Na manhã seguinte todos saíram de casa, ficando apenas eu e Esme, ela estava na sua sala projetando alguma coisa. Enquanto isso, fui conhecer um pouco melhor a casa, comecei no anexo da mansão, era uma garagem enorme, nunca fui muito fã de carros, mas todos eram claramente muito caros e rápidos, não tem nada de mais interessante por aqui.Voltei para dentro da mansão e fui conhecer o escritório do Carlisle, era o único cômodo que eu estava curiosa. Quando entrei, notei que parecia uma biblioteca, paredes inteiras de livros e intermináveis estantes, séculos da literatura mundial, todos aqui. No fundo, tinha uma parede de vidro e em sua frente uma mesa de mogno com uma cadeira de couro, provavelmente era ali que ele ficava. A parede da entrada tinha diversos quadros, inicialmente não vi nenhuma lógica, estilos, tamanhos e datas diferentes. Mas depois de um tempo observando, entendi.
Os quadros contavam a trajetória dele, o primeiro, menor e mais apagado em comparação com os outros, parecia Londres, não a atual, mas uma bem antiga, eu me lembrava de uma paisagem parecida. O quadro que mais chamava atenção e o maior era um dos Volturi, um presente, Carlisle nunca escolheria aquilo. Aro, Caius e Marcus sendo representados como divindades acima de um pandemônio.
Ainda encarava aquela pintura quando Esme veio falar comigo.
— São lindos quadros. — Ela disse aparecendo na porta.
— Definitivamente. — Disse me virando para ela. — Espero não estar incomodando.
— Claro que não querida. — Ela disse com um leve sorriso. — Na verdade, eu vim te chamar porque tenho uma surpresa! — Dava para acreditar que ela e Alice eram parentes.
— Hm, eu não sou muito fã de surpresas. — Disse constrangida.
— Eu espero que você goste dessa. — Ela disse me olhando com carinho e começou a andar me pedindo para segui-la.
Nós fomos para um cômodo no final do corredor, não lembro de ter nada nele. Mas quando ela abriu a porta, estava inteiramente mobiliado, parecia um quarto, se não fosse pelo fato de não ter uma cama, mas o que era isso?
— Surpresa! — Ela disse me olhando. — Como vai passar um tempo com a gente, achei que seria bom ter o seu próprio quarto, ainda não terminei de mobiliar porque não sei do que você gosta, então pensei que poderíamos fazer isso juntas!
Um quarto... para mim... ficar em um lugar... o que estou fazendo aqui? Isso é um erro. Eu não fui criada para fingir ser uma pessoa, eu fui criada para matar, essa não sou eu. Eu não deveria ter aceitado a proposta do Carlisle. O que eu estava pensando quando aceitei isso? Eu não posso ficar aqui.
— Eu... Desculpa. — Apenas corri para fora da casa. Não parei até chegar nos limites da cidade. Subi em uma árvore e me sentei. O que eu vou fazer? Pela primeira vez, depois de séculos eu me senti acolhida, mas eu não posso deixar isso acontecer. Se eu me aproximar mais deles, algo de ruim pode acontecer. Carlisle quer se manter escondido de Aro, e a minha presença não vai ajudar em nada. Eu não posso permitir que mais pessoas importantes para mim sofram. Ou pessoas que poderiam se tornar importantes. Será que eu devo ir embora? Mas para onde eu iria? Eu só estou protegida graças ao meu escudo, mas não posso me arriscar tanto assim indo para a Europa.
Eu passei horas sentada lá, apenas pensando, até que anoiteceu. A lua estava cheia. Eu sempre gostei da lua e do que ela representa, me sinto em paz ao olhá-la, como se todos esses problemas se tornassem insignificantes. Algumas pessoas olham para a lua e só veem algo bonito, dependendo da fase, mas eu vejo algo que sempre está ali, imutável, não importa quanto tempo passe, eu sei que a lua continuará lá eternamente. E eu, mesmo sendo uma vampira, já tive experiências mais do que o suficiente para saber que não sou eterna também. Imutável? Certamente, mas eterna? Nunca.
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Instinto - Edward/Bella
VampireA sanguinária vampira Bella Swan aparece na cidade de Forks, só não esperava que uma família de vampiros fosse entrar em sua problemática vida e mudar tudo completamente.