Memórias - 11

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Memórias - 11 

Resolvi seguir o conselho de Vitor e esperar as meninas despertarem. Fomos para o quarto, tomei um bom e demorado banho. Precisa colocar alguns pensamentos no lugar é nada melhor do que aquela água quente e relaxante correndo pelo meu corpo, para ajustar meus pensamentos tão confusos. A noite foi maravilhosa, não poderia negar, mas ao acordar, parece que a insegurança me abraçou de uma forma, que não saberia descrever. Senti um medo de está caindo no mesmo erro de novo. sou um suspiro, enquanto sinto minhas lágrimas se misturarem com a água quente. Eu demorei tanto pra me reerguer, não gostaria de cair de novo. Mas se não tentasse, iria me sentir uma covarde, coisa que nunca fui . Eu devo reconhecer que o Vitor melhorou muito, mas quem me assegura que quando sua memória voltar e Deus queira que volte, ele não voltará com as mesmas práticas, as mesmas mentiras e enganações. Queria não pensar tanto no futuro, mas meus pensamentos me arrastam até lá ...
...
- Que bom que as mocinhas levantaram – falei, quando as vi chegando na sala – Que zona é essa nessa casa? – indaguei visivelmente irritada.
- Mãe, bom dia! – Janice falou com um largo sorriso – Achamos que você voltaria mais tarde, por isso, não arrumamos ontem – tentou justificar.
- Isso não é desculpa mocinha – respondi – Olhem para aquela cozinha, olhem para os restos de comida, copos, tudo espalhado. É se eu vinhesse com uma visita, como seria ??? eu claramente passaria uma tremenda vergonha.
- A senhora está certíssima. Vamos arrumar tudo e isso não voltará a acontecer, prometemos – falou Patrícia, começando a recolher a bagunça - Cadê o papai? – perguntou.
- Ele foi dar uma caminhada. Disse que não vai demorar – respondi, enquanto ajudava a ajeitar a casa.
- É como foi a noite de você , foi boa ? – Clarice perguntou, fingindo não ser tão curiosa, mas eu conheço as filhas que tenho.
- Foi sim! – respondi sem detalhes, só para deixá-las bem curiosas.
- Ah, faz isso não Mãe! – Patricia reclamou.
- Fazer o que ? – me fiz de desentendida.
- A Senhora sabe, queremos saber tudo – falou aos risos – queremos todos os detalhes.
- Acho que vocês estão me confundindo com uma amiga do trabalho, faculdade ou de qualquer outro lugar - respondi, tentando parecer mais seria possível
- Poxa mãe, a gente sempre foi tão direta umas com as outras, sempre conversamos sobre tudo – Clarice, tentou argumentar.
- É verdade, sempre confiamos umas nas outras – Janice endossou as falas de Clarice.
- Não vou detalhar nada, porque não tem cabimento, mas digo que cedi, vocês estão satisfeitas? – as olhei e sorri.
- Papai é brabo mesmo, conseguiu domar a fera – brincou Patrícia
- Fico feliz por vocês ! – falou Clarice, me abraçando.
- Eu também fico. – Janice me abraçou – Eu sempre quis saber como era ter os pais juntos e agora saberei. – falou eufórica.
Olhei minhas filhas por um segundo. Acho que nunca imaginei os sentimentos reais de cada uma. Janice , foi a mais novinha, que menos teve contato com o pai. Digo de conviver diariamente. entendo essa alegria, euforia . Mas Clarice e Patrícia , que nunca julgaram minhas decisões , também estavam felizes demais, como se sempre desejassem isso. Só nunca externar. As olhando, acho que tomei a decisão certa, mesmo com essa insegurança me consumindo .
Passamos o dia bem tranqüilos. Fomos almoçar fora, após o almoço, voltamos para casa e resolvemos ver um filme em família . No início parecia uma ideia maravilhosa , se não fosse pelo fato das meninas escolherem terror e para pior, era uma trilogia. Sim, fiquei de castigo por mais quatro horas , assistindo algo que detesto, enquanto as meninas e o Vitor, achavam o Máximo. Pedimos pizza para encerrar a noite e depois, fomos cada um para o seu quarto.
- Eu adorei o dia de hoje, podíamos repetir mais vezes. – Vitor falou se deitando na cama.
- Poderíamos sim, mas sem ser terror. – respondi enquanto espalhava o creme em meu rosto.
- Você ainda tem medo de filme assim, querida, que bobeira. – Vitor respondeu em total descaso.
- Não é medo, é a sensação que carrega o ambiente. – retruquei indo me deitar.
- Não tem nada carregado aqui.– Vitor respondeu puxando o lençol, para que eu pudesse me deitar.
- Vocês gostam, eu não! – respondi me deitando em seu peito e recebendo seu braço esquerdo em volta da minha cintura.
- Não podemos negar, foi um ótimo dia – ele falou, depositando um beijo em minha testa.
- Sim, as meninas estavam felizes demais… – concordei, acariciando seu peito – Você deveria colocar a blusa do pijama, pode pegar um resfriado – sugere.
- Claro que não, já estou coberto e ainda tenho seu calor – respondi a beijando – Talvez eu não tenha agradecido, mas estou grato por você ter me aceito. Eu já estava ficando louco, dormindo ao seu lado sem poder toca-la, beija-la. – confessei, a puxando para mais perto do meu corpo.
- Espero que ninguém saia machucado dessa relação. Principalmente nossas filhas – falei, apertando sua mão.
- Ninguém sairá , dessa vez, farei tudo certo, eu prometo! – afirmei – Eu te amo – a beijei
- Eu também te amo – respondi fazendo um carinho em seu rosto.
...
Dias depois
- Esse final de semana terá o jogo do tricolor, vamos – propôs.
- Claro pai, eu vou amar. – Janice falou mega animada.
- Eu também! – concordou Clarice.
- Você sabe, apoio qualquer ideia sua pai – falou Patrícia.
- É você querida, o que acha da ideia ? – me perguntou, segurando a minha mão.
- É uma votação ? – perguntei os olhando.
- Sim, é no caso, a Senhora é voto vencido – Patricia me respondeu rindo.
- Nada de votação. É um convite para um sábado em família – falou Vitor, enquanto em olhava
- Você está tentando me convencer com esse seu olhar de “ Você não tem outra opção “ – falei rindo . Tudo bem, eu concordo em ir, mas não esperem uma super empolgação minha. Não entendo nada de futebol. Já deixo logo avisado, para não ter reclamação depois – concordei
Eu poderia claramente dizer não ao convite e eles iriam sem mim, mas estou me esforçando para ter o Máximo de vivência em família. Sei o quanto isso está fazendo bem as meninas e não vou negar, a mim também.
Maracanã
Após um trânsito infernal, uma confusão no estacionamento, enfim chegamos ao Maracanã . As meninas estavam empolgadas, saltitantes . Vitor nem se fala, parecia uma criança e eu, estava aqui sobre livre e espontânea pressão . Até bandeira eles compraram , antes de entrarem no estádio.
Ao entrar naquele lugar, não posso negar que é uma energia contagiante, até eu que detesto futebol, estava encantada em presenciar aquela alegria, união. Tantas famílias felizes ali, isso incluía a minha. Era inevitável não sorrir com aquelas cenas.
Observei aquele jogo, sem entender nada, nem sabia ao certo a direção de cada jogada. Tinha vontade de rir, quando ouvia e via a frustração dos torcedores a cada perdida de chance. Tá aí, acho que os torcedores precisam ser estudados. Eles xingam os jogadores, a mãe dos jogadores, os juízes e por aí vai... mas vai você xingar a mãe deles. Dou um sorriso ao olhar minhas filhas aflitas igual ao Vitor, a espera de um gol e quando enfim ele saiu, foi um caos, uma gritaria , uma baderna, algo surreal , mas logo se calaram ou viram o adversário empatar.
- Isso é um jogo, emoção pura – Vitor falou animado, enquanto apertava a minha cintura e eu, só concordava com a cabeça, não tinha muito o que falar.
- O Fluminense, está jogando muito – Patrícia comentou e eu só me perguntava se de fato, ela entendia algo de futebol.
- Além do mais, tem os jogadores mais lindos. – Janice falava e suspirava ao mesmo tempo
- Eu também acho. Principalmente o camisa dez. – Clarice respondeu , fazendo a minha atenção se voltar para o camisa dez, de fato, era muito bonito
Eu olhava constantemente para o relógio, pensando que ainda faltava muito tempo de jogo e eu, estava doida para ir para casa, não agüentava mais tanto palavrão. vou sair daqui sabendo vários novos, inclusive .
Quando saiu o segundo gol do Fluminense, só percebi pela gritaria e pela cerveja, que voou em mim. Sim, eu fiquei tão brava, mas percebi que foi um banho geral e ninguém estava tão brava quanto eu. Relaxei, não tinha muito o que se fazer.
Ao fim do jogo, os ânimos não estavam bons, o Fluminense mais uma vez vacilou , como o Vitor disse e cedeu o empate. Saímos do estádio e fomos direto a uma pizzaria, estávamos com fome . Vitor e as meninas, receberam uma zoada dos adversários , eles estavam com a blusa do Fluminense. Eu, não passei essa vergonha. Dou um sorriso ao ver a cara de bravo deles com as zoações. Mas nada ofensivo, tudo na paz, graças a Deus. Após a pizza, voltamos para casa. Essa com toda certeza, foi a melhor parte, pra mim, claro!
Casa de Beatriz
- Entrem – falei, enquanto segurava a porta.
- Pai, fica triste não, no próximo, ele ganha – Patrícia falou , tentando consolar Vitor, que estava a cara da derrota.
- Poxa, mas justo hoje que vocês foram, ele tinha que empatar? – falou bravo, se sentando no sofá.
- Pensei pelo lado positivo amor, ele pelo menos não perdeu – falei, depositando um beijo em sua cabeça. Vou tomar um banho, meu cabelo cheirando a cerveja – avisei saindo da sala.
- Também vou, estou toda colada da cerveja também. – Falou Janice, se levantando e saindo da sala.
Quarto de Beatriz
Ao sair do banheiro, encontrou Vitor, deitado na cama , assistindo seu programa esportivo . O que me irritou foi o programa e sim, ele todo sujo, deitado na cama.
- Vitor, tira esse pé daí – reclamei – Fala sério, você nem tomou um banho e está esparramado na minha cama,meus lençóis limpinhos! – falei irritada.
- Calma Bia, já estou indo tomar um banho, só estava esperando você sair – respondi me levantando e se aproximando – Você está linda – falei dando um cheiro em seu pescoço – e cheirosa também.
- Obrigada – o afastei – agora, vai tomar um banho, que eu vou trocar essa roupa de cama – pedi.
Enquanto trocava a roupa de cama, Patrícia entrou em meu quarto. Procurava algo, mas como não me perguntou a deixei buscar. Até que ela , cansou de procurar.
- Mãezinha, me empresta seu secador ? – pediu com a cara mais deslavada do mundo – por favor – insistiu juntando as mãos e me olhando com cara de cachorro que caiu da mudança.
- Impressionante a sua cara de pau – falei a olhando – Me ajude puxando esse lado – pedi – Você entra no meu quarto, sem nem bater, mexe nas minhas coisas é só depois que não consegue o que quer, que me pergunta. Essa foi a educação que te dei ? – indaguei.
- Desculpa – pedi – também não precisa vir com esse sermão todo – falei chateada. Nem era para tanto assim – pensei, enquanto a olhava.
- O que houve com o seu ? – perguntei enquanto me encaminhava para o banheiro.
- Ficou ruim – respondi – na verdade, acho que foi a Clarice ou Janice , que estragou, mas não tenho provas.
- Ainda bem que você não as acusou . caso contrário, teríamos uma guerra nessa casa – respondi – Só um instante, vou pegar o secador – pedi entrando no banheiro
- O que houve querida, resolveu reforçar o banho ? – perguntei ao vê-la entrar no banheiro
O olhei e sorri, com sarcasmo - Não, vim somente pegar o secador, para sua filha – respondi, saindo em seguida
Entreguei o secador a Patricia , e em seguida fui olhar as outras meninas. Incrivelmente , elas estavam de banho tomado conversando. Resolvi ficar e conversar um pouco também, já que teria que esperar a Patrícia , terminar de secar o cabelo dela, para secar o meu. Nesse meio tempo o Vitor, já tinha terminado seu banho e estava assistindo esses programas de esporte, que ela tanto gosta.
- Amanhã, podemos fazer um passeio pelo Rio de Janeiro, sei lá. Algum ponto turístico – sugeriu Clarice
- Eu estou totalmente de acordo – concordou Patrícia - Aqui mãe, já pode secar o seu – falou me entregando o secador.
- Só não podemos demorar muito, a tarde tenho que estudar para a prova – recordou Janice
- É verdade, esqueci que você começa a semana de provas - falou Clarice, enquanto fazia uma trança nos cabelos de Janice – Vamos cedo. É só a Patrícia, acordar cedo é não atrasar ninguém – falou olhando para Patrícia , que não gostou muito do comentário
- Olha quem está falando, a dona pontual – retrucou fazendo caretas
- Estava bom demais para ser verdade – falo me levantando – vou cuidar dos meus cabelos, vocês se matem aí sozinhas - às olho – Uma boa noite é amanhã, saímos bem cedo – me despedi de cada uma e sai do quarto.
Cheguei em meu quarto e Vitor, seguia assistindo aquela chatice de futebol, mas como iria secar meus cabelos, nem iria reclamar. Fui direto para o banheiro e comecei a secá-lo . Quando estava quase terminando, Vitor entrou no banheiro e logo pousou suas mão sobre minha cintura. Seu rosto colou no meu.
- Seu cabelo já é lindo, não precisa disso – falou, enquanto nós olhava através do espelho.
- Eu sei – respondi convencida, dando um sorriso – Mas não gosto de deitar com ele molhado. Acabo ficando com dor de cabeça – expliquei
- Entendi – ele falou, enquanto beija meu pescoço - Você está linda demais, já te disse isso – falei, enquanto afastava seu cabelo, para beijar melhor seu pescoço.
- Vitor, você está me desconcentrando – falei,tentando empurrá-lo - me deixe terminar isso aqui – pedi tentando segurar o riso.
- Acho que já não tem nada molhado aqui – falei desligando o secador e a virando – serio, você está extremamente sexy com essa camisola – falei, enquanto minhas mão passeavam por seu corpo... esse cabelo... esse perfume, estão me tirando do serio – falei segurando sua boca e a beijando em seguida.
- Vitor, você está muito assanhado – falei aos risos, tentando afastá-lo.
- Eu te garanto que seu cabelo está mais seco – falo me afastando do banheiro.
Guio Beatriz até a nossa cama, a deitei e me debrucei sobre ela, seu olhar era totalmente apaixonante. Ele estava com os olhos brilhantes, seu sorriso, me seduzia de tão lindo e fascinante. Não sei explicar bem, mas hoje tudo nela estava incrivelmente perfeito, uma leveza, uma sedução, sem vulgaridade. ela emanava paixão e eu, emanava desejo por essa linda mulher. Sim, MINHA MULHER !

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