Máquina do tempo

49 5 0
                                    

Eu não sei bem quais serão as consequências das minhas ações. Se eu tivesse uma máquina do tempo, viajaria para o futuro, só pela curiosidade de saber o que eu me tornei, e o que estou fazendo. Ou viajaria para o passado, pela graça de reviver os momentos felizes ao lado das pessoas que eu amo, das que não estão mais aqui, e para impedir que coisas ruins aconteçam.

É meio patético e infantil pensar dessa forma, ainda não houve alguém capaz de criar algo tão incrível como uma máquina do tempo, então nunca saberei o futuro que me aguarda, e nunca poderei mudar algo que já aconteceu.

Se tudo correr bem, estarei morando em Quioto com meus avós, trabalhando com algo que eu gosto, cercada de boa gente e de um verde exuberante. Longe de tudo isso, dessa merda de cidade e de suas perversidades encobridas pelos mais belos e incríveis panos postos pela mídia, e junto de mim estaria Takemichi, uma das únicas pessoas que me importam nessa vida.

Parece algo simples, eu sei. Basta ligar para meus avós e pedir para morar com eles, não? Bem, não é tão fácil quanto parece. Eles são simples e vivem com o dinheiro da aposentadoria do meu avô, não teriam condições de criar duas crianças sem o apoio dos meus pais, que por sua vez não me permitem ir para lá.

"Quem cuidará da casa?"

"Seus avós são velhos demais!"

"Você tem responsabilidades."

"Precisamos de você em Tokyo"

É sempre uma desculpa diferente, e eu não posso contar com eles.

Por sorte eu consegui um emprego de meio período, e estou juntando dinheiro para conquistar minha tão sonhada independência. Mas isso também parece bobo, terei que trabalhar por muito para isso, por este motivo penso-me em Quioto como um futuro distante, por hora aguentarei aqui, e tentarei livrar Takemichi de qualquer confusão e problema que surgir, pois ele tem que estar ao meu lado em um bom lugar. Esse é o meu maior desejo.

- Ichigo? - ouço me chamar.

Saio do meu devaneio e me viro para ele.

- Take...?

- Oi, eu... queria ver você um pouco. - Ele chega mais perto de mim e me abraça com força.

- Ora, por que isso? Ainda está brigado com a Hina?

- Bom, sim, mas não é por isso. É que eu estou de saída, só queria te ver antes de ir.

Fico em silêncio. Por que isto parecia uma despedida? Ele não fala mais nada e só continua me abraçando, enterrando seu rosto em minha clavícula, como se nada mais existisse ao nosso redor.

- Preciso ir agora. - Ele murmura. - Vejo você depois...

- Tudo bem, cuidado.

O observo sair, e algo em meu peito não parece certo. Para onde ele estava indo?

...

Sigo pelas ruas andando em passos lentos. Não há nada aqui apenas alguns gatos correndo de beco em beco atrás de ratos fujões. É tarde da noite agora, e perigoso para uma mulher, mas o que isso importa? Meu singelo expediente em uma cafeteria local, neste lugar pouco frequentado por pessoas de fora acabou mais tarde do que deveria, só por causa de um cliente abusado. Eu não dei sorte.

Se eu fosse parar para pensar no que deu de errado na minha vida, eu diria que foi quando eu decidi fazer aquela loucura. Não, não foi ali, talvez, quando ele cometeu uma loucura. Não, eu não faço ideia de quando foi, mas em algum momento do meu passado meu caminho perdeu as estribeiras.

Meu Raio de Sol - Imagine Manjiro Sano Onde histórias criam vida. Descubra agora