Brotherhood

2K 177 57
                                    

[Nome]'s POV

- Oi, maninha. - O garoto sorri pra mim. - Fiquei com saudades, ignorou a minha existência por dois anos.

- Desculpa. - Murmuro baixo fazendo o mais velho abanar as mãos.

- Não precisa pedir desculpas, como vai a gangue? - Ele aponta para meu uniforme ainda no corpo.

- Eu saí, tô indo pra outra agora. Valhalla.

Kazutora arregala os olhos em descrença. - Você vai entrar pra a Valhalla? Eu tava indo pegar meu uniforme agora com o Hanma.

- Ah, é? - Cerro os olhos. - Então pegue o meu também.

O garoto assente levantando do sofá e vindo na minha direção. - Preciso das chaves da moto, sabe... A minha moto. - Ele dá ênfase no "minha".

Eu entrego as chaves assistindo o garoto sair de casa e logo escuto o ronco do motor cada vez mais longe até sumir.
Após cerca de 20 minutos escuto alguém batendo na porta me fazendo ir até a mesma e abrir.

- Precisamos conversar. - O garoto na minha porta passa por mim adentrando a casa.

- Seja rápido, Mikey. Tenho visita e você não vai gostar de estar aqui quando ele voltar.

O garoto me olha curioso mas dá de ombros e começa a falar.

- [Nome], que porra é essa que você e o Baji fizeram? Precisava chegar a esse ponto? - Ele diz tentando entender enquanto se aproxima de mim.

- Precisava, já que você não quer se livrar de Kisaki. - Falo friamente apesar da minha única vontade ser abraçar o loiro agora.

- O que você tem contra ele? Ou melhor, sua raiva de Kisaki é maior do que o que nós temos? - Ele coloca a mão sobre a minha me olhando como se quisesse chorar.

- Ele não presta, Mikey, confia em mim. Me escuta!

- Você mal conhece ele! - Mikey aumenta a voz.

- Você também não, mas ainda assim preferiu manter ele na gangue do que confiar em mim e em Baji. - Falo em um tom baixo.

- Não posso tirar alguém da gangue só por você e Baji ficarem com birra, se vocês querem sair por isso, não posso impedir, mas não vou expulsar alguém pela infantilidade de vocês. - O loiro fala sério.

- Acho que a gente não tem o que conversar, então. Não vou voltar. Não enquanto ele estiver lá. - Me dirijo de volta a porta abrindo-a para que Mikey se retire.

- "Eu sempre vou estar do seu lado, nas ameaças ou no medo" - Ele faz aspas com as mãos. - Que piada.

Eu vejo o garoto sair em direção a sua casa, cada passo que ele dá é como se estivesse pisando no meu coração. Acontece que eu prefiro sofrer do que ver Mikey ser destruído por Kisaki e ainda ver a Toman ser desfeita.

Eu fecho a porta e me encosto na mesma, deslizando até o chão. A sensação de que meu coração vai explodir toma meu peito.

Com a cabeça escondida entre os joelhos eu choro até que minha mente se acalme um pouco. Eu só queria poder sentir os braços dele em volta do meu corpo e me sentir segura uma última vez antes de enfrentar isso tudo.

Eu vou salvar você, Manjiro Sano, não importa o inferno que eu tenha que passar.

Vou até meu quarto ignorando todas as mensagens de Smiley que não param de chegar no meu celular. Meu coração aperta um pouco ao saber que ele também deve achar que eu sou uma traidora.

Afasto esses pensamentos da minha mente enquanto preparo um pedido de desculpas pra Mikey, quando eu conseguir acabar com essa história, vou entregar para ele.

Eu pego o colar de metadinha que compramos 2 anos atrás, resolvi que vou dar a minha metade pra ele junto com uma cartinha de desculpas.

Pego uma caneta de tinta vermelha e começo a escrever e assim que termino, coloco a cartinha em um envelope junto com a minha metade do colar, selando o envelope e em seguida escrevendo no mesmo as palavras "Para Manjiro Sano".

Tomo um banho rápido e me deito na cama tentando pegar no sono, o que, pra minha infelicidade, demora muito. Escuto a porta do meu quarto abrir e me viro vendo Kazutora entrar.

- Trouxe sua jaqueta da Valhalla. - Ele sorri. - Porque ainda tá acordada?

- Não consigo dormir.

- Quando você era mais nova, costumava colocar a cabeça no meu colo e me pedia pra fazer cafuné até você dormir, lembra? - Ele encara o teto com um sorriso.

- Lembro sim.

- Vem aqui, por a cabeça no meu colo. - Ele diz sentando na cama.

Eu engatinho até ele e repouso minha cabeça em seu colo, sentindo seus dedos passarem nos meus fios de cabelo.

- Kazu, você devia falar com o Mikey, pedir desculpas, sabe? Talvez ele te perdoe. - Digo.

Kazutora arregala os olhos como se não acreditasse no que acabei de falar.
- Pedir desculpas? Ficou louca? A culpa é dele, por causa dele eu fui preso, perdi dois anos da minha vida jogado num reformatório longe de todos que eu me importava! - Kazutora aumenta o tom de voz claramente irritado.

- Mas Kazutora, foi você que- Sou interrompida pelo mais alto que se levanta de forma brusca fazendo minha cabeça tombar de volta na cama.

- Já chega!! - Ele grita. - Não vou pedir desculpas porra nenhuma, eu vou é matar aquele filho da puta.

Kazutora sai do quarto em passos pesados e bate a porta com força. Eu não sei dizer se ele falou que mataria Mikey de verdade ou só por conta da raiva, mas vindo dele, é melhor ter cuidado.

Eu ligo o celular pra ver o horário e me deparo com o papel de parede da tela de bloqueio. Uma foto de Mikey e eu abraçados no espelho fazendo gracinhas. Sorrio pequeno e esquecendo completamente de olhar o horário, eu me viro para dormir.

All for us - Mikey x [Nome]Onde histórias criam vida. Descubra agora