Prólogo

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A chuva rebatia contra o guarda chuva preto, segurado por uma jovem com expressão vazia.

Não que ela não sentia nada, pelo contrário, sentira muito que ninguém – nem ela mesma – poderia distinguir o que era amar e odiar alguém. Sentir-se traída, sozinha, perdida, tudo isso e mais estava no oceano de seu coração.

As gotas da chuva ficaram mais grossas ao passar do tempo, obrigando a jovem entrar naquele mini restaurante mais próximo dela. Ou melhor, um café.

Café Salvador Bar

A garota fechou o guarda chuva, deixando pingar algumas gotas no chão, eclodindo com um raio e em seguida, um trovão. Ela abre a porta do café e entra.

— Céus! Você está bem, garota? Tá tão molhada nesse frio ás 23 horas! E isso no seu braço é sangue? – Um homem a recebe, pegando um casaco para esquentá-la.

Por dentro, o café estava vazio, apenas ela e o homem desconhecido preenchiam o espaço.

—Boa noite. – A jovem suspira, enquanto puxa uma cadeira para sentar-se e vestir o casaco.

Ao seu lado, as gotas de chuva derramavam na janela, quase congruentes com as lágrimas que saíam de seu rosto.

— A senhorita quer alguma coisa? – O homem a entrega um cardápio.

— Por favor, algo para comer.

— Você está bem?

A jovem não responde imediatamente, pois segurava os soluços de choro que desejava soltar.

— Sim...
— Posso preparar um café ou...

—Não! – Grita. — Desculpa. Eu... Não tenho boas memórias com cafés. Não depois do que eu vivi.

O homem levanta as sobrancelhas, assustado e intrigado.

— O que você viveu? – Ele senta na cadeira à frente.

— Você não acreditaria.
— Sou todo ouvidos, senhorita.

— O senhor conhece uma vila chamada... Cavilafé?

— Não.

— Claro que não... Aquele lugar era uma armadilha, uma prisão, um paraíso. Tudo menos uma vila.

— Conte-me.

— A história que você vai ouvir... Pode ser um pouco perturbada. Eu me chamo ********, sou uma estudante do Campus de Cavilafé. Consegui fugir com outros alunos, mas acabei me separando, e vim parar aqui.   
— Sem sua família?
— Sem ninguém...

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