O ERRO PERSISTENTE

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Logo pensei que aquilo não iria dar certo, mas queria redenção por tudo o que fiz, e só conseguiria alcançar este objetivo estando longe das paredes daquele lugar, então, apenas assenti.

No dia seguinte, tínhamos que colocar o plano em prática. Confesso que estava nervoso, com receio, de que nada desse certo.

- Você tem certeza que tudo vai ocorrer bem? - perguntei a ela.

- Tem que ocorrer. Escapar é a única opção.

Não soube o que responder, só deixei as reticências tomarem meu rosto.

- O que foi? Está tudo bem? Olha, não fique pensando muito nisso, é melhor, agora, você se concentrar em não levantar suspeitas.

- Certo.

Depois de escovarmos os dentes, "tomarmos" as pílulas e comermos, fomos direto aos nossos dormitórios, eu estava morrendo de sono, mas tinha que ficar acordado...Estavam contando comigo, então, levantei-me sorrateiramente, e aguardei até que Emily aparecesse com as outras duas pessoas.

Fomos direto ao encontro do agente. Ele estava em uma sala com milhares de chaves, mas nos entregou apenas uma, prateada e com uma placa de identificação onde se lia "Jato 3".

Saímos devagar e subimos os dutos. Esperamos ele dar o sinal e fomos correndo ao carro, ligamos e... Deu tudo errado!

Assim que a chave girou na ignição, um exército de funcionários chegou. Naquele momento só consegui virar pra Emily e suplicar:

- Afunde o pé no acelerador - Disse agitado.

Ela não entendeu e me olhou como quem já não tinha esperanças desse plano funcionar.

- Emily, afunde o pé!!!

- Não adianta, eles vão nos pegar!!

- Não foi você que disse que errar não era uma opção?

Um silêncio de milésimos aconteceu enquanto os pensamentos se organizavam em sua mente.

- Certo, então ouça: desçam e saiam correndo ao portão!

Assim fizemos.

O portão, porém, estava trancado. A única passagem era uma fresta bem estreita. Apontei para ela e todos seguimos naquela direção. Consegui passar, os outros dois fugitivos também, mas assim que Emily tentou, eles alcançaram-na. Chorando, ela era puxada, violentamente, para trás.

Tentando e tentando, sem sucesso, ajudá-la, senti um aperto em meu coração quando as mãos dela se desprenderam das minhas. Eles a afastavam de volta ao prédio. O portão fechou-se de vez.

Não consegui me movimentar, minha visão começou a escurecer até que minha consciência se apagou.

Quando consegui abrir um pouco os olhos, percebi que estava em um hospital, fiquei aliviado de não ter sido pego, mas logo me veio um vazio no peito ao lembrar de minha querida filha. Uma enfermeira aproximou-se e sussurrou em meu ouvido:

- Sabemos quem você é, mas caso perguntem, diga que seu nome é Oliver Quebec. A inteligência reprogramou seus dados no sistema, sua vida anterior foi extinta de todos os registros deste país. Eu sinto muito pela Emily.

Alguns dias no hospital tinham se passado, eu me sentia melhor ali. Em alguns momentos, lembrava-me do hospício e tudo que lá passei, principalmente, a perda de minha filha.

Assim que saí do hospital voltei a minha antiga vida, andando pelas ruas escuras, vazias, sem ninguém. Chegava em casa, deliciava-me com uma bebida, subia as escadas para o quarto e só conseguia sentir minhas pulsações enquanto estudava, ilegalmente, como retornar para aquele lugar e ser o salvador de Emily, já que não consegui ser um bom pai...


por: Camila Rodrigues

Após CaminharOnde histórias criam vida. Descubra agora