18. Interrogatório de João.

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P.O.V - JOSÉ ANTÔNIO

Quando cheguei em casa minha mãe e Joana já estavam descendo da caminhonete, o olhar castanho da mais velha estava sério em mim, mesmo que já tivesse 34 anos e não fosse a droga de um adolescente ela continuava sendo mãe.

Dona Elvira estava sempre disponível para me defender e obviamente para questionar algo que eu fiz errado, ou que ela achasse que fosse errado.

- Joana vá esperar a vovó na cozinha - mandou séria e antes que minha filha tentasse me abraçar. - Cozinha, seu papai está sujo.

Joana fez beiço mas obedeceu, cruzei os braços e neguei sorrindo de lado. A mãe tinha 1.60 e não batia no meu ombro direito, mas mesmo assim eu era obrigado a escutar tudo quieto.

- Não entendo o que vocês jovens tem - reclamou.

Tesão?

- Somos dois adultos que sabem o que estão fazendo - usei o argumento dela. - Não precisa esquentar com isso.

- Preciso sim - ralhou. - Vocês homens não prestam.

Ri revirando os olhos.

- Eu não fiz nada contra a vontade de Cecília.

- Aposto que não - concordou. - Mas logo o povo vai começar a falar e a menina vai ganhar fama de quenga por estar se deitando com um homem qualquer, já basta os nomes feios que a chamam.

Sentei na mureta a ouvindo, era óbvio que minha mãe iria tentar defender a honra de Cecília pois vivia suspirando triste quando ouvia do que chamavam a mulher. Elvira encarava os peões com raiva sempre que "megera" e Cecília estavam na mesma frase.

- Eu não sou um homem qualquer - me defendi. - E acredite, os peões todos já acham que isso acontece desde o início. Não vão chamar ela de nada que já não chamam.

- Estou preocupada - assumiu. - Desde quando vocês estão nisso?

- Não tem muito tempo.

- Não brinque com Cecília, ela tem cara de brava as vezes mas é doce e... ela não merece sofrer por mais um idiota.

- Eu sei o que ela passou, sei que ela sofreu com a família idiota e que sofreu com um playboyzinho de merda. E pasme, mãe, eu não sou um adolescente - brinquei no final. - Já sou homem feito e não tenho tempo para brincar com sentimento alheio.

Elvira sorriu abertamente, ela tem 56 anos e parece um tanto mais nova do que realmente é, mas seus pensamentos as vezes são de uma mulher de 80 anos carrancuda.

- Meu homenzinho bonito - brincou vindo me beijar e parou no lugar. - Não vou te beijar não.

- Não me ama? - zombei da mesma forma que Maria Joana faria com seu drama infinito.

- Enquanto estiver fedendo a sexo não - sorriu. - Vocês estão namorando?

- Não.

- É só fornicação?

Gargalhei concordando.

- Pode chamar assim se quiser, mãe.

Ela sentou ao meu lado reclamando das dores nas costas e olhou para o céu azul, entendi que a conversa não tinha terminado m e respirei fundo, só queria tomar um banho e ir trabalhar.

- Gosto dela - segredou sorrindo. - Cecília é boa.

Em muitos sentidos mas eu não iria dar detalhes da nossa vida sexual para ninguém.

- Ela é sim.

- Então não vê ela como uma quenga, megeras esses absurdos?

Neguei sério.

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