𝗕𝗔𝗗 𝗕𝗘𝗚𝗜𝗡𝗡𝗜𝗡𝗚

𝐨𝐧𝐞.

── Ah qual é, uma mulher já não pode se divertir? ── digo levantando o meu copo ── Agora isso é sinónimo de uma tentativa recuperar de uma decepção ou de afogar as mágoas?

Sim, provavelmente. Mas não era esse o meu propósito.

── Talvez não sempre, garota, mas provavelmente é a razão porque muitos o façam, pelo menos 70% das vezes. ── fala o garçom, após me entregar o segundo shot.

Analiso o seu rosto enquanto o mesmo falava comigo e distribuía bebidas ao mesmo tempo. Ele tinha o cabelo quase totalmente raspado. Tinha a barba feita, talvez à menos de uma semana. Os seus olhos eram castanhos e tinha um sorriso lindo.

── Bom, ── recomeço. Olho para a sua plaquinha que tinha o nome "Kai" escrito ── Kai, pode ser que você tenha razão, mas pode ficar descansado que não é esse o meu propósito. Não tenho tempo para ter decepções. Além do mais, é apenas o meu segundo copo, relaxe.

── Você é que sabe, mas não se deixe levar.

── Pode deixar. ── pisco o olho para ele e me viro de costas para o mesmo.

Os meus olhos rodam o local, que se ia enchendo mais e mais a cada momento. A música vibrava mais a cada pessoa que entrava, assim como o movimento na pista.

As pessoas dançavam ao ritmo da música e aproveitavam para conhecer outras, que iam na sua onda. Um copo a sair a cada cinco segundos e pessoas a entrar ao mesmo tempo. Abro minha mala e pago ao garoto, mas logo me devolve o dinheiro.

── Conta da casa, aproveite. ── ele pisca o olho e abro um sorriso pequeno, agradecendo de seguida.

Dirijo-me à pista onde todos dançam, fazendo o mesmo que eles. Após estar cheio o suficiente, vigio o local enquanto ando entre as pessoas, algumas já com os copos a fazer efeito. O movimento da porta me chama a atenção e abro um sorriso discreto ao ver o meu propósito.

Ryan Blackford.

Continuo dançando, desta vez o mais perto dele possível. A música vibrava nos meus ouvidos, enquanto percorro os meus olhos pela sala. Já consigo observar gente bêbada, casais ou apenas pessoas que se acabaram de conhecer se comendo pelos cantos do estabelecimento. Paro os olhos no meu propósito e danço enquanto o encaro.

Estudei o mínimo do local, mas foi o suficiente para saber o que preciso.

Após o tempo que acho suficiente, lhe mostro o meu sorriso mais inocente e faço um sinal discreto para me seguir. Dirijo-me ao corredor dos banheiros onde, segundo os meus estudos, não tinha nenhum tipo de câmaras.

Os meus passos são leves quando percorro todo o caminho até ao fundo da passagem. Finalmente vejo a porta que procuro. Consigo ver pelo vidro da mesma ele se aproximando e acelero mais um pouco para nada correr mal. Ninguém usava aquele banheiro, estava bangunçado e com um aspeto horrível, mas era exatamente isso que queria.

Rapidamente tiro a minha escova de cabelo, sem realmente precisar de a usar e coloco-a o mais perto de mim possível. Ouço os passos dele atrás da porta e de seguida entra e tranca a porta.

Abro um sorriso mais sincero possível e ele vem até mim para me beijar. Me coloca em cima da pia e coloca as mãos na abertura do meu vestido. O nojo que sinto está à flor da pele, mas não tenho outra opção. Pego finalmente na escova, quando acho que o corpo dele está suficientemente perto, com um abanão, a lâmina reluze.

Não demoro para lhe espetar na pele o mais direito possível. Ele se afasta e não tem tempo para dizer nada antes de cair no chão. Em segundos está morto e eu tenho a missão completa.

Tenho a expressão neutra com a situação à minha frente. Não consigo ter pena dele. Não quando sei o que sei.

Ryan Blackford. Só de pensar no nome dele, sinto nojo. Um homem bonito e com bons resultados académicos, tinha tudo para ter um futuro bom. Isso se não tivesse assediado várias mulheres e violado outras várias.

Mereceu o futuro que teve e não sinto qualquer tipo de arrependimento.

Tiro a lâmina do corpo dele, limpo-a antes de guardar novamente e todo o tipo de vestígios deixados no local. Arrasto o corpo dele até a cabine mais afastada antes que sujasse o chão. Empurro a porta com o meu corpo e jogo o dele. Verifico as minhas roupas e pele. Coloco mais batom, para corrigir o que ele borratou e saio pela porta dos fundos.

Ando descontraidamente para não atrair atenções, apesar da forma que estou vestida. Vejo pela tela do celular que já passa da uma da manhã. Não sabia que tinha perdido assim tanto tempo.

Os meus saltos magoam os pés por causa do tempo em que já os tenho vestidos, mas continuo o meu caminho para casa.

── Ei. ── viro o meu corpo todo para trás. Kai aparece com passos acelerados vindo na minha direção ── Não vi você saindo.

Abre um sorriso amigável e encantador. Paro para ele me puder alcançar e curvo os lábios para um sorriso simples. Reparo com a luz fraca no seu cabelo rapado ruivo. Ele tem o maxilar marcado e pequenas sardas quase impercetíveis.

── Isso quer dizer que estava atento a isso? ── brinco e ele inclina a cabeça.

── Talvez estivesse. Você já estava com quatro shots. Estava zelando pela sua segurança.

── Acredite em mim quando digo que isso não é nada para mim. ── ele solta um riso abafado e não diz mais nada.

── Bom e você não devia de estar trabalhando? ── continuo.

── Acabou agora o meu turno.

Kai me acompanhou durante metade do caminho e se despediu. Continuei o resto do percurso sozinha até perceber que podia estar acompanhada.