Capítulo 6

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— Princesa! — Nickolas cumprimentou.

Ele havia acabado de chegar, mamãe ainda não voltou. Os dois passaram a noite fora.

— Não pense que esqueci do que você fez. — evitei o olhar, concentrando-me no pote de sorvete em cima da mesa de jantar, onde eu devorava o sorvete de chocolate com cerejas e granulado. Apenas aquilo poderia melhorar meu humor.

— Eu te levei no jogo, não levei? Deveria me agradecer. — disse ele, com um sorriso sínico em seu rosto.

— Eu não pedi pra você fazer nada. — falei, ainda o evitando.

  Então voltei a atenção ao meu sorvete.

— O que tenho que fazer para você mudar a sua carinha, princesa? — ele passou a mão em meu rosto, acariciando-o.

— Que me deixe comer em paz. — murmurei, brincando com a colher.

— O que disse? — pediu em um tom mais rígido.

— Nada — sussurrei.

— Acha que abrir aquele presente a faria se sentir melhor?

  Meu rosto abriu-se em um sorriso instantâneo.

— Acho que isso é um sim. Vamos lá buscá-lo!

  Fomos para o meu quarto. Ele segurou minha mão pelo corredor, vendo-me tentar esconder minha curiosidade.

  Meu quarto estava arrumado pela primeira vez em muito tempo, as cortinas estavam abertas e os brinquedos que me restaram estavam em ordem na prateleira.

— Arrumou seu quarto?

— Mamãe contratou uma moça para isso.

— É claro.

  Avistei o presente embrulhado no canto do quarto onde ele havia deixado.

— Posso abrir tio Nick? — Usei minha melhor expressão de "gato de botas".

— Claro que pode. Pegue-o.

  Soltei sua mão e corri até a caixa enfeitada com papel presente e um laço no topo.

  Rasguei o papel, vendo Nick se aproximar pela minha visão periférica.

  Uma boneca!

  Não acredito que ele me deu uma boneca que parecia ser tão cara! É a primeira vez que ganho alguma de um namorado da mamãe.

— Não acredito! — exclamei, com minha felicidade bem aparente — É uma boneca! — soltei um gritinho de alegria e me apressei para tirá-la da caixa.

  Nick abaixou-se ao meu lado, assistindo enquanto eu analisava a boneca.

  Ela era ruiva, de pele clara, cabelo liso, com um vestido amarelo. Achei que parecia-se comigo.

— Você gostou? — Nick falou em tom baixo e firme.

— Eu amei! — sorri.

  Em um pulo,o abracei, derrubando-o.

  Acabei deitada em cima dele. Sua expressão era de espanto mas ao mesmo tempo, ele estava feliz.

— Obrigada, tio nick! — sorri, ainda o abraçando— ela é muito bonita. — falei, me apoiando em meus cotovelos para olhar em seus olhos.

— Não tanto quanto você. — ele sussurrou, arrumando uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha.

  Senti a vergonha tomando conta de mim e provavelmente se refletindo em minha bochechas.

  Sua mão repousava em meu rosto e seus olhos me analisavam.

— Nunca farei mal à você princesa. — prometeu em um sussurro.

  Senti seu hálito em meu rosto e sua mão em minha cintura.

  Ele estava vulnerável pela primeira vez em minha presença.

— Nick... — sussurrei, buscando palavras.

  Um barulho nos tira a concentração. Era mamãe chamando desesperadamente por Nick.

  Saí imediatamente de cima de Nickolas e o deixei sair.

  Fui atrás dele pelo corredor mas parei no começo da escada, o suficiente para ver mamãe com as mãos cobertas de sangue e seu rosto encharcado por lágrimas.

  Minha mão estava na boca para conter minha emoção.

  Mil coisas passaram na minha cabeça, e quando todas elas se  aglomeram, escorrem pelos olhos.

— Caterina para o quarto! — Nickolas gritou, se aproximando de mamãe.

  Eu obedeci imediatamente.

  Agarrei-me à boneca recém adquirida e me deitei na cama, revendo a cena de minha mãe ensanguentada e imaginando que atrocidade ela possa ter vivido.

  Ou cometido.

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