Memórias - 06

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Memórias — 06

— Mãe, eu posso explicar? – tenta se justificar.
— Agora não Clarice, em casa. – responde —   Você consegue se lembrar de algo, daqui? – indagou Beatriz, observando Vitor a olhar fixamente.
—  Não! – responde com tom de tristeza – Não lembro de nada! – afirma – até a senha do computador, quem colocou foi a Clarice – conta.
—  Exatamente por isso, não queria sua volta. Não vai te fazer bem, forçar as coisas assim Vitor. – se aproxima – Não é maldade minha, é precaução! – explica
—  Vou falar exatamente o que disse a Clarice ou ao menos tentar. – a olha – Eu preciso voltar a minha rotina, ficar em casa, me sinto um parasita, além do mais, passar a tarde toda no sofá, não vai ajudar a minha memória. – segura a sua mão – tente me entender! – pede
—  Eu entendo Vitor. – solta sua mão – Mas, poderíamos ter conversado sobre isso primeiro, pelo menos eu iria te explicar como está funcionando as empresas, os sócios, poderia ter feito você se situar nos dias atuais – explica.
—  Você ainda pode fazer isso, mas ao mesmo tempo, quero me sentir útil , pelo menos por algumas horas – explica sua decisão.
—  Tudo bem – concordou – a noite, conversamos melhor sobre isso tudo.
Uma batida na porta, interrompe a conversa.
—  Senhora Beatriz, já conferi tudo. O Doutor Armani, deseja trocar umas palavrinhas com a senhora – avisa.
—  O leve até a sala de reunião, em minutos estarei lá – pede
...
Casa de Beatriz
—  Pai, eu sei que a mamãe, não ficou nada feliz – comenta entrando em casa.
—  Deixa, com sua mãe, me resolvo. – coloca a mão em seu ombro – fique tranquila.
—  Onde vocês estavam? – perguntou Janice, entrando na sala.
—  Fomos a empresa, o papai, queria ir até lá. – respondeu se sentando no sofá.
—  A mamãe, sabia disso? – indagou surpresa.
—  Não! Aliás, acho que ela não gostou nadinha. – responde rindo.
—  Já sabemos que o humor dela, não estará dos melhores. – conclui Janice.
—  Como foi sua aluna? – perguntou Clarice, enquanto penteava os cabelos de Janice.
—  Amo quando você penteia meus cabelos. – sorri – foi bem, tudo tranquilo. – mente.
—  Eu faço isso desde sempre com você – sorri – Acho seu cabelo tão bonito.
—  Só quero ver, quem vai pentear o meu – sorri Patrícia, ao entrar em casa – amo quando vocês estão assim, me dá uma paz – às beija em seu rosto.
—  Que milagre, saiu cedo hoje – comenta Clarice – Lembra quando a gente fazia tranças na Jani, cada uma ficava com um lado é ainda fazia a coitada escolher a melhor – recorda sorrindo – tempos bons – suspira.
—  Fui liberada ceda, teve um problema com a água, não tiveram muita opção  —  responde – Podemos fazer uma trança agora – brinca – Ah, trouxe chocolates para vocês – diz os tirando de sua bolsa.
—  Amo esse chocolate – comenta Janice – Obrigada! – Pati, você não sabe da maior – olha para Clarice – A dona certinha aqui, levou o papai na empresa, mamãe, ficou furiosa – conta
—  Mentira, você não fez isso Clarice! – diz surpresa.
—  Gente, ele pediu e argumentou muito bem – as olha – como voltará a memória, se ele não voltar à normalidade. Errado, ele não está e a mamãe, sabe muito bem disso – se justifica.
...
Ao cair da noite, Beatriz chegou a sua casa e encontrou um silêncio anormal, estranhou aquele excesso de paz. Ela caminhou até seu quarto, estava tudo organizado, nenhum sinal de Vitor, foi até os quartos de suas filhas e também não encontrou ninguém. Resolveu voltar ao seu quarto, tomar um banho e logo após preparar o jantar. Assim que começa a preparar o jantar, escuta a porta se abrir e vozes altas.
—  Mãe, nem precisa continuar isso aí – diz se aproximando e desligando o fogão.
—  Trouxemos sushi – diz Janice, mostrando a bolsa.
—  Por isso esse silêncio e paz aqui – comenta Beatriz às olhando – De quem foi essa ideia? – indagou olhando para Vitor.
—  Pensei que o dia já foi cansativo demais, por que não inovar, já trazer algo pronto – sorri – As meninas me garantiram que você ama sushi.
—  De fato, eu amo – sorri – Mas não precisavam se preocupar – os olha – vou pegar os pratos.
—  Deixa, eu pego – diz Clarice, indo até o armário.
As meninas arrumam a mesa
—  Uma pena eu não poder beber ainda – se lamenta Vitor.
—  Logo poderá, querido – o conforta, apertando seu braço.
—  Como foi sua reunião Mãe? – perguntou Janice.
—  Foi bem tranquila, tudo sobre controle – responde, sem dar muitos detalhes.
—  Me conta como a visita do papai na empresa – pede Patrícia, segurando o riso.
—  Você é tão desnecessária – diz Clarice a olhando.
—  Vai mãe, conta – insiste Patrícia.
—  Foi normal Patrícia, o que você quer saber? – pergunta, fingindo desdenho – Seu pai foi na empresa, ficou na sala dele, depois eu não sei, entrei em reunião e quando sai, ele e sua irmã, não estavam mais na empresa – explica.
—  Resolvemos vir embora, já estava ficando cansado – explica Vitor.
—  Cansado, porque? – se alarma Beatriz.
—  Acho que fiz muita coisa – sorri – fiquei um pouco cansado é com uma leve dor de cabeça – responde.
—  Claro, você não quer respeitar as ordens médicas, se acha um jovem de vinte anos, com todo gás do mundo – o repreende.
—  Só não queria me sentir um invalido – rebate.
—  Vocês não vão começar a discutir, né?  Janice os olha – Não vamos voltar aos velhos tempos – pede
—  Tudo bem, vamos mudar o assunto – concorda Beatriz, bebendo um pouco de seu vinho.
—  Estava pensando, podíamos fazer um passeio no final de semana – sugere Clarice.
—  Praia? Quem gostou da ideia, levanta a mão – indagou Patrícia.
—  Eu iria amar, tô precisando de ar puro mesmo – concorda Janice.
—  Mãe, vamos? – perguntou Clarice.
—  Se o seu pai estiver bem, vamos sim – responde.
—  Eu estou ótimo e pretendo continuar assim – diz Vitor, concordando com a ideia.
—  Um dia em família, estava com saudades desses momentos – suspira Janice – deu até mais fome – diz pegando mais um sushi.
Beatriz observa a empolgação das filhas e sorri.
...
Quarto de Beatriz
—  Desistiu de acompanhar as meninas? – perguntou Beatriz, enquanto penteava seus cabelos.
—  Não gosto muito do gênero escolhido – responde, enquanto pega seu remédio – Você acha que vou tomar esse remédio até quando? – perguntou a olhando.
—  Não acredito que seja por muito tempo – respondeu, pegando um livro.
—  Você sempre gostou de ler – comenta a observando – sempre admirei isso em você – sorri.
—  Já você, só lê as coisas da empresa – sorri – aquela estante de livros, é puramente enfeite – diz rindo.
—  Meio patético né? – a olha e sorri – Desculpas por hoje – se senta na cama – Não queria te deixar mal – se desculpa.
—  Vitor, eu não fiquei chateada com a sua presença na empresa e sim, com o fato de você ter essa vontade e não a compartilha comigo – o olha – Se você tivesse me comentado esse desejo, eu seria a primeira a te levar, te explicar tudo. Isso que me chateou. a falta de confiança em mim – explica.
—  Então se eu pedir, você me leva a minha casa? – indagou.
—  Claro que eu levo – o olha e sorri – Mas, você não poderá ficar lá, por enquanto – avisa.
—  Eu estou ciente disso – concorda.
—  Quando você quer ir? – perguntou.
—  Pode ser na próxima semana – respondeu se deitando – Posso assistir um futebol?
—  Claro, só não se altere – pede.
—  Por que, eu me alterava assistindo futebol? – perguntou surpreso.
—  Sim – respondeu rindo – vinte dois homens correndo atrás de uma bola e você, gritando e xingando igual um louco – respondeu gesticulando igual ele fazia.
—  Para mim, não era louco assim não Beatriz – sorri – Não ... não acredito – diz em negação.
—  Você se lembra quando o fluminense foi rebaixado? – perguntou rindo.
—  Não queria lembrar, mas agora, você trouxe a minha memória — coloca a mão no rosto – que vergonha – responde rindo.

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