Capítulo 3

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Felipe

Como eu já imaginava, foi um longo voo, vim praticamente a viagem toda sentado com as gêmeas no colo, pois era colocá-las nos bebês conforto, que elas choravam. Mas enfim, chegamos ao Brasil e sinto um certo conforto ao desembarcar na minha cidade.

— E então meu filho, feliz de estar de volta a sua cidade?

— Nem lembro direito daqui pai, mas olhando o aeroporto, parece tudo normal.

— Que é isso garoto. Curitiba é a capital ecológica do Brasil, tenho certeza de que você vai amar os parques daqui...

— Não sou mais criança pra ir em parque pai, acho que seria melhor você falar das baladas.

— Isso eu não sei, provavelmente já é bem diferente da minha época... — Avisto um homem segurando uma placa com meu nome e nos aproximamos dele. — Boa tarde, sou Felipe Mourão. — Estendo a mão e o homem que fica me encarando por um momento, mas por fim, ele pega em minha mão e me cumprimenta.

— Boa tarde senhor Mourão, sou Jorge, assistente do senhor Guilherme.

— Sem senhor, me chame de Felipe.

Ele concorda e caminhamos até o carro, arrumo as bebês em suas cadeirinhas e Júnior reclama por ter que ir espremido no meio dela, eu e acomodo no banco do passageiro e seguimos para a mansão. Vamos o caminho todo em silêncio, apenas observo o trânsito e a paisagem, lutando para não cochilar. Assim que passamos pelos portões, já vejo Nana parada em frente a mansão, e antes que eu possa abraçá-la, Júnior corre, aproveitando que as gêmeas começaram a chorar.

— Nana, que saudades. — A puxo para um abraço, assim que coloco os bebês conforto no chão. — Como você está, meu amor?

— Seu amor é? Sei! Estou bem meu filho. — Ela olha para mim e para o Júnior. — Meu Deus Juninho como você cresceu, está um homem já.

— Pois é Nana, nosso garotinho já está ficando barbado. — Eu passo as mãos pelo cabelo dele fazendo um cafuné e ele me mostra a língua, Nana então se abaixa e frente aos bebês confortos.

— Ah... deixa eu ver essas princesas.

— Nana, essas são Fernanda e Franciele, você me ajuda a cuidar delas? — Sorrio e pisco para ela.

— E precisa pedir? Claro que sou eu quem vai cuidar delas.

— Mas cadê o povo dessa casa?

— Guilherme avisou que infelizmente está preso em uma reunião e só chegará depois do jantar, pediu para Ihe dizer que sente muito não estar aqui para recebê-los, a Eduarda foi ao salão, mas já deve estar voltando e Carolina está na biblioteca.

— Já estou aqui Nana. — Uma moça aparece assim que entramos. — Muito prazer, sou Carolina irmã da Eduarda.

— Muito prazer Carolina, sou Júnior. — Ele olha fixamente para ela. — Esse é meu pai Felipe e essas minhas irmãs, Fernanda e Franciele. — E apenas aponta para nós sem desviar o olhar.

— Prazer Carolina. — Eu vou para o lado dele e estendo a mão para ela que logo aperta minha mão sorrindo. — Bom, agora precisamos de um banho, foram longas horas de viagem.

Nana nos leva aos quartos, ela preparou tudo como pedi, meu quarto com tons cinzas e preto, ao lado um quarto para as meninas que ela montou todo rosa e em frente ao meu, um quarto para o Júnior em tons azul-marinho. Entro para dar banho nas meninas e peço a Nana que prepare as mamadeiras, ela sai e vejo Carolina parada na porta me observando.

— Você tem jeito com as crianças.

— Ah sim, são muitos anos de experiência. — Respondo tirando a roupa de Franciele, dou os banhos, Nana me ajuda a dar as mamadeiras e colocamos as duas dormindo no berço. — Vou tomar um banho e tentar descansar até o jantar Nana. — Pego a babá eletrônica e vou saindo do quarto.

— Nada disso, tome seu banho, mas antes de descansar, pode descer para o café que estou preparando, fiz seu bolo de cenoura.

— Ah, você é a melhor. — Beijo sua bochecha. — Tá bom, eu já desço.

Assim que chego à sala de jantar, a mesa está linda, Nana caprichou, mas só vejo Júnior sentado.

— Demorou pai!

— É engraçadinho, você tomou seu banho belo e tranquilo, eu antes de tomar o meu, dei banho e alimentei duas princesinhas, cadê a Carolina?

— Está com Eduarda na cozinha. — Nana responde colocando café em minha xícara.

— Elas não vão tomar café? — Franzo a testa.

— Estão tomando lá para não incomodar vocês.

— Mas que absurdo é esse? Vamos morar todos juntos, elas vão ficar comendo na cozinha? — Falo me levantando, Júnior levanta e vem atrás de mim, assim que entramos na cozinha, ele se antecipa.

— Carolina vamos tomar café com a gente? Ah me desculpe, não sabia que você estava com uma amiga.

— Essa é minha irmã Eduarda. — Ela responde a ele e eu observo a moça sentada ao lado dela, que levanta a cabeça para nos olhar.

— Prazer, sou Eduarda esposa de Guilherme.

Fico olhando para ela fixamente, e quando escuto que ela é esposa do Guilherme me assusto, tenho certeza de que ela notou meu espanto. Mas que merda Guilherme está fazendo aqui? Ela é linda, tem os cabelos loiros no meio das costas, olhos claros, tem um olhar que parece tão inocente, mas ao mesmo tempo é penetrante, que por um momento imagino que estou vendo um anjo. Mas é uma menina ainda, será que é maior de idade?

— Pai? — Junior me chama me fazendo voltar a prestar atenção no momento.

— É... é... Prazer Eduarda, sou Felipe é... — Me embolo com as palavras, mas estendo a mão para ela. Sinto um arrepio que parece atravessar minha alma quando nossos dedos se encostam. Que merda é essa? Respiro fundo. — Vamos tomar café conosco? — E dou graças a Deus porque consegui concluir uma frase.

— Não queremos atrapalhar. — Carolina diz meio sem jeito.

— Eu já comi, vou para o meu quarto, o dia no salão foi cansativo e ainda quero ir ao clube hoje. — Ela puxa a mão que eu ainda estava segurando. — Ah, Felipe, lamento por sua perda.

— Não sei do que está falando. — Franzo o cenho. — Eu não perdi nada. —Que papo doido é esse?

— Sua mulher, ela não faleceu no parto poucos dias atrás?

— Ah, é isso! Ela não era minha mulher, na verdade não era nada minha, apenas mãe das minhas filhas, mas agradeço em nome das meninas. — Então era disso que ela estava falando, realmente não perdi nada, não sentia nada por Charlotte.

— Pai! Não fale assim.

— Por quê? Eu não falei nada demais.

— Quem escuta você falando assim, vai pensar que minhas irmãs foram feitas sem amor.

— Mas foram, eu amo suas irmãs, assim como você, elas são minha vida. Só que elas são resultado de algumas fodas, não foram planejadas e feitas por amor. — Mal termino de falar a garota se vira e sai, eu fico olhando-a sumir da minha vista, vejo que balança a cabeça negativamente, eu hein? Que garota mais metida e fútil. Mas também, o que eu podia esperar de uma criança.

É Possível Nós Dois? (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora