Capítulo 01 - Por Rebeca Mello

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- Eu até que estou gostando dessa festa, Beka! – Minha amiga, Alice, falou vindo me fazer companhia.

- Sim! Adoro está sorrindo a horas, em pé com esse mega salto desconfortável, usando essa roupa que não deixa espaço para imaginação e sem poder beber ou comer ao lado desse carro obscenamente caro, nessa festa maravilhosa!

Ela gargalhou da minha ironia chamando a atenção de alguns possíveis clientes para a gente. Olhei para os homens ao nosso redor e vi o que provavelmente proporia uma noite comigo, um senhor grisalho, levemente calvo, branco e barrigudo. Aí que delícia... Só que não! Ele fez um brinde silencioso com o copo de whisky que segurava na minha direção e eu acenei em resposta.

- Alguém arrumou companhia... – Ela disse se aproximando do meu ouvido e tocando em minha barriga, protagonizando uma cena bastante sensual para os tarados de plantão.

Alice é loira por opção e tem o corpo perfeito para uma modelo de eventos: estatura média, magra, mas nem tanto, pele e cabelo bem cuidados e um sorriso encantador. Já meu corpo se encaixa perfeitamente nas passarelas, ostento a anos as medidas da modelo mais famosa do Brasil, um metro e setenta e oito de altura, cinquenta e nove centímetros de cintura e oitenta e sete centímetros de quadril.  E no evento de hoje, como normalmente, eu e Alice fazemos par porque o nosso agente diz que isso valorizava o nosso “passe”, já que somos íntimas e demonstramos carinho em público, então, traduzindo, os velhos tarados enlouquecem ao ver a loira e a morena juntas.

- Acho que a gente pode arranjar algo melhor, ou pelo menos deixar a noite mais divertida... – Falei fazendo carinho no rosto dela e ela sorriu, safada.

- Será que rola um ménage? – Ela sussurrou e eu ri.

- Não me olha com esses olhos verdes que eu não resisto...

Falei me afastando dela como se estivesse afetada por sua presença, afinal é melhor um ménage com minha amiga e um velho-calvo-barrigudo do que só o velho-calvo-barrigudo. A vida de modelo que aceita fazer book rosa  não é nada fácil... E a noite seguiu como eu imaginei nesse lançamento de um carro que custa mais que o valor do meu apartamento.


***


- Oh! Vai... Me fode gostoso, vai! – Gritei fingindo prazer enquanto sentia mais a barriga do que o pinto murcho do velho.

- Vai, minha putinha! Você está gostando de ser fodida, não está?

Você não pode rir, Rebeca!

- Ah... Oh... Vai...

Hora de fingir o orgasmo e dá aquele gritinho que eles adoram.

- Isso! Oh!

Ele parou de se mexer, e eu agradeci ao universo por ter acabado. É horrível transar com quem você não sente o mínimo de atração! É horrível ser mal comida! E é horrível em níveis absurdos fingir que gostou! Ele me largou e eu me joguei na cama fingindo estar exausta após esse sexo maravilhoso... Mas não mesmo!

- Você é uma putinha bem safada, viu... – Fiz questão de corar, eu poderia muito bem ser atriz.

- Você que é muito bom. Eu não tenho tantas experiências em fazer isso, mas já tive noite horríveis...

O Plano (im)PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora