Frio como neve

1 1 0
                                    

Se passaram muitas semanas desde que caminhei com Bernard, consegui sair do emprego em que eu estava para poder me dedicar a escrever, desde aquele dia nunca mais o vi e criei inúmeras histórias de como teria sido se ele tivesse me visitado em todos esses dias até que por fim ele me tivesse possuído, eu respirava profundamente toda vez que eu fechava os olhos e via os seus olhos escuros como se quisesse que eu lembrasse de alguma coisa ou esperasse algo de mim, todos esses dias de sol eu me isolei até mesmo da natureza, esperava por um dia parecido como o dia que ele conversou comigo, iria me desafiar a tomar banho na cachoeira quando estivesse muito frio e não pudesse suportar, gosto de desafiar meus limites. Caminhei pela longa trilha com um sereno bem fraco que era guiado pelo o vento, quando cheguei na cachoeira eu tive uma surpresa, lá estava ele! Estava sem camisa e seu corpo era completamente desenhado, ele estava perto da queda passando as mãos por entre seus cabelos molhados tirando eles de seu rosto, ele estava de costas mas parecia ter notado minha presença quando sutilmente colocou seu rosto de lado...

-Olá, você mora na floresta ? Sempre fica tão perto dela, Bernard

- Você não tem medo de alguma fera a pegar quando você escapa para cá? menina da chuva!

Ele sorriu de cantinho de boca e mergulhou

Eu estava louca, eu queria está com um estranho, queria está perto dele e estava ansiando em o encontrar, quando o encontrei tudo que eu queria era que ele pudesse querer ficar perto de mim também.

- Por que você não tira esses agasalhos e não entra ? Ou veio até a cachoeira somente como uma admiradora

Eu soltei uma gargalhada alta
- Mas é claro que não é só você que gosta de cachoeira, eu vim desafiar um limite, Frio!

Ele sorrir e me joga água

Quando tiro minhas roupas e entro somente de biquíni começo a me tremer de forma constante e não consigo parar, acaba sendo mais forte do que eu mesma. Ele percebe e tenta me acalmar sorrindo

- Tenta ficar mais submersa pela água talvez essa tremedeira irá passar

- Eu queria entender o por que você não está nem um pouco abalado com esse frio, você parece ser um banhista em um sol de 40 graus

- Tem muitas coisas curiosas sobre eu mesmo, tente se preparar para isso caso queria me conhecer!

Ficamos ali dentro de água sorrindo e conversando coisas bobas por bastante tempo, a primeira imagem que eu tive dele sumiu completamente até que digo que preciso sair da água pois não tinha notado mas já estava para cair a noite, quando eu me levanto corto meus pés em uma das pedras em que eu pisei, as feições de Bernard mudam por completo, sinto que ele não para de se afastar

- Bernard, está tudo bem! Você tem medo de sangue? Foi um corte somente! Se Acalma!

- Desculpa Jessy, não queria assustar você, só fique longe!

Ele sai das águas e coloca sua camiseta, em seguida sai andando a frente e eu tento mas em vão, não consigo andar pois meus pés estão doendo muito. Fico sentada na cachoeira até a noite cair, eu estou com muito frio e sem o meu celular para entrar em contato com alguém!

Ouço gritos na mata, parece um homem gritando de dor. Eu estou muito assustada, por que sempre me coloco em situações tão difíceis?!
No meio do escuro vem surgindo alguém, eu congelei

- Bernard, por que está com a boca e com seu corpo todo sujo de sangue ?!

- Como você ainda está aqui a essa hora?!

- Eu estou aqui por que você me deixou para trás e eu simplesmente não consegui alcançar você! Mas sai de perto de mim! Se eu estivesse com o meu celular iria ligar agora para polícia! Espera, agora tudo faz sentido, foi você quem matou o John?! Agora pretende matar a mim.

Bernard ficou sem reação, da mesma forma quando chegou e me viu

- Eu posso explicar se você deixar que eu fale...

- Explicar que você é um assassino ?!

Ele pareceu irritado
Nessa hora eu tive muito medo dele se aproximar de mim. Mas ele tirou todas as roupas e se jogou na cachoeira

- Bernard!

Ele subiu sob as águas e ficou lá dentro me olhando, parecia que esperava outra reação minha, se bem que eu não corri por que não pude, se não a essa hora ele já teria sido denunciado a polícia local.

- As coisas não são como você está pensando que são Jessy, eu realmente matei aquele homem mas ele era um homem extremamente ruim...

- E o matar o torna menos ruim que ele ?!

Ele se irritou novamente

- Jessy eu precisava fazer aquilo, assim como precisei abandonar você hoje.

- E AÍ VOCÊ SAI DAQUI E MATA UMA PESSOA PARA DEPOIS VOLTAR E ME MATAR!

- Eu não seria capaz de matar você! Você é a reencarnação da mulher que eu amava e que esperei por anos, procurei por anos. Eu sou incapaz de fazer qualquer mal a você, mesmo que eu queira! Não sei o motivo!

Eu não consigo falar nada, não sai nenhuma palavra da minha boca
Reencarnação? Tudo isso é real? O que mais há no mundo que eu não pude notar?

- Eu entendo Jessy que queira fugir e se você quiser eu a ajudo a chegar perto de casa para que tome a atitude que quiser!

- O que você é afinal ?!

- Eu sou um vampiro...
Fazem 500 anos que vago e me alimento de pessoas ruins, deixo seus corpos sem nenhuma gota de sangue

- E você deseja o meu sangue ?

- Eu desejo o seu sangue e tenho a obsessão de ter você, possuir você!
Eu queria tanto controlar suas emoções agora, a hipnotizar e fazer você não sentir medo, mas seria injusto! Embora eu não seja humano e não seja bom, eu não sou tão traiçoeiro assim.

- Mas você já as controlou?

- Eu queria que você pudesse lembrar de quem eu sou, de quem já fomos, nem que fosse somente em um sonho.

Ele me pega no colo e me leva até uma caverna onde não há  luz, somente o reflexo das águas brilhavam refletidos nas rochas que circundam o loca,
eu fico com medo mas ao mesmo tempo atraída por sua imagem, seu corpo extremamente gelado e seus olhos tão profundos quanto o universo . Ele me coloca no chão sentada e então continua em pé  andando de um lado para o outro como se estivesse confuso,  talvez intrigado com alguma coisa

- Você vai tirar todo o sangue do meu corpo?

O pergunto ofegante

- Eu não faria mas isso não significa que eu não deseje.

Obscuros Onde histórias criam vida. Descubra agora