𖤍𖡼↷ 𝐎𝐍𝐄

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Não parei de falar porque eu quis

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Não parei de falar porque eu quis. Não era como se eu tivesse ficado "bem, já que minha irmã morreu porque invoquei uma maldição sem querer, vou calar a boquinha e não falar nunca mais". Eu simplesmente não conseguia falar. Eu podia até tentar e, sim, eu realmente tinha tentado, mas nada saia. Nem mesmo um som, uma palavra sequer, como um maldito punimento pela morte da minha irmã, como se o mundo estivesse me dizendo "bem, isso é culpa sua". Era como se eu tivesse desaprendido a falar, tamanho havia sido o trauma de tudo o que eu fui obrigada a vivenciar naquele dia, naquele momento. E depois da morte da minha irmã, tudo piorou gradativamente na minha vida. Se eu não falava, não podia controlar maldições. Se eu não podia fazer isso, não era mais útil para família Kobayashi. Era só uma grande inútil que só servia para dergraçar ainda mais uma família já em desgraça.

Acho que a parte mais fácil foi a de reaprender a me comunicar com as pessoas. Minha família toda sempre havia usado língua de sinais já que minha mãe nasceu com deficiência auditiva. Para mim, não foi tão difícil assim adotar essa como a forma de me expressar já que eu não conseguia falar. Claro, nem todo mundo sabia falar por língua de sinais, mas já era melhor do que fazer gestos aleatórios para ser entendida. Essa era a parte ruim de tudo isso, não conseguir interagir com ninguém. Era como se uma barreira tivesse sido colocada entre mim e o resto do mundo. Honestamente? Eu não me importava, porque eu era uma aberração e minha irmã estava morta por minha causa, eu era a única culpada pela minha vida miserável. Se aproximar de mim, mesmo que eu fosse incapaz de falar, era um risco. Talvez fosse por isso que eu não tinha nenhum amigo. Constantemente afastando as pessoas de mim, porque no fundo eu sabia que era melhor assim. Quanto mais longe de uma Kobayashi amaldiçoada como eu, melhor você estaria.

Bem, pelo menos eu achava que era perigosa para o mundo. Era o que eu costumava achar desde a morte de Allie. Agora, enquanto corria pela minha vida e tentava resgatar minha espada perdida em algum lugar daquele prédio caindo aos pedaços, eu já não me considerava uma ameaça tão grande assim. Maldito fosse Satoru Gojo e sua brilhante ideia de me testar para ver se eu era boa mesmo para ingressar na maldita escola jujutsu, e maldita fosse eu por desejar tanto isso. Burra, como eu havia sido burra e mesquinha por querer entrar apenas para provar para meus pais que eu podia ser tudo o que eu quisesse, falando ou não falando. Que podia sim ser uma grande feiticeira, independente do que eles diziam sobre mim. Agora, aqui estava eu, sozinha em uma escola tentando exorcisar uma maldição imensa de grau dois que estava me perseguindo depois que conseguiu fazer minha arma voar longe, me deixando apenas com meu desespero e habilidade de correr rápido o suficiente para me livrar dela por algum tempo. 

Eu sabia que o que eu precisava, acima de qualquer outra coisa naquele momento, era manter a minha calma. Manter a minha maldita calma e usar a técnica amaldiçoada que eu mesma desenvolvi, sozinha. Sim, eu não conseguia falar, então não podia usar a técnica da família Kobayashi. Mas eu podia usar a minha técnica. Aquela que eu havia passado todos os dias desde a morte de Allie tentando fazer dar certo. Não era possível que agora, no momento que eu mais precisava, essa merda não ia funcionar. Mesmo sabendo do porcentual de falha e dos grandes riscos de tentar a usar, eu precisava mais do que nunca daquilo. 

Silence • Jujutsu KaisenOnde histórias criam vida. Descubra agora