O Girassol Cantor

Casamento

Naquela noite, Amelie dormiu muito feliz. Acordou sentindo cheiro de chá. Não lembrava da despedida ou de que horas havia chegado em casa. Apenas a lembrança de que estava noiva fazia seus olhos brilharem e sorria bobamente para qualquer coisa que olhasse.

O seu noivo abriu a porta do quarto trazendo chá e pudim para a sua amada. Ele sorriu e disse, enquanto a observava comer:

— Espero que goste de desse pudim, eu comi e está uma delícia!

— Realmente está bom!

— Tudo bem nos casarmos durante essa tarde, ao pôr- do- Sol?

— Nossa, que rápido! — Amelie quase engasgou.

— Eu e seu avô planejamos este momento durante anos...

— Como se tornaram tão amigos? Eu só te via na escola...

— E uma grande história... Não sei nem como contar...

— Comece pelo começo, como o conheceu?

— Na escola, com certeza... Eu me apaixonei por você desde a primeira vez que a vi, então na hora da saída sempre havia algum tempo até você chegar até ele e enquanto ele não a levava para casa, eu conversava com ele...

— Ah sim... Bom eu não sei o que vestir...

— Não se preocupe, eu planejei tudo!

— Estou entendendo...

Atrás do noivo havia uma belíssima mulher ruiva, de braços cruzados, encostada na porta. Ela sorriu e disse:

— Hora do noivo ir...

— Letícia... Nós combinamos...

— O noivo só deve ver a noiva na hora da cerimônia... — ela empurrou-o para fora do quarto.

— Não vejo a hora de fazer a maquiagem... — sorriu uma moça de cabelos pretos e de comprimento médio, que parecia muito animada.

— Lívia... — riu Amelie — Eu deveria ter imaginado que vocês viriam...

— Ele só pagou tudo e a gente aceitou...

— Mas a gente tem certeza de que nos chamaria para sermos madrinhas — Letícia entrou no quarto.

— Obrigada meninas...

— Então... — sorriu Lívia — Vamos para o salão!

O salão ficava a menos de dez minutos de distância andando da casa de Amelie.

— Parabéns! — cumprimentou uma bela senhora que já estava toda arrumada sentada em um sofá dentro do salão — A mãe de vocês está no lugar da cerimônia, ajudando nos últimos detalhes.

— Obrigada vó! — sorriram as meninas.

O relógio marcava duas horas da tarde. Amelie despiu suas roupas e vestiu um roupão escrito noiva nas costas. Suas irmãs fizeram massagens no corpo e no rosto da bela dama. Letícia arrumou o cabelo da noiva e foi tomar banho e se arrumar para o casamento. Quando ela voltou, Lívia já havia terminado a maquiagem da noiva e saiu para tomar banho e arrumar-se para ver a cerimônia. No momento em que chegou cinco horas da tarde, Lívia voltou e acompanhou a avó para o local da cerimônia. Letícia pegou o vestido da noiva e ajudou-a a vestir-se e a colocar o véu.

— É muito bonito esse vestido... Nem acredito que estou realizando um sonho... — sorriu Amelie.

— Lili, foi nossa mãe e avó que escolheram, não tinha como errar...

— Aconteceu tudo tão rápido...

— O cara era apaixonado por ti desde criança, se tivesse percebido, não teria essa impressão...

Ouviu-se uma campainha e Letícia abriu a porta. Um homem de terno entrou sorrindo e abraçou Letícia e Amelie.

— Pai...

No momento em que começou a cerimônia, as meninas entraram em fila, uma após a outra, primeiro Lívia, depois Letícia e por fim, Amelie. Todas cantavam uma música triste, porém bonita:

As flores vêm aqui sozinhas

Tudo o que eu quis, não tinha

Por que trouxe a alegria pra ficar aqui?

Por que tirou a tristeza que estava aqui?

Por que colocou a ternura dentro do meu coração?

Por que veio chorando, se a felicidade está aqui?

Por que decidiu estar aqui perto de mim?

 

Amelie chorava muito ao cantar. E ao chegar ao lugar, no fim da ponte, no trapiche no meio do rio, o juiz de paz disse algumas palavras, os noivos trocaram alianças, assinaram papeis, o noivo levantou o véu da noiva, ela chorava muito, um silêncio ensurdecedor tomou conta do lugar e assim que deram o primeiro beijo, ouviram um grande barulho