Capítulo 3

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Nayeon gritou com Jihyo. Gritou e falou e falou e praticamente nem deixou ela dormir. Lim morava no mesmo prédio, mas no quinto andar. Era uma amiga desde a época da faculdade, e isso fazia com que tivessem intimidade o suficiente para que ela pudesse brigar com Jihyo. Mas não apenas isso, Nayeon deixou Jihyo ficar em sua casa até que encontrasse um lugar, e Nayeon ouviu Jihyo.

— Eu acho que você deveria dar um tempo pra elas, mas não desistir. — elas comiam macarrão em copinho, assistindo tevê. Jihyo estava com os arredores dos olhos vermelhos, o cabelo preso em um coque e uma roupa de Nayeon porque não encontrou peça alguma de dormir nas malas dela. — Sana e Tzuyu estão com raiva da mesma forma que você está meio louca por dentro. O perdão não vem fácil, mas...

— Eu acho que tenho um plano. — Jihyo deixou seu copo de lado. A luz da tevê era a única iluminação da sala de estar, e foi uma Nayeon meio azul que ela encarou ao se virar pra ela. — Vou dar todo tempo e espaço do mundo, e aí se elas quiserem...

— Ah meu deus, seu plano é ser uma solteirona que não consegue seguir em frente?! — Nayeon quase gritou aquilo. — Jihyo, você precisa de um plano de verdade. Vocês três têm uma filha juntas, uma história. Depois que essa tempestade passar, precisam decidir algo concreto. Algo que não vá ferrar com a cabeça de Soohyun.

— Acho que por elas eu nem veria Soo mais. — Jihyo riu sozinha, derramava pena sobre si mesma. — Nay, como fui acabar com a minha vida desse jeito, hm? Sem as minhas mulheres, com a minha filha provavelmente crescendo odiando tudo sobre mim. Acho que não tem conserto.

— Sabe, Hyo — disse Nayeon, apoiando a mão na coxa da amiga e olhando bem em seus olhos. — Você está com muito dó de si mesma, precisa agir. Quer essa vida de volta? Mas que vida? A que você se mata de trabalhar porque acha que é o certo? O que fica longe de suas esposas porque quer contribuir mais para família? Quer ver Soo crescer ou estar em cada instante de seu crescimento?

— Eu...

— Eu sei o quanto você as ama, e se quer essa vida, uma nova vida, você precisa se levantar e lutar. Mas, se quer sua vida antiga, é melhor você largar tudo e se separar mesmo. E então, Jihyo, o que é que você quer?

[...]

Três meses passaram como um furacão. Bom, considerando como a vida de Jihyo mudou de uma noite para a outra, não era uma exata surpresa que o tempo estivesse passando tão rápido assim.

Hoje era uma sexta-feira calorenta, e por um acordo que fez com suas... com Sana e Tzuyu, ela ia poder levar Soohyun hoje pra passar o fim de semana. Já até tinha comprado besteiras o suficiente, batata frita, chocolates e tudo o que Soohyun gostava. Queria agradar ao máximo sua filha, porque Jihyo decidiu lutar.

No primeiro dia em que se viu sozinha, pediu demissão. Saiu da empresa perguntando como suportou tanto tempo ali. Tudo bem que fazia o que gostava, mas havia algo que amava: sua família.

E Jihyo estava decidida em se tornar alguém melhor.

Havia algumas economias, e Jihyo usou elas para estudar sua verdadeira paixão, que era moda. Já tinha alguns croquis espalhados por seu apartamento, e esperava usar Soohyun de modelo nesses dias.

Ao estacionar o carro em sua antiga garagem, Jihyo sentiu um ar de saudades e nostalgia. Queria poder abraçar as esposas e dizer que estava com saudades. Mas aí se lembrava que elas já deveriam estar entrando com os processos de divórcio.

— Não Jihyo. — ela murmurou. — Vamos ter esperanças.

E então, ganhando uma dose extra de confiança, Jihyo rumou até o quinto andar, porque as Minatozaki deixariam Soohyun com Nayeon. Não queriam nem mesmo ver Jihyo, porém não foi bem isso o que aconteceu.

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