Pov: [nome]
Saí do trabalho e entrei no carro para seguir viagem até à casa de Aizawa, como passara a ser rotina desde que ele abandonara o lar. Era o primeiro dia de trabalho da minha mãe na fábrica de doces e pedi-lhe para que quando saísse do trabalho passasse em casa do Aizawa, já que ficava do outro lado da rua, para eu lhe apresentar o homem que lhe havia dado aquela oportunidade e ela poder agradecer-lhe pessoalmente. Depois iríamos juntas embora.
Liguei o rádio do carro para me entreter enquanto lutava contra a impaciência que o trânsito e os semáforos me causavam e quando terminou de tocar a música que estava a dar começou Photograph, do Ed Sheeran. Naquele momento foi como se aquela mão gigante voltasse a pegar em mim, mas em vez de me apertar para me espremer os pulmões atirou-me para trás no tempo. Era a música do meu namoro com Todoroki. O nome dele estava gravado em cada verso e nota daquela música. Podia ouvi-la cinquenta anos mais tarde que seria inevitável lembrar-me dele. O meu coração acelerou e a minha cabeça mergulhou num mar de recordações. Queria desligar o rádio, mas não conseguia. Era como se me estivesse a saber bem aquela dor ou como se de alguma forma pudesse estar mais próxima dele naquele momento. Pensei que já estava a superar o
nosso fim e afinal apenas tinha andado com a cabeça demasiado ocupada. A falta dele estava toda lá.Começou a faltar-me o ar e abri o vidro do carro. Senti raiva da minha fraqueza naquele momento, mas num instante essa sensação foi substituída por uma vontade enorme de o procurar. Agarrei no telemóvel e comecei a escrever-lhe uma mensagem. Já não era eu que controlava os meus movimentos, era a saudade a mexer-me nos dedos. Contudo, assim que terminei de escrever a mensagem e me preparava para clicar em enviar não fui capaz. Apaguei tudo, meti o telemóvel na mala, corri o fecho para ter mais um obstáculo para se opor à tentação, caso voltasse, sintonizei outra rádio e voltei a fazer-me à estrada.
Quando entrei no quarto de Aizawa foi como se me sentisse protegida, pois sabia que durante os minutos seguintes ia ter a minha cabeça ocupada a fazer aquilo que gostava e, pelo menos durante esse período, não havia desilusão amorosa que me tirasse o foco.
- Já tem uma resposta para mim?-Perguntou Aizawa assim que trocámos cumprimentos-.
Tinha ficado de lhe dar uma resposta sobre a proposta que ele me tinha colocado em relação ao seu neto. Tinha pensado muito sobre o assunto, mas quanto mais pensava mais questões me surgiam.
Parecia que Aizawa criara um plano minucioso para não me dar outra alternativa que não fosse aceitar a sua proposta. Afinal de contas, ele já me tinha ajudado muito. Além dos inúmeros desabafos que ouviu e dos muitos conselhos que me havia dado, dias antes ofereceu um emprego à minha mãe e ainda me oferecia, segundo ele, a receita para ser feliz no amor.Tinha tocado exatamente nos meus pontos fracos, família e amor. E logo por isso deixava-me sem muitas desculpas para recusar. Até porque me tinha apanhado numa altura da minha vida em que se me dessem um frasco com uma poção mágica para passar a minha agonia e ser de uma vez por todas feliz eu tomava-o sem pensar nas consequências.
Não era nenhuma criança para acreditar que havia de facto uma receita, mas também sabia que Aizawa não me estava a enganar, pois se havia alguém no mundo que fosse portador de uma fórmula para se ser feliz no amor, era sem dúvida aquele homem. Mas antes de lhe dar o meu veredicto final, coloquei algumas questões.
- Como é que está à espera de que eu ajude o seu neto? O que é suposto eu fazer? E porque havia ele de fazer o que eu lhe peço ou seguir qualquer orientação minha?
Antes que ele me começasse a responder, coloquei-lhe uma bola entre as mãos e fiz-lhe sinal para que a levantasse o mais alto que conseguisse e a baixasse depois, repetindo o movimento. Um exercício que costumávamos fazer para trabalhar os membros superiores e que ele já conhecia muito bem. Assim, enquanto falávamos trabalhávamos e aproveitava-se melhor o tempo.
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Não era para ser assim - Bakugou Katsuki
FantasyBakugou era um jovem rico, mal-educado e mimado. Tudo que [nome] mais desprezava em alguém. No entanto o avô de Bakugou, um homem sábio e profundo reconhecedor da vida, viria a aproximá-los . Ao perceber a necessidade de [nome] em reencontrar o cami...