12. Bar de Currutela

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P.O.V - MARIA CECÍLIA.

Aproveitei que vovô saiu para o trabalho e vovó foi na horta para me arrumar correndo, botei uma calça jeans escura e uma camisa preta, e por fim as minhas botas.

Já haviam se passado oito dias do acidente e eu precisava ir trabalhar, ainda mais agora sabendo que o motorista do caminhão avia falecido. Sabia que em acidentes de trabalho era de obrigação contratual a empresa arcar com os prejuízos da pessoa, em caso de morte uma indenização muito grande.

Beijei a cara de Hope, estava alisando ela pelos "cutucões" brutos que dei naquele dia.

Como ela não guardava rancor me deu uma lambida e ficou calminha quando montei, no primeiro galope mordi o lábio inferior ao sentir uma pequena pontada no lugar suturado. Ignorei a dorzinha chata e segui até o armazém, sabia que hoje era dia de separar as dosagem de veneno e encomendar mais.

Ao aparecer nos arredores do armazém José havia acabado de chegar, ao me ver franziu o cenho e travou o maxilar. Ontem ele havia sido cirúrgico ao reafirmar que não queria ver a minha fuça por mais uma semana.

- Bom dia - cumprimentei falsa.

- Maria Cecília - rosnou entredentes. - Diacho, era para você estar em casa esperando a ferida sarar.

- Já sarou - cantarolei. - estou pronta para trabalhar.

- Vá para sua casa e volte quando isso acabar de cicatrizar - ordenou e eu o encarei com descaso. - Olha aqui, coisa teimosa...

- Olha aqui, coisa teimosa... - imitei. - Vim trabalhar e não vai ser você que vai me impedir.

O cabeça dura veio andando de forma firme até mim e daquele jeito turrão me encarou.

- Levanta a blusa - mandou. - Anda.

O encarei sínica, umedeci os lábios e sorri.

- Agora? Não vai nem me levar para jantar primeiro?

José Antônio respirou fundo e enviou aquele olhar de quem iria me cruciar se não fizesse o que foi pedido. Cruzei os braços e esperei.

- Maria Cecília, não me faça perder a porra da paciência, levante a blusa.

- Nah - neguei sorrindo. - obrigada.

- Se não levantar eu mesmo vou arrancar - ameaçou. - Não me teste.

Eu amo pentelhar ele por saber que é tão sem paciência quanto eu.

- Eu amo homens brutos - fingi suspirar. - Vocês me instigam.

A paciência que ele não tem acabou e o próprio segurou minha cintura com força me obrigando a descer da égua, deixando-me sentada sob o poço d'água tampado. Levantou minha blusa até ter a visão total do ferimento.

- Ei.

- Uai, não gosta de brutos? - ironizou me olhando selvagem. - Vou fazer do seu jeito.

- Desgraçado - resmunguei e ele riu, dedilhando o machucado. - Viu? Já posso trabalhar.

Tentei ao máximo ignorar o trepidar que meu corpo recendeu, ele dedilhava o arredor do pontos com cautela, sua testa estava franzida e seu olhar fixo ali.

- Ainda não está bom.

- Olha direito, já está bom sim.

- Não está - respondeu me encarando. - Desse jeito vai infeccionar, não pode voltar à lida agora.

- Zé - reclamei. - Eu preciso trabalhar.

- Não precisa mas você quer, é diferente - falou calmo. - Descanse até isso melhorar, pare de ser teimosa.

Orgulho&Paixão.Onde histórias criam vida. Descubra agora