Pequenas alegrias, pequenas maluquices

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Ela estava imóvel, confortável. Os rolos de cobertas e travesseiros fofos esquentaram na temperatura perfeita,  e mesmo que não estivesse com um pingo de sono, queria continuar deitada.

 O vento acariciou as cortinas de modo maternal, permitindo a entrada de raios de sol ligeiros e reconfortantes para dentro da alma de Gabi. 

 Mas aquela calma, depois de dois cochilos, perderam a graça. Ela logo levantou com a velocidade de uma preguiça e colocou os pés no chão gelado, para levantar rapidamente os pés, se arrependendo de não estar usando uma meia.

"Frio..."

Ela colocou as pantufas e arrumou os lençóis azuis da cama. O quarto tinha tonalidades que iam do mais leve creme ao dourado, tendo o tema subitamente quebrado pela cama azul bebê. Ela gostava de escolher as coisas em casa e mudar as cores de tempos em tempos.

 Copo na mesa, leite derramado, irritação, um pano para limpar o chão. Em um primeiro momento ela se assustou com o leite caindo por não ter prestado atenção ao bocejar e esbarra na caixa em cima da mesa, mas depois de leve irritação ela abanou a cabeça e sorriu, achando engraçado que ela tenha sido tão estabanada. Os ombros subiram e desceram em um gesto de pouca importância.

 Gabi tinha aprendido que algumas coisas simplesmente acontecem e que por serem naturais essas coisas não poderiam ser algo relevante. Chorar por leite derramado? Mas o leite não estava ditando o fim do mundo e nem o destino de ninguém! Ela não conseguia entender por que haviam pessoas que ficavam tão irritadas com esse tipo de coisa...

Afinal de contas, eram só objetos. Desde que não estivesse prejudicando pessoas, por que se importaria?

"Tsk!" ela desligou a TV depois de notar que as notícias não eram úteis, e que o outro jornal era sobre os crimes mais hediondos recentemente.

 'Agora, por que alguém assiste isso?' Ela se perguntou. 'Não ajuda nem informa nada, só serve para causar medo e ansiedade.'

 Ela não estava a fim de arruinar seu humor com aquele tipo de conteúdo. Pela manhã, o que você faz pode determinar seu humor durante o dia todo! Ficar pensando sobre o fulano tal que fez tal crime nos Estados Unidos? 

 Política acaba sendo bem mais útil.

Ela ligou o som nas músicas favoritas. 

Toddynho depois do café da manhã. Como muitos diziam, a receita lara doidice. Pegou o celular, abriu a série que queria e--

 "Que solidão..." A voz dela ecoou do chão da sala, onde sentava em uma cama emprovisada com uma pilha de travesseiros.

Chamou a amiga mais próxima, preparou besteiras para comer e esperou. Quando ouviu a voz da amiga seu olhar se tornou radiante.

"CHEGUEI, BEBÊ!" a voz cômica obviamente fazia parte do motivo de Gabi estar controlando os risos e estar fingindo que não viu o olhar de julgamento de uma vizinha, que já tinha certeza que as duas não batiam bem da cabeça.

Chapeleiro maluco já disse que as melhores pessoas são loucas 'Ou será que a Melanie disse antes dele? Nunca se sabe os mistérios dessa vida'

Gabi concordava plenamente. As pessoas muitas vezes confundiamo fato de ser robótica e dar resultados no trabalho com ser adulto. Na verdade, elas taxavam tudo natural das emoções humanas como loucura, como esquisitice. Se você é uma secretária aplicada, o fato de que você coleciona revistinhas do Flash fazem de você um esquisitão. Isso sim, era loucura. Por que um simples gosto deve ser loucura?

Seria feliz sendo louca, muito obrigada!

Enfim, foi isso que ela refletiu depois de olhar para uma xícara de chá da cozinha logo antes de abrir a porta. 

Coisas normais da vida.

Simples momento felizWhere stories live. Discover now