𝓒𝓪𝓹𝓲́𝓽𝓾𝓵𝓸 1

123 5 11
                                    

POV: [nome]

-Acabou.

Esta simples palavra parecia ter a forma de uma mão gigante que me agarrava e começava-me a apertar o corpo esvaziando-me o ar dos pulmões. Senti-me repentinamente submersa num oceano de lágrimas desejosas de me abandonarem os olhos.

-Como assim, acabou, Tododroki? - Perguntei por impulso, com a inútil expectativa que me desse uma resposta contrária.

-Desculpa! Eu tenho andado muito confuso. Não sei se é isto que eu quero, não sei se é isto que preciso. Eu tenho que ser o mais correto possível contigo e isto implica afastar-me de ti para assentar as minhas ideias, refletir sobre aquilo que sinto e tentar perceber porque é que eu não estou bem.

-Não, Todoroki! Não pode ser. Como é que isto é possível? Eu sempre fiz tudo por ti, sempre dei...-Falhou-me a voz-.  Sempre dei o meu melhor por esta relação. Abdiquei de muitas coisas por nós e esforcei-me sempre para corrigir as minhas falhas e melhorar os meus defeitos. E estás a dizer-me que não sabes se é isto que tu queres e precisas? Não, isto não pode estar a acontecer!

- [nome] tem calma. Isto também não é nada fácil para mim porque sei que estou a magoar uma pessoa que me é muito importante, mas eu não consigo nem posso estar ao teu lado incompleto. Não estaria a ser justo contigo e de certeza que tu também não irias querer isso. E é assim que eu me sinto. Incompleto. Não penses que a falha é tua ou que cometeste algum erro. O problema é meu e sou eu que tenho de o resolver.

Todoroki pousou a mão sobre o meu braço e senti, naquele gesto,uma compaixão dolorosa que me fez sufocar ainda mais naquele carro parado no estacionamento em frente ao meu prédio. Era o típico gesto de um amigo a tentar confortar outro pela perda de um ente querido e isso deu-me uma náusea tão intensa que julguei que ia vomitar ali dentro.

- Abre o vidro. Rápido! -Pedi-lhe.

Deu meia-volta à chave do carro e fez descer o vidro do meu lado.

Coloquei a cabeça ligeiramente de fora e respirei fundo várias vezes o ar fresco da noite que guardava para si em segredo todo aquele cenário de despedida. De costas para ele, apercebi-me pelo seu silêncio que ficou sem saber o que dizer para não piorar o estado em que me tinha deixado. De certa forma, agradecia-lhe, pois sabia que naquele momento só a voz dele iria remexer-me de novo o estômago. Enquanto lutava contra o acelerar do meu ritmo cardíaco com respirações profundas, dei por mim a focar o meu olhar numa lata de Coca-Cola vazia, amassada e abandonada junto ao passeio.
Senti uma empatia imediata com aquele pedaço de lixo. No fundo, também eu tinha dado tudo o que tinha de mim. Também eu tinha sido completamente sugada, amassada e estava prestes a ser abandonada junto àquele mesmo passeio. Éramos a prova quase viva de que dar tudo é um bom começo para ficarmos sem nada.

- O que é que te falta? -Perguntei, assim que me recompus o suficiente para voltar a ouvir a voz dele.- Diz-me o que é que te falta ao meu lado se eu sempre te dei tudo o que tinha de mim? É o sexo que não é bom? Sou eu que não sou boa o suficiente para ti? Meu Deus... já sei. Conheceste outra pessoa? Foi isso, não foi?

- Não digas asneiras, [nome]. Nem comeces a fazer filmes na tua cabeça. Eu não tenho ninguém. Já te expliquei que o problema é meu, vem de mim e é responsabilidade minha.

- Tretas, Todoroki! Tu apenas não queres dizer a verdade para não me magoares ainda mais. Mas se é para doer então prefiro, e peço-te, que me magoes com a verdade. Não tenhas medo de dizer que já não me amas, não tenhas medo de dizer que já não sentes o mesmo, que não é mais a mesma coisa e que perdeste o interesse. Eu prefiro mil vezes a certeza de que acabou de vez do que a dúvida indefinida de que isto ainda pode resultar.

Não era para ser assim - Bakugou KatsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora