capítulo 23

704 85 86
                                    

O metrô lotado de pessoas corria rapidamente pelos seus trilhos enquanto Lisa e Rosé estavam de pé uma ao lado da outra. As luzes do sol forte entravam pelas janelas lutando para aquecer qualquer pessoa que esqueceu seu casaco ou que vestiu roupas curtas demais para o clima. Não era o caso de ambas as garotas, que estavam com moletons e calças quentes, quase que combinando por serem tão parecidas nesse aspecto.

Lisa ainda se sentia nervosa sempre que estava a sós com a loira. Aliás, não tinham tocado no assunto do beijo desde aquele dia, e não seria ela que começaria. Realmente uma covarde.

- Lisa-yah. - chamou Rosé ainda olhando para a janela, se segurando no apoio para não cair com a velocidade do metrô.

- O-Oi. - Lisa respondeu virando o rosto para observar o perfil da garota.

- Você tem algo... - a loira falava pausadamente, causando que vulcões explodissem dentro da cabeça e barriga de Lisa pela angústia. - ...planejado para hoje?

- Não... - respondeu devagar, pensando na palavras certas. - O que? Se tem algo a dizer, seja direta, linear, clara e rápida. Tem algum lugar que queira ir?

Rosé virou os olhos para ver Lisa, deixando a tailandesa mais uma vez transtornada pela proximidade e pela luz do sol que batia tão magicamente na pele leitosa e nos cabelos dourados.

Respira, Lisa. Se for muito para cima, vai achar que é uma maníaca atirada! Respira, Lisa!

- Como estou sem dinheiro, não dá para ir muito longe. - respondeu tentando disfarçar seus pensamentos. - Mas posso ir para onde quiser.

Poxa, Lisa! Você acabou de se contradizer em menos de dois segundos! Bateu em todos os seus divertidamente dentro de sua cabeça, deixando um pane rodar em tela azul do Windows por alguns segundos.

- Que pobre. Mas sério? - Rosé respondeu animada e com um sorriso no rosto.

- Sim. Quer ir agora?

- Você pode?

- Com você, posso.

Ok, cadê a parte de não ser atirada, Lalisa?! Precisava não ser tão surtada, aliás era só a Rosé. A tímida e quieta loirinha que a infernizava de vez em quando, mas não tinha o que temer, ela não mordia. Ou será que mordia?

- Então vamos!

Rosé puxou a mão da tailandesa, fazendo com que se aproximassem da porta do metrô que já iria abrir para uma das dezenas estações de Tóquio. A loira foi puxando Lisa até que entrassem em outro trem rapidamente, sem nem a tailandesa ter visto o destino.

- Para onde você quer me levar? Não vai me sequestrar, não é? - perguntou se sentando nos acentos disponíveis no fundo do vagão.

- Claro que vou. Inclusive, é um campo aberto onde deixo covas abertas para colocar todos os guitarristas que conheço. - Rosé respondeu com uma expressão totalmente séria, fazendo Lisa engolir em seco e arregalar os olhos.

- Meu deus.

A risada de Rosé foi possível de ser ouvida talvez até no outro lado de Tóquio de tão pura e alta. Fazia com que o pobre coração de Lisa saltasse três vezes mais do que já batia.

- Vai demorar muito para chegar? - perguntou a tailandesa depois que Rosé parou de rir.

- Acho que não. Não sei. - deu de ombros.

- Estou começando a acreditar que realmente seja um campo aberto com covas e cruzes feitas com as guitarras dos seus donos.

- Quem sabe, Lisa-yah. - Rosé sorriu de lado, brincando com a cara da tailandesa que rolou os olhos, mas ainda assim sorriu de orelha a orelha.

given | chaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora