apartamento ou algo assim. Nem que ele levasse alguém para lá na mesma noite.

Pior, mesmo, seria o carro de ele estar entrando na garagem no exato momento em que ela estivesse saindo. Uma infeliz coincidência do destino.

Riu nervosa quando viu aquele carro prata parado do lado de fora esperando o mesmo portão se abrir. Não era o de Lorenzo. Era apenas um morador que tinha um modelo idêntico. Respirou aliviada quando viu a placa, e chorou.

Entendia exatamente o motivo, mas misturou até a raiva que conteve durante algum tempo. Chorou mais ainda.

Ela ia embora, mas queria a briga. Queria a descoberta, queria aquela merda grande o suficiente para fazer bater a porta e ter a certeza de que nunca mais voltaria. Desejou a falha, desejou o sofrimento de ser enganada, desejou ser vítima. Queria apenas a briga de amor que não foi causada.

(EM MANITENÇÃO) Love me That. I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora