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Culpa

TONY STARK ON

Minha cabeça está girando. Todo o meu corpo dói. Há um barulho, eu não sei o que é. Existem luzes piscando em algum lugar, eu não consigo abrir muito bem os olhos. Tento afastar meu rosto do volante, minha boca está cheia do sabor horrível de sangue, mas há outra onda vindo por minha garganta.

— Merda — sinto um fluxo em minha garganta e logo mais sangue escorre por minha boca, caindo no tecido branco por cima do volante... Branco! — S/N — falo sem sequer conseguir me mexer pela dor que se espalhava em todos os meus nervos — Amor — tento falar mais alto, mas todo o meu peito dói — S/A — chamo mais uma vez.

Minhas pernas têm a sensação de que irão explodir em dor a qualquer momento, eu não havia percebido isso até sentir um formigamento começando de meus dedos nos pés, atingindo minha coxa também.

Quer saber, não me importo com essa dor agora, preciso saber se ela está no carro, preciso saber que ela está bem.

Pressiono com força meu corpo para trás, causando uma dor indescritível crescer por todo o meu tórax e costas.

— Ah, merda! — exclamo ao sentir aquilo.

"Senhor Stark", sinto que alguém estava gritando isso em algum lugar da minha cabeça. Uso toda a força que ainda me restava para tirar o cinto de segurança, minhas mãos estão completamente doloridas, o simples toque no botão para desprender me trouxe um gemido de dor leve.

Abri meus olhos o máximo que podia e olhei para o lado, no banco do passageiro. Minha cabeça adquiriu a sensação de querer explodir por meus movimentos e pelo aumento na nitidez de luzes piscantes.

Conforme minha visão foi se tornando mais nítida, com os esforços que fiz, pude ver melhor o banco ao meu lado, e ele estava vazio.

Me dei conta do que estava acontecendo. O barulho de sirene aumentou em minha cabeça e eu entrei em desespero. Minha respiração se tornou ofegante e desesperada.

— Senhor Stark! — a mesma voz vinda do lado de fora.

Eu não tinha mais forças, meus olhos se fecharam quase que imperceptívelmente, e novamente, um apagão.

[...]

Novamente, abro meus olhos. Não sei quanto tempo se passou desde a última tentativa.

Uma luz branca. Silêncio, apenas um bipe a cada dois segundos, mas era tão baixo, que somente em uma sala completamente silenciosa como esta se poderia ouvir.

— O que? — olho para minhas mãos e braços e conforme minha visão se tornava nítida, percebo uma agulha fixada a um soro em minha veia, eu estava em um hospital, obviamente.

— Tony! — uma voz extremamente familiar se fez ouvir ao me perceber acordado — Irmão! — eu tento similar aquele rosto que se aproximou de mim para contemplar minha lucidez, aperto meus olhos e novamente os abro, deixando claro quem era em minha frente, Rhodes.

— O que aconteceu? — minha respiração volta a se tornar mais pesada ao me lembrar da última imagem que havia visto antes de acordar, o banco da minha garota vazio.

— Os médicos disseram que você não bateu a cabeça antes do airbag acionar, então não  teve nenhum ferimento grave na cabeça, mas você teve alguns impactos fortes no corpo então...