Solidão

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Bom, para começar eu gostaria que soubessem que eu  detesto quase tudo, existem pouquíssimas coisas das quais eu amo.

Eu trabalho em uma cafeteria literária. Todos os dias é costumeiro inúmeras pessoas entrarem e  saírem  a todo instante, sempre me pego querendo fugir dessa constante rotina para ir no meu abrigo preferido que fica a quilômetros de distância daqui e de qualquer outro lugar
É lá que passo maior parte do meu tempo deitada no chão gélido e úmido olhando as estrelas e imaginando me tornar elas, penso que se eu fosse logo dessa forma
poderia fugir de todas as coisas que eu não gosto.

Logo paro de pensar, estamos quase fechando e entra alguém um tanto sério e diferente, sua chegada faz com que eu encha minha boca de ar e solte com dificuldade, eu não sei se estou cansada mas tenho a sensação de incômodo tão grande com essa presença. Ele parece irritado e em suas mãos consigo notar bastante anéis, por que ele se veste de maneira tão diferente! Parece que veio de outro século. Penso enquanto observo que ele entra e não nos pede nada

- Jessy !
Olho para o lado e vejo que Lucian me chama
- Já encerramos por Hoje, estou muito ocupado para notificar ao cliente que ele deverá sair para que possamos fechar! Você pode fazer isso por mim?
- AI NÃO, eu não acredito que novamente você fará eu fazer isso Lucian, eu não tenho jeito para falar com as pessoas e principalmente nessas ocasiões, com certeza irei soar grosseira como na última vez!

Lucian é meu colega de trabalho, ele tem traços de personalidade que agrada qualquer um e seu humor é sempre alegre, feliz, completamente o oposto de quem eu sou, entretanto é um bom mandão!

Respiro fundo e quando estou me direcionado até a mesa em que o cliente está ele fecha o livro que estava lendo e se retira sem nos falar nenhuma palavra. Ignoramos a situação e fechamos a livraria.

No caminho para casa desço no meio da estrada escura e fria, ando em meio as árvores até encontrar uma
trilha escorregadia, chego a um pequeno "bosque " rodeado de árvores e seu chão coberto de folhas molhadas então presumo que choveu a pouco mais que duas horas.
Deito por entre as folhas e olho para cima, estava tudo tão escuro mas eu conseguia vê os vãos entre os galhos das árvores em meio a essa devasta escuridão, lá estava o céu nublado nesse momento não consigo vê as estrelas mas em fim eu estava no meu lugar!

Eu tirei da minha mochila uma garrafa de vinho, é verdade que eu estava me colocando em perigo e que minha mãe  poderia ficar decepcionada comigo mas eu sinto que já pouco importo com qualquer tipo de julgamento ou condenação eu só quero sentir que eu não existo aqui nesse lugar e que ninguém pode me achar ou saber onde estou. Enquanto me sento para poder consumir o que eu havia trago corto minhas mãos em uma pedra afiada que estava no meio das folhas e que eu não consegui vê antes , dou de ombros e coloco a garrafa sob meus lábios, a bebida estava adocicada e convidativa e em cada gole eu sentia meu corpo ser aquecido , estava muito frio e úmido e só isso era capaz de me manter quente por completo afinal eu estava agasalhada mas permanecia trêmula.

Ouço um barulho sutil nas folhas que cobriam parte do local e tenho a sensação de está sendo observada, rapidamente o medo me consome embora eu estivesse constantemente em missões suicidas

- Há alguém por aqui? Caso esteja, não estou com medo! Tenho uma faca e irei usa - lá caso venha se aproximar!

Sinto que, o que quer que tenha sido animal ou pessoa, tenha se convencido das minhas palavras e se afastado mata a dentro
Sinto que posso levantar e ir embora afinal não queria causar mais preocupação a minha mãe embora já não esteja mais  na mesma casa que ela.

Chego em casa e me jogo no sofá e antes da banheira quente que me espera ligo meu celular

- Como eu esperava, diversas mensagens e ligações mãe!

Falo enquanto desço a tela do celular e percebo que se tornou um hábito após eu ter saído de casa, quando chego preciso fazer uma ligação todos os dias e certificar a ela que eu estou bem, o trabalho vai bem e estou me alimentando corretamente. Creio que o lugar que escolhi para viver cause desconforto para ela, afinal eu moro longe de tudo e meus vizinhos se encontram a um quilômetro de distância da minha casa.

Eu fiz essa escolha para certificar que não incomodo ninguém, sempre senti que eu fizesse isso de forma completamente natural e que eu não conseguisse identificar certamente o momento

- Mãe, boa noite, sinto muito a demora! Eu estava organizando algumas coisas e não pude ligar... sinto muito novamente se eu a deixei preocupada! Eu te amo, beijos.

Terminei o áudio e fui tomar um belo banho para que em seguida eu pudesse dormir.

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