Primeiras impressões

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"Senhores passageiros, estamos sobrevoando o belo estado do Arizona e em menos de meia hora pousaremos em Phoenix"

A voz da aeromoça retirou Sarah de seus pensamentos, os óculos escuros, escondia as olheiras dos últimos dois dias após a visita de John em sua casa naquela manhã tão complicada. Ela sabia que poderia ser considerada esnobe, era noite, as luzes de dentro do avião não estavam tão fortes, mesmo assim ela permanecia de óculos, parecendo uma personagem de livros românticos em depressão, aquele pensamento a fez esboçar um fino sorriso triste, não havia como não ver um certo humor negro em toda aquela situação.

Não queria pensar em nada, nem mesmo em sua aparência tão decrépita, mas sabia que precisava seguir em frente, por mais que aquela idéia lhe doesse, por mais que as lembranças daqueles dias no hospital lhe fizessem ter vontade de se jogar do avião, por mais que tudo não fizesse mais sentido para ela, ainda sim, sabia que precisava continuar, mesmo que fosse apenas um passo de cada vez.

"-Sara, eu sei que as coisas não estão sendo fáceis, mas eu preciso lhe dizer mais uma coisa." – Quando alguém diz que tudo pode piorar é porque realmente pode, a expressão de John por cima dos óculos de grau era determinada, ele sabia que Sarah iria reagir mal aquilo mais era uma clausula do testamento e precisava ser cumprida.

"-O que houve?" – Disse a menina com a voz sonolenta, percebeu que ainda estava de pijama e se sentiu desconfortável, mais apenas permitiu que John entra-se primeiro, fechou a porta para evitar os olhares curiosos de seus vizinhos e foi até a cozinha preparar um café, o advogado foi com ela se sentando em uma das cadeiras que não tinha livros em cima, Sarah amava ler, estava sempre disposta a novas indicações e costumava procurar boas indicações na internet.

"-Você não pode ficar aqui sozinha, bom, seu pai não queria que você vivesse só se algo acontecesse com ele, no caso, infelizmente isso aconteceu, e....no testamento de seu pai está bem claro suas vontades." – John falava de forma séria, sabia que aquilo seria um enorme choque para a jovem, ela nunca teve muito contato com os parentes de seu pai, Jonathan meio que havia se afastado dos outros, mais as vezes ele falava sobre a família que queria ter novamente, de uma época onde vivia com os dois irmãos na pequena cidade próxima do Arizona.

"-Mas isso é loucura, eu sei muito bem me cuidar eu praticamente cuidava dele melhor do que ele cuidava de mim." – Disse a voz da jovem indignada.

"-Será por pouco tempo, ao que vejo isso era uma forma de manter você protegida, Jonathan jamais iria se perdoar se soubesse que você ficou desamparada." – O advogado aceitou o café que Sarah havia feito e ao beber percebeu que ela tinha esquecido o açúcar, mas devido a situação não quis comentar sobre isso. – E como sabemos sua mãe é uma incógnita para todos nós, não sabemos onde ela está e muito menos se iria assumir o papel dela, por isso Jonathan jamais cogitou a possibilidade de procurarmos por ela caso ele não pudesse mais cuidar de você.

"-E o que meu pai queria exatamente?" – Disse Sarah olhando para o jardim que parecia totalmente abatido ao seu ponto de vista, ela não queria nem ao menos pensar na hipótese de procurar por sua mãe nesse momento, em pensar que ela havia tentado ligar no último número que tinha da mulher, e infelizmente nem mesmo uma mensagem de volta ela recebeu.

"-Seu tio George Carter, ele mora no Arizona em uma cidade pequena, chamada Flowers city, fica a 150 km de Phoenix, ele é um mecânico, eu entrei em contato com ele a uma semana atrás e falei com ele recentemente sobre o que está acontecendo aqui, seu pai queria que você ficasse com ele ou com Paul, mais Paul viaja muito e também está em outro continente o que impede que eu e seus amigos estejamos presentes na sua vida nesses próximos meses. Seu tio Paul tem fechado muitos contratos imobiliários na Itália."

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