Prólogo

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     Há um ano

      A vida não é fácil para ninguém.
     Muitas vezes olhamos para aqueles que têm tudo e achamos que não têm problemas por resolver. Mas nunca podemos saber, e é certo que cada um tem um nível de dificuldade diferente do outro, problemas diferentes dos outros. Todo mundo sofre, todo mundo tem um momento de felicidade, todo mundo tem um lado bom e tem um ruim também.
     Porque a vida é assim.
     E a vida trouxe-me até aqui, mas tenho que agradecer porque o striptease ajudou em muitas coisas, não houve apenas coisas ruins também consegui dinheiro nisso. Não que eu sempre desejei seguir para esse caminho, dançar para vários homens quase sem roupa não era o que destinei para mim.
     Mas é a vida.
     Não posso mentir, também sentirei falta de me sentir poderosa, de ver os olhares de adoração dos clientes, de vê-los loucos e excitados por minha causa. Mas tudo tem um fim e essa vida não é o que eu quero.
     Visto a minha máscara de renda de coelho que combina muito bem com o meu "traje" de dança. Algo simples como um sutiã dourado brilhante, uma calcinha preta sexy e meia liga. Como é a minha despedida, Lorenzo quis que eu fizesse um espetáculo particular para um dos clientes. Tudo o que eu sei é que ele não pode ser visto em público, mas pagou muito bem.
     Vejo-o pelo vidro espelhado, seu casaco de malha branco, daqueles que os ricos usam e fica perfeito nele, uma calça cinza e mocassins pretos em seus grandes pés, mas ele não pode me ver.  O homem conversa com alguém, outro homem. Parece que ele não quer estar aqui, mas o amigo o obriga a sentar e sai, fechando a porta.
     Então, espero um minuto e entro na sala. E olhos azuis claros me encaram e percorrem todo o meu corpo minuciosamente, sem vergonha, sem culpa, ele quer que eu perceba que o faz de propositadamente.
    Depois de uma avaliação quanto ao meu traje ou o meu corpo, cruza os braços e aguarda. A música começa antes que o homem perceba que estou estupefacta com a sua beleza. Os homens que frequentam a boate normalmente não são tão atraentes quanto esse, posso até dizer que a maioria não tem uma beleza clássica.
     Eu subo no poste e começo com a minha dança sensual, o melhor que eu sei fazer. Já que ele pagou tanto, tenho que dar o meu melhor. E eu sou uma das melhores dessa merda, porque é o dinheiro que está em jogo.
     Fico de cabeça para baixo e abro as minhas pernas, mas ele ainda não parece impressionado. Finjo caminhar pelo ar, giro pelo poste com uma perna, rebolo provocativamente, mantenho os meus olhos nele, e ele em mim, mas ainda com o ar enfadonho.
     Uso apenas as pernas para me segurar no poste, mostro todos os meus truques, vou até ao chão, volto a subir no poste, rebolo várias vezes para ele, e fico satisfeita que posiciona-se melhor, talvez para esconder o efeito que causei nele.
     É quase infalível.
     E depois de tudo, termino vindo até ele e coloco a minha perna no braço da sua cadeira.
     O homem continua sério, mas aplaude lenta e dramaticamente. — Foi um belo espetáculo. — Ele tira algumas notas do bolso.
     Afasto a perna da cadeira. — Não parece ter gostado.
     — Eu gostei. Mas teria gostado mais se não tentasse esconder esses belos olhos. — Ele levanta. — Tenho um fraquinho por olhos, não por peitos ou bunda, se bem que você é abençoada com isso.
     — Não poderá ver o meu rosto agora. Não assim.
     Ele sorri e entrega-me o dinheiro. — É um extra pelo esforço, mas eu gostava de ter visto mais.
     Aponto o volume em suas calças. — Acho que o que viu foi suficiente.
     Sorri. — Até nunca, estranha.
     Que perfume!
     Observo ele virar para ir embora e seguro o seu braço. — Se quiser uma dança particular, quer dizer, em sua casa, ou num hotel, talvez possa ver o meu rosto.
     Ele olha por cima do ombro. — Não, obrigado. Vou ter que me contentar com os meus sonhos sórdidos em que a faço enlouquecer de prazer.
     Largo-o após esse comentário. — Você não frequenta lugares como esse ou é só estranho?
     — Está demasiado interessada em mim, baby. Não faça isso. É provável que amanhã eu esqueça de você.
     — Pode acreditar, olhos azuis, eu não esquecerei de você, e tenho a certeza que vamos nos encontrar novamente.
     Ele passa a mão em seus cabelos sedosos e loiros. — Meu mundo é completamente diferente do seu.
     O que é suposto isso dizer exatamente?
     — Porquê eu sinto que não é?
     — Parece que nunca vamos descobrir. — Ele pisca um olho e finalmente vai embora.
     Seria pedir demais para voltar a encontrar essa coisa maravilhosa de olhos azuis?
     Mas eu aposto que o farei.
     Em uma outra vida.

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