O relógio marcou meia noite. Elain Archeron caminhou até seu quarto, ciente do macho que saiu das sombras logo atrás dela. A palavra que pairava entre eles era cautela. Não havia ninguém acordado, mas cada passo os tornava mais próximos. Uma sombra deslizou pelo ar até a mão dela.
Elain abriu a porta do quarto sem fazer muito barulho e o convidou para entrar com o olhar. A janela estava aberta, permitindo que a luz da lua e uma brisa leve entrassem.
Finalmente estavam sozinhos; sozinhos depois de conversar um dia inteiro no jardim. Mas no jardim estavam à vista de todos, e ali... Ali era particular. Não eram necessárias palavras.
Elain sentiu um arrepio percorrer seu corpo quando Azriel caminhou até ela, e aquele olhar que estava em seu rosto há muito tempo a encarou novamente.
Elain sorriu quando uma sombra a acariciou de novo. Foi um sorriso tímido, mas caloroso, e Azriel sentiu que podia se embriagar nele. Sentiu que tocar nela era o mais próximo que chegaria de uma experiência divina.
Então ele tocou. Com uma mão trêmula, Azriel tocou a bochecha dela, acariciando com a ponta dos dedos. O silêncio do lugar só era quebrado pelo som da respiração deles, e a forma como Elain respirou fundo ao se aproximar mais.
Ela ansiava por seu toque. O corpo inteiro queimava devido a proximidade deles. Elain Archeron inclinou a cabeça e fechou os olhos, sentindo a mão dele descer mais, lentamente, até seu pescoço.
Então ela suspirou e abraçou a cintura dele com um braço.
Oferta e permissão.
Azriel ergueu o rosto dela um dedo e ousou acariciar os lábios dela com sua boca, e o mundo se quebrou ao redor deles. O encantador de sombras soube que se lembraria para sempre daquilo, da mão dela o apertando e o puxando para mais perto, a maneira como seu corpo se encaixava perfeitamente nos braços dele. Elain ficou nas pontas dos pés a fim de estar mais perto, sem interromper o beijo.
Azriel parou por alguns segundos, ansioso por explorar outras partes do corpo dela. Seu olhar foi atraído até o pescoço de Elain. Inclinando-se, ele mordiscou a pele exposta, maravilhado ao ouvir o ruído que escapou da garganta dela. Então ele a beijou de novo, começando pela bochecha, descendo quase até o pequeno decote dos seios, onde Elain ofegou e agarrou seu cabelo.
Ela não queria pensar. Quando ele a acariciava daquela maneira, ela se enchia de pensamentos sobre como queria que a tocasse de outras formas. Mas quando Azriel voltou a beijar sua boca, nada mais existia. Nada no mundo era tão importante.
Ele finalizou o beijo lentamente, selando suas bocas de forma breve no final. Um sorriso se desenhou no rosto dos dois.
Um aviso. Se não naquela noite, em outra...
Em outra noite, Azriel e Elain seriam completamente um do outro, entregando-se. Mesmo que o mundo lá fora jamais desconfiasse disso.