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A noite estava bem gelada

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A noite estava bem gelada. Mesmo que eu estivesse bem agasalhada e meu sangue estivesse fervendo por conta da adrenalina, ainda assim era impossível não estremecer quando uma corrente de vento passava por mim a medida que eu corria o mais rápido que minhas pernas aguentavam, tentando evitar ser vista por Yuta. Apesar de ter resistido a princípio em sair da minha cama quentinha para um treinamento na surdina enquanto todos estavam dormindo, até que era divertido, principalmente quando conseguia perceber que Yuta estava completamente perdido, sem saber para onde eu tinha corrido. Enquanto ele fazia um barulho absurdo a cada passo que dava, eu tinha aprendido a ser silenciosa e passar despercebida. Pegar seus oponentes de surpresa, muitas vezes, vinha a calhar.

Eu sabia que em questões de técnicas, Yuta e eu éramos os piores da nossa turma, Yuta conseguindo ficar em último lugar. Mesmo que eu tivesse tido treinamentos intensos durante boa parte da minha vida, quando parei de falar, meus pais desistiram de mim. E não era como ae eles tivessem sido bons exemplos de como treinar uma pessoa. Mesmo que Gojo fosse um pé no saco e uma pessoa extremamente insuportável, ele era um sensei incrível. Apesar dos poucos meses em que Yuta e eu estávamos na escola jujutsu, já era nítido nossa evolução. Eu até me sentia mais a vontade agora com minha técnica amaldiçoada, e chamar maldições e as usar como minhas marionetes já não era assim tão dolorosamente difícil. O que tinha acontecido no passado foi um acidente. Era algo que eu carregaria para toda minha vida, sim, mas não significava que eu precisava me punir por isso para sempre. E a pessoa que me fez perceber isso, foi Yuta.

Depois que minha irmã morreu, uma parte de mim se fechou para o mundo. Eu entrei em depressão, a culpa quase me corroeu e eu me senti mais sozinha do que nunca. Falar era algo que se tornou difícil de fazer, não quando minhas palavras tiveram poder o suficiente para matar Allie. Muitas vezes, pensei em desistir e acabar com minha própria vida. Era uma opção plausível para tudo o que eu estava sentindo na época, sem uma família que me amava, sem amigos, sem nada. A única coisa que me restou, foi a vontade crescente de provar para meus pais o quanto eles estavam errados ao meu respeito. Que eu poderia ser uma feiticeira jujutsu forte sem usar a fala da família Kobayashi para isso.

Mas agora, muita coisa tinha mudado para mim. Aqui, na escola jujutsu, eu tinha encontrado um conforto que não imaginei encontrar em lugar algum. Era engraçado o como algumas coisas aconteciam sem a gente esperar e muito menos querer. Definitivamente eu não contava com fazer amizades e muito menos com uma evolução tão rápida. E se alguém me contasse que eu acordaria de madrugada para treinar com outra pessoa e que me sentiria a vontade o suficiente para usar minha técnica amaldiçoada ao lado de alguém, eu teria dado muita risada. Agora, enquanto subia uma das árvore para sumir do campo de visão de Yuta, sorri ao pensar nisso. Às vezes era bom estar enganada.

Observei Yuta se aproximar com o bastão de madeira erguido. Ele tinha melhorado muito e isso era absurdamente visível da forma que sua postura estava correta e sua concentração imensa. Mesmo que ainda tivesse péssimos reflexos e péssima percepção, Yuta parecia bem determinado a me encontrar. Mas eu não daria a chance dele de fazer isso antes de aproveitar o elemento surpresa e o pegar desprevinido. Eu tinha a escuridão da noite para me ajudar nisso.

Silence • Jujutsu KaisenOnde histórias criam vida. Descubra agora