Capítulo 2

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     A noite de Anahi foi cheia de conversar e emoções, Christian e seus pais conversaram com ela durante o resto da tarde e durante a noite todos assistiram a um filme com direito a pipoca e boas risadas. Anahí se sentia acolhida no meio deles e mesmo não tendo a total certeza de que aquela realmente era sua família ela escolheu no seu interior dar uma chance para tentar se lembrar e se adaptar a sua "nova vida".
     No dia seguinte a loira foi acordada pela sua mãe e sua rotina era a mesma quase sempre, estava trocada mas sua mãe não tinha falado para onde ela ia e com quem iria, mas mesmo tentando ser firme e relutante de que não queria sair de casa Anahí apenas respirou fundo e foi levada para a sala de estar enquanto esperava a sua visita inesperada e nem um pouco desejada. Seu dedo batuacava em sua perna até Christian passar pela loira na sala e parar bem na sua frente.

────Ei, está bem? Bom dia dona encrenca, posso saber o motivo da cara fechada e do dedo agitado?

────Tysha me disse que vou receber uma visita hoje e vou ir para um lugar no qual ela nem sequer me disse onde e com quem.

────A mamãe não parou com isso ainda? ─Respirou fundo e se aproximou de Any segurando no apoio da cadeira de rodas.─ Vai sair com o Alfonso, seu fisioterapeuta, ele vai cuidar de você Any, vai te fazer andar de novo, então não dificulte as coisas para ele,certo?

────Como ela pode me mandar sair com um desconhecido? Ela não pode fazer isso comigo, eu não quero ir!

────Any, ele não é nenhum desconhecido, ele cresceu com a gente e a irmã dele Maite é sua melhor amiga, ela está se contendo para não vim aqui desde que soube que está acordada!

────Como ela quer saber de mim se eu nem me recordo dela? Não quero contato com ninguém, será que é difícil notar isso?

────Any não seja dura consigo mesma, ela é sua melhor amiga e é normal que ela queira te ver depois de tanto tempo. Agora... sua carona chegou,vamos vou te levar até ele...

Christian pegou uma bolsa preta no sofá e colocou no meu colo, a luz do sol incomodou meus olhos quando saímos da sala, Tysha não estava em casa, Alfonso saiu do carro e abriu a porta do passageiro. Comprimentou Chris com um abraço e um sorriso logo depois, fiquei encarando aquela cena torcendo pra ser apenas encenação dos dois, Christian me pegou no colo e me colocou no assento, afivelou o cinto de segurança e eu apenas apoiei a cabeça no banco, aquilo era humilhante demais. A bolsa foi colocada sobre meu colo e eu soltei o ar pela boca fechando os olhos.

────Vai dar tudo certo Sunshine, chega de suspirar, seu caderno está aqui e bom, sua cadeira de rodas vai ficar aqui em casa também, Alfonso disse que não vai usar ela hoje.

────Christian! Não posso ficar sem minha cadeira de rodas! Quer me humilhar mais ainda?

────Então quer dizer que o gato não comeu sua língua, Anahí.

Quando Alfonso entrou fechando a porta segurei com firmeza no braço de Christian para que ele não me deixasse ir com aquele cara, minha cara de espanto era notável, só vi ele soltando seu braço do meu o que me fez fechar os olhos e soltar o ar pela boca.

────Cuida bem da minha irmã Alfonso, espero que ela volte em segurança!

────Chris, você sabe melhor do que ninguém que estar comigo é estar com Deus.

     Ele parecia ser gay, ele e Chris com certeza já tiveram alguma coisa, esse jeito deles não me engana nenhum pouco!
      Alfonso ligou o carro e deu partida e eu me mantive em silêncio enquanto ele dirigia,tudo que eu queria era que ele ignorasse minha existência o que foi impossível ele quebrou o silêncio do carro,e foi ai que eu já sabia que não teria como bancar a muda.

────Já sei que você fala, mudinha.

────Está satisfeito por ouvir minha voz? Pra você deve estar sendo emocionante.

────Não desminto, está mesmo, pelo que eu me lembro quando eu ouvi sua voz pela primeira vez você falava fino e não sabia metade das palavras.

────Que bom que as pessoas evoluem, acho que minha família te paga pra ser um bom fisioterapeuta não psicólogo.

────Seus pais não me pagam, estou fazendo isso por livre e espontânea vontade. Espero que isso que eu acabei de falar não tenha ferido seu orgulho, mudinha.

────Da pra parar de me chamar de mudinha?

────Certo,mudinha...digo,Anahí, não está mais aqui quem falou. Chegamos.

────Por que me trouxe aqui? Esta querendo me humilhar também?

────Você reclama demais,isso é normal?

     Ele ignorou totalmente o que eu tinha perguntado e apenas desligou o carro e desceu, deu a volta no veículo e abriu a porta, tirei o cinto de segurança e por um segundo esqueci que não conseguia mais andar, a sorte foi que Alfonso estava na minha frente e caí em seus braços que por sinal eram fortes.
    O rapaz me arrumou no chão e ainda segurando minha cintura fechou a porta do carro, sua respiração batia contra meu rosto e eu suspirei mordendo meu lábio inferior.

────Vou te ajudar a voltar a andar, então não tenha medo de tentar. Eu aluguei essa piscina esportiva apenas para nós dois hoje, então não se sinta pressionada!

────Eu tenho medo! Não quero cair de novo!

────Não precisa ter medo, eu estou aqui para te segurar se for pensar em cair.

O rapaz foi se afastando de mim apenas para me dar espaço, mas em nenhum momento ele largou meu corpo, era difícil dar um passo, por mais que eu queria não conseguia nem mover um só dedo. Aquilo me mostrava o quão fraca eu era, Alfonso vendo que eu estava quase chorando me pegou no colo e entrou comigo para dentro do local que era coberto por lonas no teto e sua estrutura era ótima. Parecia uma escola de natação.

────Vai dar tudo certo, vou te fazer mexer pelo menos os dedos hoje,sua mãe  colocou seu biquíni?

Let me go (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora