02 Enchanted

190 13 3
                                        

" Tudo que posso dizer é que foi
encantador te conhecer."

Enchanted, Taylor Swift

ANTES

O dia mal havia iniciado, tanto que o céu ainda estava com um aspecto escuro, enquanto Zé Luiz fitava uma São Paulo imponente pelas imensas janelas que lhe davam uma vista privilegiada da cidade que despertava.

Com uma caneca fumegante de café em mãos, ele bebia o líquido em pequenos goles, deixando o calor da bebida lhe despertar e trazer coragem para enfrentar o longo dia que teria pela frente.

Aquele sem dúvidas era o canto preferido da família em todo o apartamento.

As meninas amavam deitar no tapete e contemplar o céu dali.

Ele e Daniela fecharam negócio assim que se depararam com a vista panorâmica de frente para o parque Ibirapuera, sabiam que aquele era o lugar certo para criarem suas filhas, não precisavam de mais nada.

O ambiente sempre agitado e cheio de vida, agora estava completamente quieto, afinal, as garotas ainda dormiam.

E como ele sabia que teria que comandar as coisas sozinho, já que Daniela estava viajando devido a um congresso de psicologia, aquela quietude era bem-vinda agora.

O jornalista amava suas meninas, aquilo era inegável, amava principalmente as peculiaridades tão singulares de cada uma.

Contudo, ele sabia que assim que as acordasse para escola, o caos se instalaria.

Era o primeiro dia de aula após as férias de final de ano, ou seja, toda animação e empolgação natural das garotas estaria triplicada.

Afinal, elas passaram os dois últimos meses longe dos amigos, já que estavam em Campinas, na casa dos avós.

Zé sabia que dois meses naquela fase era o equivalente a anos.

Ele teve um vislumbre disso quando colocou as três para dormir na noite anterior, tarefa essa, que não foi nada fácil, tamanha era a empolgação do trio.

O homem bebeu mais um gole e sorriu, antes de sacar o celular e ligar para esposa, sabia que precisaria de apoio moral.

— Você me deixou nas trincheiras da guerra, totalmente sozinho! — Zé acusou e em troca recebeu a risada melodiosa que tanto amava.

— Sério! Uma adolescente, uma pré-adolescente e uma pseudo pré-adolescente, não tenho chances de sobreviver a isso. — Zé continuou seu lamento e do outro lado da linha a mulher ainda ria.

Então, embora não pudesse ver seu rosto, ele podia jurar que a essa altura Daniela estava revirando os olhos.

— Agora eu sei de onde veio o gene para o drama. Vai ser só uma semana... Pensa em todas as histórias de guerra que vai ter no currículo para contar depois. — Daniela resolveu entrar na brincadeira do marido.

— É sério, quando elas foram de bebês fofos ou garotinhas risonhas para isso? Temos que nos apoiar para sobrevivemos nesse território hostil durante os próximos anos. Tenho medo de como vai ser o café da manhã e todas as outras partes do dia também. — Ele confessou verdadeiramente preocupado, mas aquilo só serviu para fazer Daniela gargalhar ainda mais.

— Sabe que, no fundo, elas sempre vão ser suas garotinhas, não é? Bom, a gente sempre conseguiu dar um jeito, juntos. Sobrevivemos a voto de silêncio, Rio-São Paulo, monstros escondidos no armário, dias de chuva com trovões e a tantas outras coisas. Então, esse território hostil e desconhecido, vai ser fichinha. — A mulher tentou soar o mais reconfortante possível.

The Break-UpOnde histórias criam vida. Descubra agora