Prólogo

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Eu quero ser um bom menino
Eu quero ser um gângster
Pois você pode ser a Bela
E eu posso ser a Fera.
- I wanna be your slave, Måneskin.

A noite fria era carregada pela forte chuva, um claro sinal de que o outono logo iria dar lugar a um rigoroso inverno. Apesar da cidade de Beijing nunca dormir ou parar, não eram muitas as pessoas que andavam por aquele bairro de periferia naquela hora. E as que andavam não eram boa companhia, isso sem nenhuma dúvida. Estavam quase no fim da cidade, e nada de bom tinha naquele canto.

Um carro forte preto andava pela vizinhança, quase invisível naquele breu. O carro se misturava tão bem nem mesmo o som das gotas de chuva se podia ouvir quando tocavam no metal. Os poucos viciados que se abrigavam em um dos becos, ou as garotas da noite que notavam o veículo não pensavam duas vezes antes de sumir. Ninguém sabia o que o veículo levava, ou pra quem levava, mas se tivessem um pouco de amor restante por suas vidas não ficariam ali pra ver. 

O carro metálico continuou seguindo invisível até que a cidade já não fosse vista, mas se podia notar que estavam bem perto da grande muralha. Quase 60 metros antes da construção milenar o veículo fez uma curva bruta, saindo da estrada e entrando na floresta tensa. Mata a dentro, no que devia ser o fim do mundo, havia uma construção de pedra. Um tipo de forte militar esquecido pela terra e escondido no meio de ramos, folhas, árvores e erva daninhas.

No topo da construção homens tão bem armados e imóveis vigiavam tudo ao redor. Precisaria olhar muitas vezes para ter certeza de que aqueles eram seres humanos. A chuva avassaladora não parecia nem os os incomodar, os rifles QBZ - 95 não pareciam pesar o tanto que pensavam e a impressão que passavam é que nem sequer uma mosca voaria naquele ambiente sem a permissão deles. 

O homem posto do lado leste da barreira fez sinal para alguém lá dentro, nunca tirando os olhos do horizonte ou as mão do gatilho da arma. O portão de ferro reforçado e pesando toneladas foi aberto, indo contra toda a lógica ele não fez barulho. O silêncio nunca havia sido abandonado e nada se podia ser visto.

Tenho dúvidas de se a própria mãe morte poderia entrar naquele complexo.

O carro forte entrou rapidamente. Por milímetros não foi tocado pelo portão de toneladas, uma manobra perfeita de quem já havia feito aquilo milhares de vezes. Quando enfim o motor foi desligado, vários homens armados ficaram ao redor do veículo em questão de segundos, todos empunhando armas o suficientes para destruir um exército sem que nem metade das munições fossem usadas.

Uma mulher tomou a frente do batalhão, o rosto sério e impassível em direção a porta de metal do carro. O ar ao seu redor parecendo pesado na medida em que testa se vincava em sinal de raiva. A mulher de pouco mais de trinta anos olhou em volta como se pedisse explicações, deixando todos ali receosos pelo descontentamento da superior.

– O que caralhos é isso?! – A voz foi alta e cortante, quase o rugido de uma leoa de tão bruto. A chuva lá fora parecendo ficar mais forte junto a raiva da mulher. Quando viu que não teria uma resposta ela apenas revirou os olhos, ainda visivelmente irritada. – Abra esta porta, e estejam prontos para atirar! – Ela disse para um dos homens que já estava vestido como parte do esquadrão antibomba. 

Armas engatilhadas, equipamentos prontos, soldados em suas posições.  Com muito cuidado a porta tão pesada foi aberta e se pode ver nada mais que o cadáver do que um dia foi o motorista. O homem em sua meia idade, a cabeça tombada sobre o volante e um único tiro em sua nuca. 

Welcome to Wordeland, BunnyOnde histórias criam vida. Descubra agora