26 - feliz ou triste?

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                     Um ano depois.                      

"Até que a morte nos separe e um pouco além disso."
É meu lema, depois que eu prometi isso a um ano atrás, quando me casei com a única mulher que vou amar pelo resto da vida S/N.

Mais não sou o único a usá-lo. Todos que amam verdadeiramente seguirão isso. E nesse exato momento, enquanto passo com meu carro lentamente em frente a um cemitério, posso ver e sentir isso se cumprir.

Um único velório está acontecendo, É impossível passar sem notar a cena, um único homem deitado sobre o caixão enquanto grita e implora para que a mulher volte.

Nesse momento, tudo o que posso recordar é em como eu me sentir quando a um ano S/N estava desacordada em meus braços, gelada, morta.

Lembro-me do medo que eu sentir ao ver ela ser entubada e toda a minha dificuldade pra conter meus gritos no corredor hospitalar.

Eu sei o que aquele homem está sentindo, aquele pobre homem chorando por sua mulher.

Porquê eu me sentir assim quando tinha o corpo gelando e sangrento de S/N em meus braços.

No início foi difícil.

Demorei semanas para conseguir dormir tranquilamente.

Levei dias para minhas mãos pararem de tremer.

E levei meses pro meu coração se recuperar do choque, e não sentir mais medo.

Sinto minha respiração falhar só de lembrar daqueles dias torturantes.

Mas quando eu desvio o meu olhar do velório e encaro o banco do passageiro, quando olho pra minha esposa dormindo contra o vidro do carro, toda a minha dor passa.

Meu coração fica calmo.

Minha respiração finalmente volta ao normal.

Por que assim como o médico disse a um ano: "ela está viva por um milagre de Deus."

Respiro aliviado.

Eu não suportaria viver num mundo onde minha querida S/N não existisse.

Olhando novamente para o homem lamentando sua perda, só me lembro de todas as noites que eu acordei gritando, sonhando com a memória de tirar S/N do lago e de ela me abraçar dizendo que estava bem, que estava viva.

De todas as vezes que ela segurou minha mão durante o jantar, por que eu estava trêmulo.

E de como foi difícil tocar a cicatriz em seu peito, cicatriz feita pela bala de Izana, a mesma bala que eu usei para o matar.

O mataria várias vezes se fosse possível.

Mas S/N está ao meu lado, está bem, e viva.
A única coisa que me importa.

_kashi? -ouço S/N chamar minha atenção.- por que estamos parados?

Eu a olhei.

Eu sequer percebi que tinha parado o carro pra observar o velório.

_desculpa princesa, me destrair com algo. -liguei o carro novamente.

S/N Mitsuya

O observo enquanto ele dirige, uma mão está no volante, enquanto a outra está na minha coxa.

É sempre assim quando saímos de carro, tenho certeza que é uma maneira de ele perceber que eu estava ali, viva e com ele.

Aos poucos ele está voltando a ser o mesmo homem forte de antes, eu nunca o vi tão vulnerável quanto a alguns meses atrás.

Se eu pudesse mudar algo em mim, eu mudaria minha teimosia, assim eu não teria seguido Izana naquele dia e não teria feito Mitsuya passar por isso.

Mais o importante é que agora estamos bem, estamos mais juntos que nunca.

E nos uniremos ainda mais.

Respiro fundo e deito minha cabeça em seu ombro.

Ele tira a mão da minha coxa e coloca no volante.

_mitsuya. -o chamo.

_oi.

_sabe por que uma mulher grávida nunca termina uma piada?

_não, por que?

Fico calada.
Foi um jeito meio bosta pra dizer que eu estava grávida, mais já foi.

_por que S/N?

Seguro a risada.
Mordo o lábio inferior.

_por que uma mulher grávida nunca termina uma piada...porra! -ele freia o carro e me olha incrédulo.- é sério?

Abro um sorriso.

_é sério mesmo!? -confirmo com a cabeça.- tipo mesmo, mesmo, mesmo?

_anhan.

_você tá grávida!? -ele põe a mão na boca incrédulo e sai do carro.

_onde vai Mitsuya? -saio só carro também.

_você tá grávida!? -ele se aproximou de mim e segurou meu rosto.

_tô, por que, você não tá fe...-ele cortou minha fala.

_MINHA ESPOSA TÁ GRÁVIDA! -ele começou a gritar no meio da rua.- EU VOU SER PAPAI!

Eu sorrir.
Uma felicidade enorme me preencheu.

_obrigada. -ele me abraçou.- obrigada por isso S/N, obrigada.

Ele me beijou e depois continuou me abraçando.

_eu vou ser pai. -ele falou pra uma mulher que passava por nós.

_parabéns. -a mulher respondeu sorrindo.

_obrigado. -outra pessoa passou.- eu vou ser pai.

O homen ignorou

_meu filho vai comer sua filha. -mitsuya exclamou com raiva eu ri e lhe dei um soco fraco no abdômen.

O puxei de volta pro carro enquanto ele falava pras pessoas que ia ser pai.

_caralho, eu vou ser pai! -ele liga o carro.- porra, eu vou ser pai.

Eu ria toda vez que ele falava.

Ele está mesmo animado com essa ideia.

Eu amo como ele ama a ideia de ser pai.

Eu amo por que eu também amo saber que vou ser mãe.

Só Minha! -Mitsuya Takashi-Onde histórias criam vida. Descubra agora