Capítulo 1

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Elain

Termino de podar o canteiro de rosas e me levanto, batendo em minhas calças para sacudir o restante da terra. Retiro as luvas e guardo-as no bolso junto da tesoura que usei para cortar as flores, sorrindo para o trabalho finalizado.

No final de cada dia trabalhando como jardineira nas casas de Velaris, gosto de checar no jardim da Casa do Rio antes de voltar para a Casa da Cidade, apenas me certificando de cortar os espinhos em que Nyx pode acabar esbarrando. Ele está começando a rastejar pela propriedade e muitas vezes o pequeno de alguma forma conseguiu me encontrar aqui na parte de trás.

Não quero que meu sobrinho acabe se cortando caso engatinhe sozinho até o jardim. Nyx certamente é esperto o suficiente para fugir de Rhysand e Feyre.

E é só eu me virar que Feyre aparece no batente da porta, como se tivesse sido convocada por meus pensamentos. Nestha vêm atrás dela com animação, o que imediatamente me faz sorrir.

Ainda não me acostumei a ver minhas irmãs tão confortáveis na presença uma da outra. Faz um mês desde que fizemos as pazes, e agora os fins de tarde tomando chá na Casa do Rio se tornaram parte da rotina.

Não importa o quão ruim o dia pode ter sido, encontro conforto em saber que minhas irmãs estão esperando por mim.

— Eu sabia que você estaria aqui — Feyre diz como cumprimento.

— E onde mais nossa doce Elain estaria? — Nestha rebate em zombaria, um sorriso leve iluminando seu rosto — Eu não duvido que ela goste mais desse jardim do que gosta de nós.

— Pelo menos minhas flores não são chatas como você, Nes — replico com o cinismo que aprendi com ela, e minha irmã fecha a cara.

Feyre ri e Nestha cruza os braços fingindo irritação. Mas eu a conheço melhor do que isso e sei que ela está apenas surpresa que eu tenha mesmo entrado na brincadeira.

Geralmente sou a "doce Elain" que é delicada ou quieta demais para revidar as afrontas dos outros. Minhas irmãs ainda estão se ajustando ao pensamento de que posso ser mais do que isso.

— Vou colocar veneno no seu chá, Elain Archeron — Nestha resmunga, o que arranca uma gargalhada de mim e Feyre. Ela até tenta continuar com a farsa de estar irritada, mas um sorriso cresce em seus lábios, como se ainda não pudesse acreditar na leveza que existe entre nós agora.

— Venha, El. O bolo que você colocou no forno está pronto — Feyre me chama e entrelaça sua mão tatuada na minha, guiando o caminho para dentro.

Seguimos para a cozinha, onde eu pego um pano para retirar a fôrma do bolo com cuidado, e começo o trabalho de cortar os pedaços.

Nestha pega a chaleira e enche nossas xícaras na bancada, distribuindo-as.

— Quem vai ficar com o primeiro pedaço? — pergunto com um sorriso inocente, sabendo muito bem a guerra que acabei de começar.

Desde que Nestha finalmente escalou para fora do abismo de seu ódio e luto, agora que está feliz e construindo uma nova vida, seu apetite voltou com força total, mais exigente do nunca foi. Agora ela e Feyre, que sempre atravessa de onde estiver para provar de todos os meus doces como se estivesse assistindo o momento em que ficam prontos, competem para ver quem come primeiro.

Hera proibida Onde histórias criam vida. Descubra agora