[n\a: revisado, mas nem tanto. desculpem qualquer erro]
[ 4: o final: insano ]
o toque ressoa tão repentino que o faz sobressaltar, assustado.
por alguns milésimos de segundos seu coração se encheu de esperanças de que fosse beomgyu, mas a boa sensação não durou muito. soobin apenas encara a tela do celular, desapontado. ignorar a chamada é uma opção que passa pela sua mente, não quer falar com ninguém que não seja beomgyu no momento, contudo, mesmo contrariado, decide atender.
— alô? — e como resposta, não tem nada além de um silencio arrepiante. — alô?
soobin faz menção de desligar, porque a ligação fica muda por alguns segundos, conquanto, antes que afaste o aparelho da sua orelha, escuta uma respiração pesada anteceder a fala que veio a seguir:
— por favor... me ajuda... soobin... ele quer me matar... socorr- — a ligação é bruscamente encerrada.
[...]
é tudo muito rápido.
rápido demais para que um cérebro, que parece ter sofrido um apagão, possa processar tudo o que vem a seguir.
é como se seu corpo estivesse agindo por conta própria, soobin perdeu o controle.
os minutos após aquela ligação são um borrão inexplicável e obscuro. e por mais que seja pressionado para que conte, soobin apenas não consegue.
está confuso.
perturbado.
— estamos te dando uma chance de contar, uma última chance de ser honesto. — o detetive o pressiona, firme e incisivo.
soobin não o responde, porque já disse, repetiu desde o maldito momento que chegou ali, que não se lembra de nada.
— soobin-ssi, não dificulte as coisas, sim? você é jovem ainda, tem toda uma vida pela frente, não queira terminar o resto dos seus dias em uma prisão, não faça isso com você. — dessa vez, o detetive demonstra um pouco, um sutil e quase imperceptível, vislumbre de amabilidade. tem um pouco de compaixão na sua fala.
— eu já disse, eu não me lembro. eu não me lembro de nada. de nada do que aconteceu depois daquela ligação. — sua fala soa baixa, fraca, falha. seus olhos são mantidos fixados na mesa, porque o peso do olhar do detetive sobre si é insustentável.
— tudo bem, eu te digo o que aconteceu. — o detetive, parecendo cansado de dar murro em ponta de faca, da um tapinha na mesa e se recosta em sua cadeira, com impaciência e um olhar afiado, minucioso, observando soobin com atenção. — você entrou naquela sala, e, segundo o depoimento da única testemunha ocular, você atacou o professor. feroz e brutalmente.
— eu não fiz isso!
— as câmeras flagraram o momento em que você volta, estando perto de sair da escola. por que você voltou?
— porque o beomgyu me pediu ajuda! ele me ligou e me pediu ajuda! eu voltei porque ele pediu socorro! — é desesperador para soobin se lembrar daquele momento. a sensação que o acometeu no instante em que ouviu seu melhor amigo pedir por socorro é indescritivelmente horripilante.
— ele disse que não te ligou. nós checamos o celular dele e ele não fez nenhuma chamada 'pra você no horário em que você alega ter recebido essa ligação. — o detetive rebate, sério, impassível.
— não foi do número dele, foi... outro número. um número desconhecido. — a essa altura, sua fala é afetada pelos soluços do choro que não consegue controlar. essa situação é algo pelo qual nunca se quer cogitou a mera possibilidade de que um diria passaria por.
é desesperador! é desolador. tudo naquela salinha apertada e espelhada o remete a hostilidade. ser interrogado como um criminoso é algo que o causa uma vontade quase sufocante de gritar, mas quem o ajudaria? quem o salvaria?
— realmente encontramos esse registro no seu telefone, rastreamos o número e não encontramos ninguém, ninguém está com esse número ativo. solicitamos a gravação dessa ligação que durou poucos segundos e olha só... — o detetive tira do bolso um aparelho celular, no qual acessa um arquivo de áudio. — isso é o que podemos ouvir da ligação que você recebeu. — ele da play.
o que reverbera pela pequena sala é um ruído, um chiado que incomoda, agride a audição de soobin ao ponto de fazê-lo cobrir as orelhas, a fim de tentar bloquear aquele som horrível.
— não houve pedido de ajuda, choi soobin! não encontramos qualquer indício de que beomgyu estava em perigo, logo, não podemos alegar que o seu ataque foi por legítima defesa. apenas confesse e podemos tentar negociar a sua pena. — o detetive diz, após desligar a gravação.
[...]
a lenda do número desconhecido passou a ser comentada novamente, não apenas pelos estudantes daquela escola, como também por toda e qualquer pessoa que a conhecesse. e quem não a conhecia, passou a conhecer. o caso do garoto que matou o professor dentro da sala de aula teve uma repercussão mundial, justamente por ter sido vinculada a tal lenda.
a declaração de soobin foi a público, todos souberam que ele alegou receber uma ligação de um número desconhecido antes do ataque, logo, as teorias viralizaram pela internet.
beomgyu precisou sumir de tudo, de todos os meios de comunicação e até se mudou, o caso ficou tão grande que a sua privacidade fora rudemente invadida. os curiosos eram como urubus ao redor da podridão.
soobin foi condenado, porém, o seu advogado alegou insanidade mental, usando como provas o testemunho da família e dos amigos, que afirmaram que soobin sempre foi um menino bom e gentil. o juiz considerou o laudo psiquiátrico que alegava um surto psicótico que culminou no ataque brutal, ocasionando a morte do professor.
beomgyu também testemunhou, depois de muito tempo ausente, voltou para o julgamento. mesmo que fosse difícil, mesmo que fosse praticamente impossível olhar para soobin depois da cena que presenciou naquela noite. apesar disso, ele também afirmou que soobin sempre fora um bom garoto e que, no momento do ataque, ele parecia completamente fora de si.
soobin pegou 30 anos de reclusão em uma clínica psiquiátrica judiciária, com um teste previamente marcado para depois de dez anos, e, caso o teste apontasse que está são e que é capaz de viver em sociedade, terá a liberdade condicional.
todas as noites, soobin é assombrado por aquela voz, que se repete em sua mente, pedindo por socorro, pedindo por ajuda.
ele não pode deixar de se lembrar do que kai o contou naquele dia:
"dizem que o espírito da garota ainda vaga por aqui, brava por ter sido deixada para trás pelo único que poderia ter salvo a sua vida".
[ fim. ]
e essa foi a minha tentativa de fazer algo de terror (????). foi legal escrever, de qualquer maneira.
se você leu até aqui, obrigada?? espero muito que as coisas tenham ficado claras e que o que eu tentei passar tenha sido captado.
e espero que tenham gostado!! e, se receberem ligação de um número desconhecido entre as 19:30 e 20:30, já sabem né.......
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número desconhecido | soogyu
Fanficcaso você [...] receba uma ligação de um número desconhecido, é melhor atender. soogyu - shortfic