Capítulo 2 - Além da arrebentação

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"Me agarra na cintura, me segura e jura que não vai soltar."

[Calor:

/ô/

"Sensação produzida exteriormente por contato do corpo (pele) com fogo ou com ambiente ou matéria aquecidos." ]

Ar.

Definitivamente era isso que lhe faltava naquele momento. É bem verdade que havia cruzado o corredor completamente no automático, guiada pelo desejo que a atormentava. Assim que a porta do quarto dele se abriu, Heloísa esqueceu de manter a regularidade da respiração. Mal sabia que o mesmo acontecia com Leônidas, que nem acreditava que sua amada estava ali bem na sua frente, ou seria uma brincadeira da sua imaginação? Se fosse, era a mais bela das miragens... linda, linda, linda.

— Heloísa? – chamou, trazendo ambos de volta à realidade.

Que calor, foi isso que passou na sua mente. Ele estava lá, uma das mãos apoiadas na porta e a outra na parede, a posição valorizando os músculos torneados. E agora, como deveria agir? A mulher ponderou, não sabia bem o que fazer, mas não ia ficar a mercê das suas dúvidas, não dessa vez. Deixaria a paixão guiá-la. Soltou o ar – que nem lembrava que prendia – e deu um passo em sua direção e mais outro, sem tirar os olhos dele. Talvez entendesse o seu olhar e descobrisse o que ela estava querendo.

Já estavam tão próximos um do outro que as respirações se confundiam. Ergueu a mão, delicadamente, tocando o peito exposto e foi subindo até que repousassem em seu ombro. Sentia o coração dele bater fora do ritmo, assim como o seu. Leônidas engoliu em seco, sentindo a sua pele tremer. Por Deus, foi um mísero toque, como ela conseguia atordoá-lo tão rápido assim? E os olhos, que sempre conseguiam lhe tomar a lucidez, naquele momento, eles estavam com um brilho diferente. A observava atentamente, estudando seus movimentos, o que ela estava fazendo ali, afinal? Torturando-o?

— Que houve, minha rosa? – disse com a voz embargada, era muito difícil falar com ela tão perto assim – o que quer aqui?

— Eu quero você, Leônidas – sussurrou, desviando o olhar para a boca dele – eu preciso de você.

Foi o estopim, era a confirmação que precisava. Leônidas a agarrou pela cintura e colou os lábios sem o menor pudor, trazendo-a para dentro do quarto e fechando a porta em seguida. A beijava com devoção, demonstrando toda a paixão guardada em seu peito. As mãos corriam pelo corpo, numa necessidade incontrolável de decorar cada parte e desfrutar de cada pedaço. Não se ouvia outro barulho naquele cômodo senão o som dos suspiros abafados pelos beijos e dos passos que eles davam, buscando a cama.

Heloísa suspirava sob os lábios dele, mas não deixaria que ele fosse para longe dela. O ar estava quase escasso, mas nenhum dos dois ligavam para isso agora. Ela se prendia em sua nuca, enquanto sentia os braços lhe puxarem cada vez mais.

O calor que sentia antes parecia infinitas vezes maior agora, devia mesmo era estar queimando de febre, porque aquele queimor todo que a envolvia não podia ser normal. Leônidas desfez o laço do robe que usava e o deixou em algum lugar no meio do caminho. Seu corpo se arrepiava a cada toque e quando ele desviou os beijos para o pescoço, deixando leves mordidas na sua pele, Heloísa teve que se agarrar em seus cabelos porque suas pernas quase cederam.

Estava tão inebriada que não ouviu quando um trovão soou ainda mais forte ou um raio rasgou o céu e clareou o quarto. Heloísa se redescobria, encontrava-se totalmente entregue àquela atração e aproveitaria cada parte daquele novo amor e tudo o que ele a proporcionasse. Tudo o que exalava era paixão e seu corpo era a principal testemunha.

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